Entrevistas CDM

Ser Missionária Leiga

Uma das características da Missão renovada é a participação de missionários leigos. Nos últimos 20 anos muitos foram aqueles e aquelas que, por mais de uma vez, fizeram parte de equipas missionárias. Alguns desses missionários, só a doença ou a idade, impediram com que continuassem a “ir em missão”. Continuem em missão permanente, com a sua oração, as suas dores, a sua entrega total.

Este ano, fizeram-se várias Missões. Uma das missionárias, em Maio último, fez a sua 12ª Missão Popular. Numa pequena entrevista, quisemos saber quem é a missionária leiga e como descobriu a sua vocação missionária.

Missão Popular Vicentina (MPV) – Para a página das Missões Populares Vicentinas trace um pequeno retrato de quem é e do seu curriculum vitae?
Henriqueta Varela (HV) – Sou a Maria Henriqueta Vieira da Luz Varela, natural da Ponta do Sol, Ilha da Madeira. Com 20 anos saí da ilha e vim viver para Lisboa. Arranjei um emprego na Segurança Social. Fui trabalhadora estudante, tirei um curso e fui trabalhar para a antiga Mitra, hoje, Lar da terceira idade. Reformei-me. Com bastante tempo disponível, inscrevi-me no Voluntariado e nas Missões Populares.



MPV - Desde 2006 que participa em Missões Populares. Como aconteceu ser chamada para este serviço de evangelização?
HV - Uma minha amiga, a Natividade, que trabalhava comigo, convidou-me para participar no Retiro dos Colaboradores da Missão Vicentina. Fui, gostei e continuei a ir. Num dos retiros, o Padre Gouveia, na altura o responsável pelas Missões, fez uma palestra e convidou-nos a fazer uma Missão Popular. Foi assim que tudo começou.

MPV - Neste ano pastoral de 2012-2013 participou em 4 Missões Populares. Em quantas missões já participou? Onde foram?
HV - Este ano comecei em Penamaior (Paços de Ferreira), com o P. Pereira. Depois, seguiram-se as Missões do Granho e Glória do Ribatejo (Salvaterra de Magos) e de Longomel (Ponte de Sor), todas estas Missões com o P. Agostinho. Esta última foi a 12ª Missão em que fiz parte da Equipa Missionária.
Comecei no Chouto (Chamusca), com o P. João Maria e, posteriormente, em Santa Marinha (Ribeira de Pena), com o P. Fernando e em Vilar de Ferreiros (Mondim de Basto), com o P. Álvaro. Em 2010, estive em Vale de Açor (Ponte de Sor), com o P. Albertino e mais tarde, em Pombeiro (Felgueiras) e S. Domingos (Santiago do Cacém), com o P. Bruno. Com os Padres Pereira e Moura participei na Missão de Arnoia (Celorico de Basto) e, no início de 2012, com o P. Agostinho, fiz a Missão de Foros de Salvaterra (Salvaterra de Magos).

MPV - Estas Missões não foram todas na mesma Diocese. Em que dioceses aconteceram? A Missão é igual no norte, no centro ou no sul?
HV - As Missões foram em diversas Dioceses: Vila Real, Porto, Santarém, Beja, Portalegre-Castelo Branco. As Missões são todas diferentes pois as populações não são iguais no norte, centro, sul. Neste sentido, os Padres que as organizam têm de fazer adaptações conforme os locais.

MPV - Como se prepara para uma Missão? É fácil fazer parte de uma equipa missionária e ir para uma terra que não se conhece?
HV - Não tenho muita dificuldade de adaptação mas, no início de cada Missão, estou sempre um pouco nervosa. 
“As comunidades são a parte principal da Missão”
MPV - O tempo de Missão é de 15 dias. Como decorrem esses dias e como é que, como leiga missionária, age nesse tempo?
HV - A primeira semana é de adaptação ao ambiente; a segunda passa muito depressa. Tento agir conforme as circunstâncias, o que nem sempre se consegue, mas com a ajuda do Espírito Santo, faço o meu melhor.

MPV - Como vê a pós-Missão? Tem participado em algumas acções da pós-Missão?
HV - Só participei na pós-Missão de Abela e S. Domingos (Santiago do Cacém). É um avivar da Missão que aconteceu anteriormente.


