quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

1º Sínodo da Diocese de Beja

 “A Igreja existe para Evangelizar”
Decorreu, no passado sábado, dia 24 de Janeiro, a Assembleia Sinodal. Tal momento significa que houve trabalho feito, caminho percorrido, opções e propostas assumidas. O documento que foi apresentado aos membros da Assembleia, diz: “no primeiro ano, os grupos de trabalho reflectiram sobre os temas: ‘A Igreja, mistério de comunhão’, ‘A Igreja, povo de Deus’ e ‘Igreja, estruturas de comunhão e corresponsabilidade’. O objectivo foi colocar as pessoas a reflectir e a interrogar-se em grupo, a partir dos documentos do Magistério (Lumen Gentium e Christifideles Laici), sobre a ‘Igreja que queremos ser’. O segundo ano foi dedicado à reflexão sobre a Palavra de Deus, com o tema geral ‘Palavra que dá Vida’”.



As quinze propostas feitas a partir da síntese das respostas dos grupos apontam para a renovação da Igreja na Diocese de Beja. Cada uma das propostas foi votada, tendo, a maior parte delas, congregado a quase unanimidade dos votos.
As propostas apresentadas abrangem todos os sectores da vida da Igreja: anúncio da Palavra de Deus, a Eucaristia, os Sacramentos, a catequese sistemática, o serviço da caridade, a celebração do domingo, as celebrações na ausência do presbítero, os movimentos e grupos apostólicos, as estruturas de comunhão e corresponsabilidade (conselhos vários), a pastoral da família, os pastores, a missão, o acolhimento, a pastoral juvenil e vocacional, os meios de comunicação social, a oração, bem como a programação e avaliação a todos os níveis.
Todas as propostas procuraram traduzir o que os grupos reflectiram. Atingem as diversas áreas da vida da Igreja diocesana, e a sua complementaridade ajuda a delinear o caminho que precisamos de fazer.
O trabalho de base foi muito rico e a Assembleia procurou acolher o fruto de muitas horas de reflexão e de partilha de quantos fizeram um esforço para viver o Sínodo nos pequenos Grupos e nos serviços de coordenação. Valeu a pena investir e continuar a caminhar, pois “Deus ama a quem se dá com alegria”.

Opção pela Missão
Em todo o texto perpassa a missão da Igreja, a urgência da evangelização. Para confirmar esta aposta na Missão, transcrevo uma parte da proposta 6, que se refere aos pastores. Depois de se dizer que, para crescer, a comunidade precisa de pastores dedicados e competentes, orantes e criativos, dialogantes, disponíveis e próximos das pessoas, propõe: “e empenhados em dinâmicas missionárias orientadas para ir ao encontro dos que não foram evangelizados ou que perderam a sua relação com a Igreja”.
Já a proposta 7, é toda ela de índole missionária. Partindo dos desafios lançados pelo Papa Francisco, o pressuposto que acompanha a proposta é do seguinte teor: “A vocação da Igreja é ir a todos. O papa Francisco fala do dinamismo da “Igreja em saída”. “…todos somos convidados a aceitar a chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho”. (EG 20)



Se o desafio é lançado a toda a Igreja, a nossa diocese não pode colocar-se de fora. Antes pelo contrário, porque é grande e extensa, porque não tem muitos recursos e está muito desertificada, mas também porque tem efeito um grande esforço para fazer chegar a todos a Boa Nova de Jesus Cristo, a Assembleia Sinodal fez uma opção forte pela Missão, ao assumir o seguinte: “Criar uma equipa permanente de missão, com objectivo de programar e promover missões em locais previamente estudados e segundo um processo que permita constituir verdadeiras comunidades onde o anúncio conduza ao testemunho apostólico da fé; envolver as paróquias numa pastoral que privilegie a dimensão missionária, mantendo viva a preocupação de ir ao encontro dos que estão afastados ou fora da Igreja; abrir as comunidades às iniciativas locais, comprometendo-as como parte activa na resolução de problemas e dando o seu contributo para o bem-estar das populações”.



