sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ANO NOVO, ANO DE BÊNÇÃO E DE PAZ, SOB O OLHAR DE MARIA, MÃE DE DEUS


No início deste novo ano de 2012, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas:

- Celebra-se a Solenidade de Santa Maria, MÃE DE DEUS: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu "sim" ao projecto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
- Celebra-se também, o DIA MUNDIAL DA PAZ: em 1968, o Papa Paulo VI propôs que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo. Hoje é o 45º DIA MUNDIAL DA PAZ, dedicado ao tema: "Educar os jovens para a justiça e para a paz".
- Celebra-se ainda o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama e que todos os dias nos oferece a sua bênção e a vida em plenitude.


Assumindo a fórmula de Bênção usada no Templo de Jerusalém para abençoar a comunidade, no final das celebrações litúrgicas, antes de o Povo regressar a suas casas, façamos nossa esta oração:

"O Senhor nos abençoe e nos guarde!
O Senhor faça brilhar sobre nós a Sua face e se compadeça de nós!
O Senhor volte para nós o Seu rosto e nos dê a Paz".

A Bênção de Deus é sempre uma garantia da Sua presença e uma fonte de paz!



45º DIA MUNDIAL DA PAZ: "Educar os jovens para a justiça e para a paz".
Durante as festas de Natal, ouvimos com frequência a palavra "Paz". Maria é apresentada como Aquela que gerou o "Príncipe da Paz". A Igreja lembra-nos desde o primeiro dia do ano, que a paz anunciada pelos anjos em Belém, é possível... PAZ no coração, na família, na vizinhança, na comunidade, no trabalho...

O Papa, na sua mensagem, aborda uma questão urgente:
"Escutar e valorizar as novas gerações na realização do bem comum e na afirmação de uma ordem social justa e pacífica, na qual possam ser plenamente manifestados e realizados os direitos e liberdades fundamentais do ser humano". (Bento XVI)

Mais um ano... que começa...
* Que o novo ano seja para todos, m ano cheio de Paz e Prosperidade, com todas as bênçãos de Deus!...
* Que, como os Pastores e os Magos, sejamos missionários intrépidos e destemidos d’ Aquele que acampou no meio de nós e é Luz, Verdade, Caminho e Vida para toda a humanidade!

Feliz Ano!

P. Agostinho

sábado, 24 de dezembro de 2011

NATAL HOJE – NATAL 2011



- Dizem-me que já não existe Natal,
   porque os subsídios são escassos
   e as contas bancárias andam pelo negativo
   Mas eu sei que é possível armar um presépio,
   quando apenas se tem o que se veste,
   como aconteceu com Francisco de Assis
   e como acontece com tanta gente
 que se veste de brancura…

- Dizem-me que o Natal é um mito
   para entreter crianças e poetas,
   uma espécie de nave para astronautas sem carga.
   Mas eu sei que o Natal é fogueira na noite fria:
   esse fogo que se faz amor e ternura;
   essa labareda que orienta os perdidos na noite;
   essa luz que se desdobra em clarão e candeia
   - lâmpada altiva ou humilde lamparina…

- Dizem-me que o Natal é mentira,
 porque esse Jesus
 é piedosa memória dos primeiros cristãos
 ou uma bela invenção de Paulo…
- Mas eu sei, digam o que disserem,
   que Jesus está vivo e é uma Paixão;
   e uma paixão não pode durar dois mil anos!..
- Mas eu sei, mesmo quando é noite,
   que Jesus está vivo
   e é o “Guardião de nossas vidas”,
   à espera que desponte a Alvorada...

- Mas eu sei, mesmo quando não é Natal,
   que Jesus nasceu para todos
   e é o Salvador universal…
- Mas eu sei e, hoje, porque é Natal,
   que o “Menino de Belém” está aí,
   como “Rei e Senhor do Universo”:
   Uma Eternidade que se faz Criança;
   Uma Palavra que se faz “carne”;
   Um Deus que se veste de peregrino…

E, à volta,
   há anjos que cantam “Glória”;
   há pastores que tocam o Essencial;
   há um José que aprofunda o Mistério;
   e uma Virgem vestida de silêncio e alegria…

E eu, nesta sinfonia,
     apenas sei dizer: “Glória e Paz!...”

                              P. Manuel Nóbrega, CM

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Feliz Natal!


NATAL DO AMOR E DA JUSTIÇA




Nesta época do ano somos mais propensos à saudade e sentimos a ausência de certas pessoas mais próximas e de valores significativos da nossa dignidade humana. Isto quer dizer que o Natal, tanto para quem acredita que a criança cujo nascimento recordamos, Jesus Cristo, é Deus conosco, mas também para quem é indiferente ou agnóstico, faz parte do nosso património coletivo e, direta ou indiretamente, desperta em nós algo que tem muito a ver com o seu verdadeiro sentido.