MPV - As comunidades ou assembleias, na Missão Popular, assumem um papel importante no tempo da Missão. As pessoas estão preparadas para continuar a reunir e manter o entusiasmo e a alegria experimentada nessas reuniões?
HV - As comunidades são a parte principal da Missão. São elas que vão dar continuidade, reunindo-se com o mesmo entusiasmo

MPV - Pertence aos Colaboradores da Missão Vicentina (CMV). O que é ser Colaborador da Missão e quem pode ser?
HV - Todos podem ser Colaboradores da Missão, de diversas maneiras: rezando, contribuindo monetariamente, e fazendo Missões Populares, como eu.

MPV - Os Colaboradores da Missão que participam nas Missões têm preparação específica?
HV - Os Colaboradores da Missão que participam nas Missões e os outros que o não podem fazer, têm retiros anuais, encontros, momentos de oração. Já houve peregrinações a locais vicentinos e significativos. Todos os anos há o Encontro da Família Vicentina, em Fátima (Setembro).

MPV - Há muitos colaboradores da Missão a participar nas Missões Populares? O que poderá fazer para interpelar alguém para participar numa Missão Popular?
HV - Há alguns. Dar testemunho de como a Missão Popular não só altera a vida dos destinatários da mesma, como também enriquece humana e espiritualmente a vida dos missionários, sejam leigos, sacerdotes ou religiosas.


Nota:
Agradecemos à Henriqueta e a todos os missionários leigos o trabalho simples, humilde e dedicado, bem como a disponibilidade, gratuidade e dedicação à obra da Missão.
Se Deus quiser, e a sua saúde permitir, contamos com eles para novas missões. Há um programa vasto para os próximos tempos, desde Sabóia e Santa Clara-a-Velha (quase Algarve) até Madalena (Chaves), desde a diocese de Viseu até à diocese de Santarém. Com o nosso obrigado, pedimos ao Senhor da messe que os abençoe e proteja.

P. Agostinho Sousa,
Responsável pelas Missões Populares Vicentinas


A Fé leva à Missão, ao anúncio claro e apaixonado por Jesus!”



 – Entrevista ao P. António Lopes, SVD, Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias



O P. António Lopes (P. AL), natural da Aldeia da Ponte, diocese da Guarda, depois da sua formação em Portugal e da ordenação presbiteral em 1986, recebeu como destino missionário o Togo. Foi director e professor no Instituto S. Paulo e após ter feito estudos sobre a Sagrada Escritura em Paris regressou ao Togo e foi também director de um Centro Bíblico de Lomé, a capital daquele país. De regresso a Portugal integrou-se na comunidade de Tortosendo. Dali foi para Guimarães onde foi Superior durante três anos e assumiu a responsabilidade pastoral da paróquia de S. Cristóvão de Selho.

Desde a sua formação inicial colaborou e promoveu várias publicações de cariz bíblico e missionário.



Rosto e cultura missionários

CDM - Passado pouco mais de um ano da sua nomeação para o cargo de Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias que balanço pode fazer?

P. António Lopes - Eu tive a sorte de entrar no "comboio das OMP" em andamento positivo graças ao bom trabalho do P. Durães, o anterior director das OMP. Praticamente eu segui o que ele já tinha delineado, e bem. Contudo houve algumas coisas novas que fomos colocando em acção. A primeira de todas foi o encontro com os directores diocesanos das OMP. Um encontro considerado por todos como muito positivo. Aí podemos conversar sobre as dificuldades que encontramos na maneira de pôr en acção o dinamismo missionário. Também partilhar o que fazemos e como o fazemos. Há já muita coisa boa que se vai fazendo em cada diocese. Umas estão mais avançadas outras menos. Mas o ardor que escutamos de uns e de outros em dar rosto à carta Pastoral dos bispos: "Como eu vos fiz fazei vós também" é um sinal claro de que nos sentimos empenhados na mesma Missão.



CDM – Além do encontro com os Directores que outras iniciativas?

P. AL - Uma segunda acção nova é o empenho que colocamos em desenvolver a Infância Missionária. Todos estamos empenhados neste serviço lindo de colocar as crianças, adolescentes e jovens em sentido missionário. De abrir os horizontes da fé para que a minha descoberta de Jesus seja partilhada com outras crianças do mundo inteiro. Para isso desenvolvemos todo um percurso em cinco anos que abrange os cinco continentes. Começámos este ano com a Ásia.