Esta opção fundamental da diocese vai ao encontro do que escreveram os bispos portugueses na Carta “Para uma um rosto missionário da Igreja, em Portugal”, que faz agora 5 anos e que diz: “É imperioso e urgente sentir e viver a necessidade de evangelizar o outro até que ele sinta a necessidade de se transformar ele próprio em evangelizador. Chegou o tempo de se «oferecer a todos os fiéis uma iniciação cristã exigente e atractiva, comunicadora da integridade da fé e da espiritualidade radicada no Evangelho, formadora de agentes livres no meio da vida pública». Então sim, evangelizar será a nossa maneira de ser, porque é a nossa identidade mais profunda, graça e vocação recebidas, vividas, correspondidas. O Beato Paulo VI assentou bem estes fundamentos e lembrou-nos que «a Igreja existe para Evangelizar», e a Congregação para o Clero explicita que «[a Igreja] existe mesmo só para esta tarefa». São luminosas as palavras de S. João Paulo II: «A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. A fé fortalece-se, dando-a”.(12)


P. Agostinho Sousa, CDM/Beja

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Vidas em contra-corrente

1. Fora de moda por opção

A 30 de novembro de 2014 começámos a celebrar um ano dedicado pelo Papa à vida consagrada, ou seja, àquelas opções de vida que estão em contra-corrente e fora de moda por opção, que leva pessoas a constituirem comunidades cujo objetivo não é constituir uma família de sangue ou para satisfazer o corpo ou a vontade própria, mas para louvar a Deus e servir os outros, sobretudo os mais pobres. São as comunidades de vida consagrada, de frades e freiras como se diz popularmente, em que os seus membros renunciam aos estilos de vida usuais e prometem seguir e imitar Jesus Cristo através dos votos de obediência, pobreza e castidade.




Em Portugal estamos a celebrar uma semana especialmente dedicada à vida consagrada, que termina no dia 2 de fevereiro, festa da apresentação de Jesus no templo e que na diocese vai ter um ponto alto no dia 31 de janeiro, com um encontro diocesano no Centro Pastoral de Beja. Neste encontro queremos fazer memória agradecida do passado na diocese e na Igreja, abraçar o futuro com esperança e viver o presente com paixão, como se expressam os bispos portugueses na nota pastoral que publicaram para este ano da vida consagrada.

domingo, 25 de janeiro de 2015

CONGREGAÇÃO DA MISSÃO
25 JANEIRO DE 1617 - 2015

“Aquele foi o primeiro sermão!”

Nascia o ano 1617. Em Janeiro, Vicente de Paulo (1581-1660), depois de um caminho árduo e difícil, cheio de provas e aventuras, já se encontra no Castelo de Folleville, ao serviço dos senhores de Gondi. Da aldeia de Gannes, a duas léguas de distância, chega a notícia que um camponês está a morrer e quer falar com o padre Vicente. Vicente parte, imediatamente. Entra numa humilde casa, senta-se à cabeceira do doente e ouve-o de confissão. O homem enche-se de coragem e diante do confessor, expõe todo o rosário das suas faltas. Havia anos que, por vergonha, não confessava certos pecados.



Liberto, agora, uma alegria inunda o coração do homem que, diante da família e dos seus vizinhos, proclama que, se não fosse aquela confissão, estaria eternamente condenado. E dá graças por aquela confissão geral.

A senhora de Gondi, ao testemunhar este acontecimento, estremece e diante desta constatação, diz: “Padre Vicente o que é que acabamos de ouvir? Certamente acontece o mesmo com a maior parte desta gente. Se este homem que passava por um homem de bem, estava em estado de condenação, como não estarão os outros que vivem tão mal? Que remédios podemos pôr a este mal?”

O remédio surgiu a seguir. Vicente já conhecia a situação deste povo. Mas é à cabeceira daquele doente que experimenta, directa e pessoalmente, a dureza desta realidade. Arguto e perspicaz, descobre o tipo de ferida que ali existe e não duvida quanto ao remédio que é necessário dar para curar o mal. E encontra-o rapidamente.

No dia 25 de Janeiro prega um sermão ensinando o povo a fazer a confissão geral e chama outros sacerdotes para este serviço. O remédio foi fácil: preparação dos cristãos para a confissão, e padres de fora, em quem eles confiem. No sermão, Vicente pregou com clareza, entusiasmo e fé; instruiu, comoveu, arrastou.“Deus abençoou as minhas palavras”, dirá, algum tempo depois.