O amor tem sempre uma dimensão transcendente

Em primeiro lugar, todos temos necessidade de ser amados e amar, com tudo o que isso implica. Mas também sentimos os limites e fragilidades do amor que depende apenas da liberdade de cada pessoa. O amor tem sempre uma dimensão transcendente, a que podemos chamar de divina. Os cristãos afirmam que o amor vem de Deus e foi derramado nos nossos corações. Se da nossa parte é frágil e, por vezes, infiel, da parte da sua origem é infinito e fiel. Esta fidelidade do amor de Deus torna-se visível no nascimento de Jesus Cristo, na sua vida e no dom da sua vida. Esta certeza e comunhão com ele dá consistência às nossas relações profundas no mundo em que estamos inseridos, sendo a família a primeira concretização desse amor fiel. Por isso o Natal tem muito a ver com família, não apenas a família de Nazaré, mas também a nossa. Quem vê a sua família destroçada, a sofrer com problemas de saúde, de entendimento ou de subsistência, anseia por uma realidade diferente.

Dar a cada um o que lhe compete

Natal tem a ver com a família, com o amor, mas também com a justiça e a reparação das injustiças. Não se trata apenas da justiça dos tribunais, que funcionam mal, são dispendiosos e pouco acessíveis aos pobres, que por vezes prescindem de reclamar que lhes seja feita justiça. Mas é sobretudo no sentido de dar a cada um o que lhe compete e da reparação dos males irremediáveis, que as cadeias não conseguem fazer, que a humanidade geme e anseia pela justiça e pela paz entre os povos, as famílias, os grupos e as pessoas. Também neste sentido o Natal vem colmatar este desejo profundo do ser humano. Jesus vem curar as nossas feridas e reconciliar quem o acolhe com Deus, os seus semelhantes e a natureza. É desta justiça e harmonia entre todos os seres que fala a Sagrada Escritura, com imagens muito fortes no profeta Isaías, cuja leitura nos acompanhou durante o tempo de Advento, as quatro semanas antes do Natal.

Mais solidários uns para com os outros

É este Natal do amor a partir da família e da justiça que desejo para todos os diocesanos e amigos, sobretudo para aqueles que mais sentem a sua falta. Espero que a celebração deste Natal de 2011, olhando para o Menino Jesus, a manifestação do amor fiel e salvador de Deus para com a humanidade, fortaleça os crentes no amor, na concórdia e na comunhão familiar, nos torne mais solidários uns para com os outros, torna a nossa justiça mais célere e verdadeira, para evitar o pleonasmo de dizer justa, e dê um forte impulso à nossa esperança, para vencermos os medos, o desânimo e a crise. 



 Deus não nos livra das dificuldades, mas dá-nos força e sabedoria para as superarmos

Da minha parte acredito que iremos sair vencedores, tornando-nos mais unidos, solidários, corajosos e justos ao longo de 2012, que muitos vaticinam de mais difícil que 2011. Como dizia um jovem no encerramento dum convívio fraterno em Beja, Deus não nos livra das dificuldades, mas dá-nos força e sabedoria para as superarmos. É isso que eu acredito e peço para todos. Ao partilhar esta fé e convicção desejo a todos um Natal cheio de amor e carinho e um novo ano repleto da sabedoria, coragem e fidelidade semelhante à de Jesus, que para nós nasceu pobre, viveu fazendo o bem a todos sem acepção de pessoas e doando a sua vida para salvação de todos, para que, assim como ele fez, façamos nós também.

† António Vitalino, Bispo de Beja


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Encontro para Animadores da Comunidade,



Em Santiago de Cacém, a 21 de Janeiro

No próximo dia 21 de Janeiro, das 10h00 às 17h00, no Salão Paroquial de Santiago de Cacém, vai acontecer um Encontro de Animadores da Comunidade, aberto a toda a Diocese de Beja, e a todos aqueles que são chamados a animar um grupo ou uma comunidade.
É um encontro dinamizado pelo Secretariado Diocesano das Missões e contará com a presença do P. Carlos César Mendes, CM, e de D. António Vitalino. Em muitas terras da nossa Diocese, há mais tempo ou recentemente aconteceram Missões Populares. Desse momento extraordinário, nasceram as Assembleias Familiares, com animadores e participantes, e que ao longo dos anos foram dinamizando estes grupos de partilha, de reflexão e oração.
Para estes animadores e para todos os outros que, nas suas comunidades têm o serviço de animar e orientar os grupos e assembleias, queremos proporcionar este momento de estudo e experiência para que possam, cada vez melhor, desempenhar bem este ministério.
Após o acolhimento e breve oração, será apresentado o tema “Ser Animador: um serviço para a comunidade”. Todos temos ou fazemos ideia do que é animar. Mas, por vezes, falta-nos a ‘alma’, e esquecemo-nos da missão de moderador, de motor e de comunicador. Estas e outras reflexões ajudar-nos-ão a animar e a servir melhor.
Após o almoço, que é partilhado, haverá trabalho de grupos, que culminará com um plenário e partilha. Pelas 16h00, o Bispo Diocesano, presidirá à Eucaristia, com a qual se encerra este primeiro encontro de Animadores.
O Secretariado Diocesano das Missões e o serviço da Missão Popular Vicentina, com este instrumento de trabalho, pretendem revitalizar as Comunidades da Missão, formar Animadores de Assembleias nos lugares onde o sacerdote não pode estar presente, animar todos aqueles que se sentem missionários e que querem viver este desafio nas comunidades em que estão inseridos.
Agradecemos a sua presença. Animador, com ‘anima’, vive e faz viver! Convide alguém que, mais tarde ou mais cedo, pode exercer este serviço, pois tem disponibilidade e tem características para ser um bom animador. Não desperdice ou ignore esta oportunidade! Vai valer a pena participar! Contamos consigo!
P. Agostinho Sousa, CM