CDM - Porquê a Ásia?

P. AL - Porque é aí que se encontra a grande maioria da população que ainda nunca ouviu falar de Jesus. E se as crianças com a sua simplicidade e abertura olham para a Ásia com carinho então penso que a sua acção em favor dos outros se traduz em amor, esse mesmo amor de Jesus que a ninguém excluía mas que a todos acolhia.



CDM - Que outras acções?

P.AL - Tivemos as Jornadas missionárias no passado dia 14 a 16 de Setembro. Tiveram um outro modelo. As pessoas, de uma maneira geral, gostaram. Disseram que foram mais leves e mais participativas da parte de todos. No dia 16, domingo, inserimo-nos nas cerimónias do Santuário, recitação do Terço na capelinha e Eucaristia no recinto. O terminar as Jornadas com a Eucaristia no recinto é o primeiro passo, passinho pequenino, para uma ideia a palpitar que é a Peregrinação nacional da Missão. Não apenas para as pessoas que participam nas Jornadas, mas para todos os cristãos de todas as dioceses. Seria a nossa Peregrinação Nacional da Missão. Como vê, estamos pouco a pouco a dar alguns passos que me parecem muito positivos.





Ano da Fé e Missão

CDM - Como vê que o “Ano da Fé” possa contribuir para o revigorar duma identidade missionária da Igreja?

P. AL - O santo Padre na carta "A porta da Fé" diz que o “Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo". Quem se encontra verdadeiramente com Cristo, não pode ficar igual. Como os Magos no evangelho de Mateus, já não se pode percorrer o mesmo caminho de antes, têm de ir por outro caminho, o de Jesus. O encontro com a Samaritana, no evangelho de Jesus é exemplo claro disso mesmo. O seu encontro com Cristo, mudou por completo a sua vida. Abandona o cântaro da vida que levava que começa a anunciar Aquele com quem se encontrou: "Vinde ver um homem que me disse tudo...", ao ponto que também os samaritanos ficam de tal maneira admirados que pedem a Jesus que fique com eles. Essa é a maneira de ser missionário: Encontro verdadeiro com Jesus, ficar com ele e depois ir levá-lo aos outros. É a dinâmica da Fé. A Fé leva necessariamente à missão, ao anúncio claro e apaixonado de Jesus.



CDM - Qual a situação geral da animação missionária em Portugal?

P. AL- Penso que ela está em "gestação" avançada, quer dizer todos: Dioceses, OMP, Institutos missionários estão a trabalhar em conjunto no anúncio da Boa Nova. Existe hoje uma grande convergência de entendimento entre os institutos religiosos missionários e as estruturas diocesanas portuguesas. Naturalmente que há ainda muito a fazer para aquilo que eu chamo de voltar a existir uma "cultura missionária" em Portugal. Fazer com que todas as pessoas estejam despertas à Missão. Missão que não é apenas celebração de sacramentos, mas que abrange todos os sectores da vida humana. O seu desenvolvimento integral a nível religioso, cultural, social, político e económico. E, para isso, são necessárias todas as pessoas e não apenas um grupo ou o grupo dos cristãos católicos. A "cultura missionária" deve abraçar todos os sectores, aquilo que eu chamo de pessoas de boa vontade. Pessoas que vêem neste trabalho da Missão, de dedicação ao outro, algo de importante para formarem a grande família humana.




Iniciativas Missionárias e Voluntariado

CDM - Em particular, nas paróquias, que iniciativas se podem promover de cariz missionário?

P. AL - Dar um maior relevo às celebrações do Dia Mundial das Missões, da Infância Missionária no dia da Epifania, no Baptismo do Senhor, no Tempo Pascal, etc. Criarem na paróquia grupos de oração pela Missão. Fazer a descoberta da Carta Pastoral "Como eu vos fiz, fazei vós também" para que a partir desse "fogo" missionário nos corações de todos se possa criar ou estabelecer com mais ardor os grupos missionários paroquiais. Os conselhos missionários diocesanos. A minha vontade era ver que cada paróquia se interessasse pela outra que está ao seu lado e assim sucessivamente e que ninguém se fechasse na sua "capelinha".