PROGRAMA
10h00 – Acolhimento
10h15 – Oração de louvor
10h30 – Saudação e Apresentação dos participantes
- Palavra do Senhor Bispo
10h45 – Tema: O Animador de Comunidade (P. Carlos César)
11h30 – Intervalo
11h45 – Diálogo e Testemunhos
12h30 – Almoço partilhado
14h00 – Experiência de animação de comunidade
15h00 – Partilha/plenário
15h30 – Preparação da Eucaristia
16h00 – Eucaristia Vespertina
17h00 – Envio

sábado, 3 de dezembro de 2011

DIMENSÃO MISSIONÁRIA DA IGREJA DIOCESANA DE BEJA


“Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova a todos os povos” (Mat 28).
“Toda a Igreja é missionária, a obra da evangelização é dever fundamental do Povo de Deus” (AG. 1).
“A Igreja é por sua natureza missionária, porque o mandato de Cristo não é algo de contingente e exterior, mas atinge o próprio coração da Igreja” (RM 62).


Que passos vamos dar?

O Secretariado Diocesano das Missões (SDM), que está a ser constituído e, brevemente, será nomeado, propõe-se “despertar a consciência Missionária” nas terras da diocese de Beja, tendo como base a Palavra de Deus e os documentos da Igreja, nomeadamente a Evangelii Nuntiandi, a Redemptoris Missio e a Carta Para um Rosto Missionário da Igreja, em Portugal.
- Como partir em missão/fazer missão no lugar onde estamos? Como ser missionário na vida quotidiana?
- O que fazer para tornar este nosso mundo um lugar mais solidário e fraterno? Como continuar a missão que Jesus nos entregou?
São questões às quais se pretende dar algumas respostas. Mas para isso, precisamos e contamos com a ajuda de todos e de cada.

Porquê e como?

“Chegou (…) a hora da Diocese (...) se lançar na missão para além das suas fronteiras. É verdade que nós próprios temos ainda necessidade de missionários, mas devemos dar da nossa pobreza” (cf. Puebla, 368).
Portanto, as nossas comunidades eclesiais, apesar de sobrecarregadas com tarefas e muitas vezes contando com escassos recursos, devem “dar da sua pobreza” para a evangelização ‘ad gentes ou para as missões em outras regiões. Uma Igreja local não pode esperar atingir a sua plena maturidade eclesial e, só então, começar a preocupar-se com a Missão para além do seu território. A maturidade eclesial é consequência e não apenas condição de abertura missionária.

Objectivos e dinâmicas

- Enviar missionários/as (leigos) para regiões missionárias “ad intra” e até além das nossas fronteiras, “ad extra” e “ad gentes”.
- Fomentar o “ardor missionário” em todas as paróquias, seminários, grupos e movimentos, despertando a consciência dos sacerdotes, religiosos/as e leigos e o seu compromisso como baptizados.
- Nas paróquias, promover acções concretas de missão que nos façam ir ao encontro dos “afastados”.
Linhas de acção
- Fazer encontros de formação e animação missionária (paróquia/zonas/arciprestados).
- Divulgar a mensagem e testemunhos missionários através de todos os meios de comunicação da Diocese (Notícias de Beja, jornais ou folhas paroquiais, página da Diocese, página do SDM/OMP).
- A partir dos encontros de Animação Missionária, criar Grupos Missionários nas Paróquias GMP (carta dos Bispos, nº 21).
- Participar nas actividades de dimensão missionária, na Diocese, nos Institutos Missionários (ANIMAG, Missões Populares) e nos Encontros de âmbito nacional (Jornadas)

Estratégias e caminhos

- Despertar nos sectores da vida paroquial e diocesana, através de encontros de formação missionária, pessoas para o trabalho de organização e animação dos Grupos Missionários nas Paróquias (GMP)
- Preparar e celebrar a Campanha Missionária do mês de Outubro, através da formação de agentes e da distribuição dos materiais das OMP, bem como celebrar e dar a conhecer os Patronos das Missões.
- Promover, continuar e revitalizar o trabalho das Missões Populares e o intercâmbio missionário entre as paróquias.
- Apoiar e incentivar a Infância Missionária nas paróquias.
- Realizar celebrações de envio missionário.
- Promover e animar férias missionárias na Diocese ou fora dela (jovens)
- Fazer um levantamento dos Institutos, Congregações e Ordens presentes na Diocese e seu carisma
- Fazer um levantamento dos Grupos de Leigos Missionários a trabalhar na Diocese, Instituto a que estão ligados, seus responsáveis e actividades
- Fazer um levantamento de todos os Missionários, nascidos no território da Diocese e em Missão noutras paragens
- Criar, na internet, uma página de âmbito missionário
- Promover um encontro anual missionário (Jornada) para toda a Diocese

Um desafio permanente e urgente

Todos sentimos esta urgência do Evangelho, do “Ide…”, do testemunho. É um desafio para toda a Igreja, para a nossa Diocese.
Há paróquias que estão a dar passos para uma consciencialização para esta realidade. Algumas, nomeadamente nos Arciprestados de Santiago do Cacém e de Odemira já trabalham esta dimensão. Outras, preparam-se para o fazer, calendarizando Missões Populares (S. Teotónio, Sabóia e Santa Clara a Velha, Cercal do Alentejo, Boavista dos Pinheiros - Odemira, Santo André).
Ainda, em Santiago do Cacém, no dia 21 de Janeiro, das 10h às 17h, para Animadores das Assembleias Familiares e outros Animadores, realiza-se um encontro de Formação. Também em Almodôvar e Santa Clara a Nova, em 15 de Janeiro, está prevista uma acção de sensibilização missionária.
Crianças e jovens, adultos e anciãos, de todas as idades e nas mais diversas circunstâncias, todos podem ser missionários, dar à sua vida a dimensão missionária. Todos estamos convocados para a Missão!

Santiago do Cacém, 3 de Dezembro, dia litúrgico de S. Francisco Xavier
P. Agostinho Sousa, CM

sábado, 26 de novembro de 2011

Maria, Modelo dos que esperam a vinda do Senhor

Maria pertencia àquela parte do povo de Israel que na época de Jesus esperava com todo o coração a vinda do salvador.
Pelas palavras, pelos gestos narrados no Evangelho, podemos ver como realmente Ela vivia imersa nas palavras dos Profetas, estava inteiramente à espera da vinda do Senhor. Contudo, não podia imaginar como teria sido realizada esta vinda.


Talvez esperasse uma vinda na glória. Muito surpreendente foi para ela o momento em que o Arcanjo Gabriel entrou na sua casa e lhe disse que o Senhor, o Salvador, queria encarnar-se no seu ventre, por ela e através dela, queria realizar a sua vinda. Podemos imaginar a trepidação da Virgem Maria com um grande acto de fé, de obediência, diz sim: "Eis a escrava do Senhor". E assim, tornou-se "morada" do Senhor, verdadeiro "templo" no mundo e "porta" através da qual o Senhor entrou na terra.

Para esta vinda de Cristo, hoje, que poderíamos chamar "encarnação espiritual", o arquétipo é sempre Maria. Como a Virgem Maria conservou no seu coração o Verbo que se fez carne, assim cada alma e toda a Igreja são chamadas, na sua peregrinação terrena, a esperar Cristo que vem e a acolhê-lo com fé e amor sempre renovados.

Ó Maria,
Virgem da expectativa e Mãe da esperança,
reaviva em toda a Igreja o espírito do Advento,
para que a humanidade inteira
volte a pôr-se a caminho rumo a Belém,
onde veio e onde virá de novo para nos visitar o Sol que nasce do alto (cf. Lc 1, 78),
Cristo nosso Deus.
Amém.