CDM - O envio de missionários leigos tem aumentado nos últimos tempos (Portugal terá neste momento cerca de 800 missionários um pouco por todo o mundo). Que desafios e oportunidades representam para a Igreja portuguesa estes números?

P. AL - A grande oportunidade para a Igreja em Portugal é esse sentir missionário É esse criar uma "cultura missionária". É estar abertos à novidade que aqueles que foram em missão trazem para o nosso meio um outro olhar, um outro saber, um outro sabor, de partilha de experiências e de fé. É o estar imbuídos deste sentir que a descoberta que fizemos de Cristo não podemos guardá-la só para nós. Que 60% por cento da humanidade ainda desconhece Jesus Cristo, e está à espera de quem lho dê a conhecer para que em total liberdade e conhecimento possa depois optar também ele por uma adesão apaixonada deste Jesus em quem acreditamos e cremos que é a Salvação do mundo.

P. Jacek Baginski - SDM/Portalegre-C.Branco

e  P. Agostinho Sousa-CDM/Beja

P. António Novais, pároco de Vila Nova de Santo André, fala da Missão

Vila Nova de Santo André é uma cidade do litoral alentejano, com características próprias e muito diversificadas, principalmente, dispersão habitacional, variedade de culturas e raças, horários laborais por turnos.
O pároco, P. António Novais, chegou a esta paróquia há 2 anos, é o responsável pelo Secretariado da Coordenação e Animação Pastoral (SCAP) e é o Arcipreste do arciprestado de Santiago do Cacém. Há um ano atrás pediu a Missão Popular para a sua paróquia.
CDM – Porquê e para quê a Missão Popular em Santo André?
A razão fundamental da Missão Popular em Santo André, ou em qualquer parte, encontramo-la na identidade mais profunda da própria Igreja que, enquanto testemunha da presença de Jesus, é missionária ou evangelizadora. Por outras palavras, podemos dizer que a Igreja existe para evangelizar. O Deus que encontramos nas parábolas do evangelho parece estar marcado pela nostalgia dos que faltam. O próprio Jesus vive para os demais. Do mesmo modo que o sal deve ser sal e a luz deve ser luz, respectivamente, para salgar e para iluminar, nós cristãos devemos ser cristãos não apenas de nome, mas principalmente deixarmo-nos evangelizar ou converter, para podermos falar com alegria do espírito, irmos ao encontro, acolhermos os que chegam e não calarmos o que ouvimos e vimos quanto à experiência do que Deus realiza connosco. Como S. Paulo, também os cristãos, em Santo André ou noutro lugar, devem dizer: ai de nós e da nossa comunidade cristã se faltar a evangelização.
O tempo forte de missão serve para acordar a nossa consciência de católicos praticantes quanto ao dever que temos de evangelizar, celebrar a fé e comprometermo-nos para que a fé transforme a nossa própria vida e venha também a transformar as vidas de um maior número de irmãos.
CDM – Como comunidade, quais as maiores dificuldades encontradas e os maiores desafios a responder?
Penso que as maiores dificuldades não estão fora mas antes dentro da própria Igreja ou seja, em nós próprios que, chamando-nos cristãos, facilmente resistimos à nossa própria conversão. Centrados e consolados com práticas tradicionais da fé, retardamos a descoberta de que ser cristão é principalmente seguir Jesus Cristo, ao ponto de muitos pensarem que, pela religião, ou pela fé, não vale a pena sacrificar nada. A verdade, é totalmente o contrário e por isso, em nome da fé, devemos ser capazes de tudo arriscar, ao ponto de se “amar a Deus com todo o coração e com todas as forças”, porém, sem nos esquecermos de que este amor deve ser exercitado também “com toda a inteligência”.
Muitas vezes, temos muita dificuldade na transmissão da fé, talvez devido à pobreza da nossa própria fé, parecendo que ainda não está impregnada da semente, do fermento, do sal ou da luz do evangelho. A meu ver, ainda não acolhemos o entusiasmo e a alegria própria de quem acredita que Cristo Ressuscitou dos mortos e de que Ele também nos ressuscitará para uma eternidade verdadeiramente feliz.