Bento XVI

sábado, 19 de novembro de 2011

D. António Couto é o novo bispo de Lamego


Bento XVI nomeou como novo bispo de Lamego D. António Couto, até agora auxiliar de Braga, revelou a Nunciatura Apostólica [embaixada da Santa Sé] em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
O prelado, de 59 anos, substitui no cargo D. Jacinto Botelho, bispo de Lamego desde o ano 2000, que apresentara a sua renúncia ao Papa por ter atingido o limite de idade imposto pelo direito canónico (75 anos), em 2010.
“Saúdo e abraço a bela, antiga e ilustre Diocese de Lamego, todos os filhos e filhas de Deus que nela levantam as mãos e o coração para Deus, desde os mais pequeninos até aos mais idosos, todos e todas as comunidades e paróquias, com os/as seus/suas catequistas, cantores, acólitos, leitores, zeladoras, confrarias, movimentos, ministros da comunhão, animadores da caridade, seminaristas, institutos religiosos e seculares, diáconos, presbíteros, serviços e secretariados, colégio de consultores e cabido da Sé Catedral, e o meu querido amigo e irmão no episcopado, D. Jacinto Tomás de Carvalho Botelho, a quem saúdo com particular afecto”, assinala o novo bispo, na mensagem que endereçou à diocese.
D. António Couto vai marcar presença, este domingo, na celebração do Dia da Igreja Diocesana, em Lamego.
O prelado deixa uma palavra de “afecto e gratidão” à diocese de Braga, em particular ao arcebispo D. Jorge Ortiga e a D. Manuel Linda, bispo auxiliar.
D. António José da Rocha Couto nasceu a 18 de Abril de 1952 em Vila Boa do Bispo, concelho de Marco de Canaveses, distrito e diocese do Porto.
A 2 de Outubro de 1963 entrou no Seminário de Tomar, da Sociedade Portuguesa das Missões Ultramarinas, hoje Sociedade Missionária da Boa Nova, na qual foi ordenado padre, em 1980.
Em Roma, na Pontifícia Universidade Urbaniana, obteve a licenciatura canónica em Teologia Bíblica, em 1986, e em 1989 o respectivo doutoramento, depois da permanência de cerca de um ano em Jerusalém, no ‘Studium Biblicum Franciscanum’.
No ano lectivo de 1989-1990 foi professor de Sagrada Escritura no Seminário Maior de Luanda, antes de regressar a Portugal, onde é professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
O novo bispo de Lamego foi reitor do Seminário do Seminário da Boa Nova, de Valadares, de 1996 a 2002, ano em que foi eleito Superior Geral Sociedade Missionária da Boa Nova.
D. António Couto ocupou este cargo até à data da sua ordenação episcopal, em 23 de Setembro de 2007, após ter sido nomeado, por Bento XVI, bispo auxiliar de Braga.
Membro da Congregação para a Evangelização dos Povos desde 2004, o prelado é presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização.
O bispo de Lamego é também colaborador regular do Programa ECCLESIA (RTP2), da Igreja Católica, desde 2003, na sua qualidade de biblista.
Com uma população de 144 mil pessoas e mais de 143 mil católicos, a diocese de Lamego, no distrito de Viseu, conta com mais de 220 paróquias e tem uma história que remonta ao século VI.

In Ecclesia, 19N0v2011 OC

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Carta de Mértola



“Deixa a tua terra...”

“Deixa a tua terra, a tua família, a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar”. Lemos estas palavras, no capítulo doze do Livro do Génesis.
Também deixei!... Também parti para uma terra que desconhecia, depois de um ano sabático turbulento quanto à saúde. Por Deus e com os cuidados humanos, retomei a caminhada na estrada da vida e do serviço dos irmãos.


Cheguei a Mértola na última tarde de Setembro. O sol ainda queimava. Baforento, silencioso, lavado e airoso, foi-se despedindo de nós, lá longe, na planura ondulada deste
Baixo Alentejo. A Vila, bem encrustada e alcandorada na rocha, continua a ser beijada pelo rio Guadiana, navegável até à foz.
Neste promontório basáltico e xistoso, formado há milhões de anos, moraram quatro civilizações, desde a Idade do Ferro até aos nossos dias!
Lida a “provisão” do senhor Bispo de Beja, na Eucaristia do domingo, dia 2 de Outubro, tomei posse das dez paróquias dispersas pelo concelho de Mértola. O número de fiéis pouco ultrapassava a centena. Não houve pompa nem multidão. Houve simplicidade, oração, palmas e circunstância. Esta nova missão pesa sobre mim e o meu colega, já mais conhecedor da realidade.
Neste concelho com 1.279 quilómetros quadrados, vivem 7.200 pessoas, segundo o censo de 2011, espalhadas por freguesias-paróquias, serros e serrinhas (montes e colinas). E vou pensando: A Vila da Caranguejeira, com 28 quilómetros quadrados, tem quase esta população!
Em Angola, na minha primeira missão, com 28 mil quilómetros quadrados, a população rondava este mesmo total!... Em 1969!
Tradicionalmente, todos são baptizados.
A prática religiosa como em tantas outras terras mais privilegiadas, fica um pouco distante do baptistério e da porta principal da igreja!...

Por onde começar? Para já, ver, estudar, conhecer e seguir as pegadas dos meus antecessores, que, animados pela coragem e dedicação, deixaram sinais positivos de evangelização e zelo pela conservação da casa de Deus - igrejas e capelas. Falo de templos construídos em 1758, 1791 e por aí adiante... No seu interior albergam pinturas em madeira e tela, colunas, capitéis, altares e imagens, tão antigas como a casa onde moram.
Encontrei um povo bom, acolhedor, generoso e com coração de carne, embora envelhecido.
Há catequistas, leitores, cantores, comissão para os assuntos económicos e muito bom voluntariado, sobretudo na Vila. Nas aldeias, embora dispersas e distantes, além do cemitério, há a pequena casa mortuária, propriedade da Junta de freguesia, saneamento, água ao domicílio, telefone, electricidade e internet; escolas primárias, umas abertas e outras fechadas, por falta de crianças; as ruas e largos têm piso asfaltado e com paralelos.
Podemos afirmar que, neste concelho, há boa qualidade de vida. Não há poluição sonora, nem fabril nem pressa. A limpeza é visível. A brancura das casas, também. O ar é puro. O horizonte é vasto, variado e rico. Aqui, todos nos damos os bons dias, boas tardes e boas noites, conhecidos ou desconhecidos.
Não há superfícies comerciais. Só o comércio a retalho. Isto é qualidade de vida!... As ligações rodoviárias, embora estreitas estão bem conservadas, asfaltadas e sinalizadas. Porque o trânsito é pouco, conseguimos palmilhar muitos quilómetros em pouco tempo.
A nível de pastoral, temos dois obstáculos a ultrapassar e a concretizar: Novo espaço para o culto e nova residência paroquial.

As celebrações fazem-se na antiga mesquita que, no século XII, se tornou espaço cristão. A residência, situada na parte histórica da Vila, não é de fácil acesso. A igreja matriz está em área arqueológica e turística, junto do castelo! Aqui residem os mortos!
Hoje, os vivos moram na parte nova da Vila, onde os romanos enterravam os seus mortos! Para sermos sinal e fermento, devemos estar onde está a massa humana!
Ou será que isto é mero sonho de quem chega de novo?
Pensando que a Vila, sobretudo a parte nova, é, hoje, o centro jurídico, comercial, escolar, médico, bancário, policial, feireiro, lúdico...também aqui, a igreja templo tem o seu papel de sinal, apelo, silêncio formação e celebração. É tempo de dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Pelo sonho é que vamos!... Aqui também há muitas sementes de fé, cobertas pela cinza do tempo! Que o Senhor da messe nos dê o discernimento necessário, para sabermos soprar sobre estas cinzas. Assim as brasas aceitem!....

João Mónico, Missionário Espiritano
(in Notícias de Beja)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

S. Teotónio recebe missionárias espiritanas


No dia 30 de Outubro, a encerrar a semana de oração pelas missões, na Eucaristia dominical na igreja matriz de S. Teotónio, o Bispo de Beja, em concelebração com o pároco, Pe. Abílio, e com o provincial da Congregação do Espírito Santo, Pe. José Manuel, apresentou à paróquia a nova comunidade de Missionárias Espiritana, formada pelas Irmãs Maria Emília de Matos Vitorino, superiora, Maria da Ascensão Marques Lourenço e Maria Gorete Vaz Correia, que irão residir na casa deixada pelo Pe. Ximenes à paróquia, em Zambujeira do Mar.
Participou também todo o Conselho Provincial das Espiritanas em Portugal com a Provincial, Irmã Fátima Gama.
Na homilia o Bispo realçou a necessidade de uma nova evangelização no Alentejo, que exige também novos missionários e missionárias. Daqui partirá o novo relançamento missionário da diocese, na sequência de D. José do Patrocínio Dias e seus sucessores, com o ardor de grandes colaboradores, como foi o Pe. Ximenes neste concelho de Odemira.
A semana dos seminários, que começa a 6 de Novembro até 13, vem lembrar-nos esta necessidade vital da Igreja com o título de Formar pastores consagrados totalmente a Deus e ao seu povo.
Mas pastores que saibam colaborar com os leigos e os novos carismas e comunidades, pois o ministério ordenado é para servir e não para ser servido.
Para além da presença e do testemunho comunitário das Irmãs, as missões irão ser preparadas durante o mês de Novembro, sob orientação do Pe. Agostinho, da Congregação da Missão, e do Bispo, indo semear para o campo de missão já no mês de Dezembro, a começar por Sabóia, a paróquia mais a sul do concelho de Odemira, que se estende até às fraldas da serra de Monchique.
Seguiu-se um almoço partilhado nas instalações do Centro paroquial e depois a bênção da nova residência da comunidade religiosa em Zambujeira.
António Vitalino, bispo de Beja
In Notícias de Beja

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Natal: «Presentes Solidários» 2011 chegam ao Sudão do Sul


A Fundação Fé e Cooperação (FEC) deu hoje início à campanha 2011 dos “Presentes Solidários”, iniciativa natalícia habitualmente dedicada aos países lusófonos, que este ano reverte ainda a favor do recém-formado Sudão do Sul.
De acordo com um comunicado enviado à Agência ECCLESIA, para o mais jovem país africano vão seguir “materiais escolares” que visam preencher necessidades de aprendizagem de 240 alunos da escola primária Daniel Comboni, inaugurada há cerca de um ano.
Numa região em que a economia assenta sobretudo na criação de gado e na agricultura, a campanha prevê ainda a oferta de uma vaca à tribo Mundari de Tali Payam.
No total, estão disponíveis “10 presentes solidários para apoiar nove países”, ao nível da “educação, saúde, alimentação e apoio social”.