Um dos maiores desafios será o de criar pequenas comunidades cristãs que, em nome da Palavra de Deus se reúnam, acolham, reflictam e partilhem essa mesma Palavra e, semanalmente, principalmente na Eucaristia dominical, a Paróquia realize a Comunidade das Comunidades, ou seja, realize a comunhão entre todas as comunidades, alimentando-se todas da mesma Eucaristia, ainda que em diferentes horários, quando o número dos praticantes o justificar.
Externamente, há outros factores que dificultam a nossa acção e que resultam das características próprias e diversas da Freguesia de Santo André, e principalmente, a dispersão habitacional, a variedade de culturas e raças, os horários laborais por turnos. Estas realidades, aliadas ás diferentes preocupações e culturas, geram alguns obstáculos à Missão da Igreja. No entanto, para os homens de fé não existem obstáculos intransponíveis e há que olhar o presente e o futuro com muita confiança em Deus que quer continuar a contar connosco para se dar a conhecer.
CDM – Como pároco, arcipreste e responsável do SCAP, que caminhos, métodos e meios aponta para a descoberta e vivência da dimensão missionária das paróquias e da diocese?
Para falarmos da dimensão missionária, das vocações ou de outras realidades eclesiais, devemos ter sempre muito clara a nossa realidade. Recentemente, a Igreja em Portugal, ao “repensar a Pastoral” parece ter concluído aquilo cada vez mais é evidente ou seja, a necessidade de iniciação e reiniciação cristã, segundo o método ou pedagogia catecumenal. Porém, embora isto seja evidente, sabemos como é lento o caminhar neste sentido, apegados que estamos aos esquemas tradicionais, próprios de uma Igreja de cristandade, (que já não existe) e ao pressupor da existência fé onde cada vez são mais raros os seus sinais.
Neste sentido, eu digo que para o fortalecimento da dimensão missionária é preciso que os cristãos sejam cristãos. O decisivo é que haja comunidades de crentes que o sejam de verdade e que se façam presentes no mundo. A qualidade de fé das comunidades ou a sua debilidade facilitam ou dificultam a evangelização. Os evangelizadores devem unir-se pelo apreço e o amor, reconhecer-se como membros dos grupos humanos em que vivem, participando na vida cultural e social. A nossa presença nos grupos humanos deve estar impregnada pelo amor de Deus, unidos na vida e no trabalho com os homens e oferecendo o testemunho do verdadeiro Cristo.
A Igreja já não é composta por multidões incontáveis. Por isso, julgo que teremos muitas hipóteses evangelizadoras na medida em que favorecermos a comunhão e a partilha fraterna a partir das pequenas comunidades, um pouco à semelhança dos primeiros cristãos. Simultaneamente, é preciso que estas pequenas comunidades e a comunidade paroquial, comunidade das comunidades, aprendam a celebrar alegre e festivamente a fé, como modo de vencermos a inércia, a indiferença e apresentarmos celebrações alternativas àquelas que a sociedade civil realiza. As múltiplas ocasiões celebrativas serão oportunidades e anúncios evangelizadores, assim nós as preparemos e façamos a síntese entre as normas litúrgicas oficiais e a criatividade, aliás aconselhada pela própria Igreja.
CDM – Com as dificuldades encontradas na preparação e no tempo forte da missão, como pensa que a “pequena semente” agora lançada pode crescer e continuar a ser fermento na comunidade de Santo André?
À semelhança do Senhor Jesus, eu digo que como os missionários fizeram e fazem, assim nós deveremos continuar a fazer também: formar/criar comunidades, sendo a Paróquia, e principalmente à hora da Eucaristia dominical, a Comunidade das Comunidades, celebrar festivamente a fé, acolher e exercer a caridade para com todos, principalmente para com os mais pobres, os doentes e os que vivem experiências de solidão.
Apesar das dificuldades a Paróquia deverá ser uma comunidade de fé, esperança e amor, que se empenha ao máximo na catequese de adultos e que saiba despertar uma vida cristã adulta, corresponsável e comprometida pela fidelidade ao Evangelho. Em tempos de desencanto e desânimo, rotina e monotonia, aborrecimentos e individualismos, solidão e falta de comunicação, é desejável que a Paróquia seja sinal de esperança e de alegria, mostrando que sabe celebrar nos sacramentos, e principalmente na Eucaristia, o gozo da sua fé em Cristo Ressuscitado.
P. Agostinho Sousa, CM

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