“A sua compra, feita em nome de um amigo, colega ou familiar seu, será um motivo de esperança para a vida de tantos homens, mulheres e crianças que nestes países enfrentam situações adversas a um desenvolvimento justo e sustentado”, realça a FEC.
Os participantes têm a possibilidade de enviar uma “manilha de água” para Angola, para ajudar populações desfavorecidas que não têm acesso a água potável; e financiar a “formação musical” de dezenas de crianças e jovens em Cabo Verde, presente “indispensável para a sua reintegração social e familiar”.
Quem quiser pode também oferecer uma “maleta de medicamentos” a milhares de crianças e mulheres grávidas da Guiné-Bissau; uma “caixa de costura” para mães desempregadas de Timor-Leste; manuais escolares e livros para jovens de Moçambique e kits de higiene pessoal para crianças de São Tomé e Príncipe.
No Brasil, o projeto “Dar a Duplicar” centra-se nas crianças “vítimas de pobreza extrema e negligência parental” – 40 crianças do Bairro de Santa Rafaela, no Estado de Minas Gerais que, a partir da generosidade das pessoas, poderão ter acesso a duas refeições diárias.
Em Portugal, a campanha “Presentes Solidários 2011” reverte a favor da compra de “manuais e material didático” indispensáveis às atividades de formação para voluntários que a FEC promove anualmente.
Só este ano, “foram mais de 300 aqueles que abraçaram o desafio da missão”, sublinha a organização, criada em 1990 pela Conferência Episcopal Portuguesa e Institutos Religiosos, no âmbito dos 500 anos da Evangelização das Igrejas Lusófonas.
A compra dos “Presentes Solidários” pode ser feita online e a partir dessa etapa, o dinheiro segue para os parceiros da FEC no terreno, que “farão a compra e a entrega dos bens a quem deles mais precisa”.
Cada participante recebe um postal ilustrativo do presente que enviou, que depois poderá oferecer, na altura do Natal, a colegas, familiares e amigos.

JCP
Fonte - Ecclesia

XII Fórum Ecuménico Jovem em Lisboa


A alegria do dar e receber


‘Recebeste de graça, dá de graça’ foi o lema do XIII FEJ realizado a 5 de Novembro no Colégio S. João de Brito, em Lisboa. A organização foi da responsabilidade dos Departamentos de Pastoral Juvenil das Igrejas Católica, Lusitana, Metodista e Presbiteriana.
Como pano de fundo esteve a celebração do Ano Europeu do Voluntariado, evento que motivou a escolha do lema e dos temas dos workshops.
Tudo começou com um jogo de pistas para proporcionar um melhor conhecimento dos outros jovens e reflectir sobre o mundo de hoje e os desafios que são lançados às novas gerações. No fim do caminho, os cerca de 220 jovens pararam na ‘Tenda do Encontro’, um espaço de oração ao jeito de Taizé que esteve aberto todo o dia. Ali puderam escrever um compromisso que levaram para a Celebração.
A grande Celebração Ecuménica fez concluir a manhã com chave de ouro. O canto, a Palavra de Deus e o testemunho passaram pelo grande auditório. Após um longo momento de intercessão, esta Oração terminou com a fixação, numa longa faixa de papel de cenário, dos compromissos que os jovens escreveram na Tenda do Encontro.
O almoço foi partilhado e abriu um grande espaço de confraternização. Os workshops permitiram aos jovens encontrar testemunhos de voluntariado em instituições e grupos que apoiam pessoas excluídas ou fazem missão: Leigos para o Desenvolvimento, Pastoral Prisional, Irmãzinhas dos Pobres (Idosos), Jovens Sem Fronteiras, Juventude Hospitaleira, Comunidade de Sant’Egídio, Banco Alimentar contra a Fome, Loja Social, e XPTO – Voluntariado Escolar.
O momento final foi de festa, com o Concerto-Espectáculo, dirigido pelo Carlos Pedro e pelo Carlos Garcia, onde se misturaram as 18 músicas do II CD Ecuménico Jovem com apresentações criativas e testemunhos de jovens das Igrejas organizadoras.
O Marcador de Livros, entregue no fim do FEJ, obrigou os jovens a levar para casa a mensagem bíblica das Obras de Misericórdia: ‘Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes’.

Tony Neves

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Onda missionária em Almodôvar

Nem a chuva fez desistir a comunidade de Almodôvar, Alentejo, do acontecimento em agenda. O último domingo, e também último dia, do mês de Outubro – o mês missionário – foi mesmo dia de celebração com particular acento missionário.
A comunidade deixou a sua igreja, espaço habitual para a celebração dominical, e veio até à central de camionagem para ali viver a festa missionária. Todo um gesto carregado de simbolismo vivido no lugar onde chegam e de onde partem tantas pessoas que no dia a dia por ali passam de autocarro. Naquele lugar foi celebrada a eucaristia, seguida de feira missionária e almoço partilhado.
Pretendia-se pôr a comunidade em onda com a reabertura da missão em Kaungula, Angola. Trata-se de uma missão que ficou praticamente destruída com a guerra e que agora os Missionários do Verbo Divino fazem todos os esforços para abrir de novo.
E foi bonito de ver a comunidade cristã de Almodôvar nesta onda. São estes sinais que nos dão ainda mais força para caminhar. Realmente uma comunidade cristã voltada para si mesma não tem nada de cristã; seria como a semente que fica em casa e que nunca poderá dar fruto.
P. António Leite, svd

Ser missionário: dar para receber e crescer – Nota do Bispo de Beja

As comunidades cristãs são hoje desafiadas a ser mais missionárias que nunca, pois à sua volta há muitas pessoas e famílias que já não beberam essa semente com o leite materno. E se não o fizerem, elas mesmas acabarão por estiolar e fenecer.
A verdade liberta-nos, assim ouvimos dizer muitas vezes. Mas o que é a verdade e onde encontrá-la? A pergunta de Pilatos a Jesus ficou sem resposta. Também hoje fica muitas vezes sem resposta, ou, quando alguém pretende responder, dificilmente é bem sucedido, sobretudo se fica no jogo de palavras e conceitos.
Nesta breve nota vou tentar uma aproximação por outra via, a do testemunho pessoal, a do encontro com o outro e os outros, numa atitude de escuta, abertura, atenção e serviço de partilha de vida.
Hoje em dia, fala-se de comunicação e educação interactiva, de interagir, pois ninguém tem paciência para ser apenas ouvinte passivo, para ver apenas um programa ou ser aluno de um só professor. Já Sócrates, o filósofo grego, conhecedor da mente e das capacidades do ser humano, usava uma pedagogia interactiva, aquilo a que se convencionou chamar a maiêutica socrática, arte de comunicação que ajuda o aluno a dar à luz o conhecimento, a verdade, uma espécie de parto do saber.

Este método é ainda mais necessário para a abertura ao dom da fé e seu crescimento na vida do crente. Aqui se aplica a máxima que é dando que se recebe, que há mais felicidade em dar que em receber. Este princípio está bem explícito na mensagem papal para o Dia Mundial das Missões deste ano, que ocorreu a 23 de Outubro e tem por lema: assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós (Jo 20, 21). Nela Bento XVI afirma que o anúncio incessante do Evangelho vivifica a Igreja, o seu fervor, o seu espírito apostólico, renova os seus métodos pastorais, a fim de que sejam cada mais apropriados às novas situações. E cita a encíclica do Papa João Paulo II, Redemptoris Missio, nº 2: A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade cristã, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece.
Nestas palavras está detectada a raiz da frouxidão e indiferença da nossa vida cristã na Europa, no país, na diocese, nas paróquias e nas famílias. Muitos pais já não transmitem aos filhos os seus valores e muito menos a fé. Relegam essa responsabilidade para outros, mas sem os apoiar. Só marcam presença na igreja, na escola e noutros anfiteatros para interferir na sua ação por motivos de comodidade e não por convicções profundas. Assim nem educam nem deixam educar.

Há poucos dias uma mãe, sem o dom da fé cristã, comunicava-me o seu espanto pelo fato de uma das suas filhas ter pedido o baptismo como adulta, para si e uma filha. Alguém deve ter semeado o germe da fé no seu coração. As comunidades cristãs são hoje desafiadas a ser mais missionárias que nunca, pois à sua volta há muitas pessoas e famílias que já não beberam essa semente com o leite materno. E se não o fizerem, elas mesmas acabarão por estiolar e fenecer.
Todos discípulos e missionários
A Igreja é por sua natureza missionária (Vaticano II, Ad gentes, 2). Esta é a sua profunda identidade. Ela existe para evangelizar (Paulo VI, Evangelii nuntiandi 14). Esta missão envolve todos os baptizados, tudo e sempre. A fé é um dom a partilhar, uma boa notícia a comunicar, diz o Papa na mensagem.
Claro que cada um tem o seu modo de comunicar e de testemunhar. Podemos colaborar de muitas maneiras, com ritmos, tempos e espaços diversos, mas actuamos sempre como um corpo solidário, em que todos os membros são necessários para o bem de todo o organismo. A celebração do Dia Mundial das Missões vem lembrar-nos a urgência de todos colaborarmos na missão, na transmissão e testemunho da fé.
Atendendo à mutação cultural em que estamos envolvidos, a nível global, temos também de adaptar os nossos métodos missionários. Mas ninguém se pode excluir. Ai de nós se não evangelizarmos! Seremos culpados do desnorte das novas gerações, que têm dificuldade em descobrir as razões profundas e o sentido das suas vidas. Como diz a referida mensagem papal, o anúncio do Evangelho é o serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade e a cada pessoa. Por isso convençamo-nos que ser missionários, testemunhas da fé, é um bem para nós próprios e para os outros.
A Igreja em Portugal está empenhada em repensar em conjunto a sua vida e missão. A simples mudança de estruturas não resolve o problema. Temos de descobrir novas linguagens, renovar os métodos de evangelização e comunicação e sobretudo apaixonarmo-nos pela pessoa de Jesus Cristo, para d’ Ele sermos testemunhas. Neste novo ano pastoral iremos tentar algumas novas experiências de missão na diocese. Mas não esqueçamos que todos temos de ser missionários.

† António Vitalino, Bispo de Beja