O povo do campo, bom e simples, acorre, em massa, a confessar-se. Um grupo de padres está disponível. Estava lançada a semente. O pequeno grão de mostarda havia de crescer e multiplicar-se, dando origem a uma nova Congregação, na Igreja.
Nada, porém, fica fundado naquele dia. Nem lhe passa pela ideia o facto de que havia necessidade de uma Congregação para tal trabalho e, muito menos, de que ele era a pessoa chamada para a fundar.


Vão ser precisos oito anos (1625) para que seja posta em marcha a dita Congregação que vai tomar o nome de Congregação da Missão. Nesse dia, 25 de Janeiro de 1617, Vicente de Paulo apenas pregou um sermão: “o primeiro sermão”, dirá ele mais tarde.

E porque foi considerado o primeiro, Vicente, todos os anos, neste dia 25 de Janeiro, dia da conversão de S. Paulo, dará graças a Deus pelas bênçãos derramadas sobre aquele sermão, origem de tantos outros que converteram tão grande número de homens, e contribuíram para a expansão de reino de Jesus Cristo” (Abelly).

Por este motivo, os padres da Missão (Vicentinos), fiéis ao fundador, celebram pelos tempos fora, o dia 25 de Janeiro como o dia do nascimento da Congregação da Missão.


P. Agostinho Sousa, CM

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Órfãos de pai, mas não de mãe

1. Filhos abandonados

Frequentemente encontramos pessoas na rua e em instituições que não conhecem os seus progenitores ou não querem falar deles. Os motivos deste corte efetivo e afetivo são vários. Mas os efeitos no desenvolvimento destas pessoas são perniciosos para os próprios e para a sociedade. Sempre me tocou e questionou uma afirmação atribuída a Deus no livro do profeta Isaías: mesmo que uma mãe esqueça o filho que amamenta, Eu não vos esquecerei. Esta certeza do amor de Deus, mais forte e fiel que o de uma mãe, consola-me, mas gostaria que ela se tornasse a certeza de muita gente e sobretudo das pessoas esquecidas por suas mães. Não é fácil transmitir esta certeza da fé, sobretudo a quem não fez a experiência do amor materno.



Apesar da consolação da fé, não podemos deixar de nos comover e chorar ao ver crianças a sofrer por causa do abandono e da insensibilidade de muitos adultos, que abusam delas, as escravizam e até usam como armadilhas para a guerra e como bombas suicidas. O Papa Francisco, no encontro com os jovens nas Filipinas, ficou comovido com a pergunta de uma criança sobre o sofrimento das crianças e disse que a nossa melhor resposta é chorar com quem sofre. Disse mesmo que precisamos de aprender a chorar, sinal de que temos um coração sensível e compassivo com o sofrimento do próximo.

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domingo, 18 de janeiro de 2015

ECUMENISMO: “DÁ-ME DE BEBER” (Jo 4,7)

Beber água é um meio para a promoção da Unidade dos Cristãos

O tema do Oitavário de Oração, que se celebra de 18 a 25 de Janeiro, é inspirado no encontro e diálogo de Jesus com a samaritana. O Conselho Mundial das Igrejas, que preparou e divulgou os subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2015, explica que “o estudo e a meditação propostos para a Semana de Oração têm o objectivo de ajudar as pessoas e as comunidades a perceber a dimensão dialogal do projecto de Jesus, que chamamos de Reino de Deus”.


Os subsídios foram preparados pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), a convite do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos e do Conselho Mundial de Igrejas.

A imagem que “emerge” das palavras “dá-me de beber” é um discurso de complementaridade, revela o Conselho Mundial das Igrejas que assinala que beber água de outra pessoa “é o primeiro passo para experimentar outra maneira de ser e origina um intercâmbio de dons que enriquece”.
“O gesto bíblico de oferecer água a quem chega (Mateus 10,42), como forma de acolhimento e partilha, é algo que se repete em todas as regiões do Brasil”. “Quem beber desta água continua a voltar”, diz um provérbio brasileiro.

“Na diversidade, enriquecemos mutuamente”, e esta semana é um momento “privilegiado para a oração, encontro e diálogo”. “É uma oportunidade de reconhecer a riqueza e o valor que estão presentes no outro, o diferente, e para pedir a Deus o dom da unidade”.

Eu sou a água da vida: tenho sede.
Eu sou o pão da vida: tenho fome.
Ainda vivo aqui no meio do meu povo que sofre e morre.
Restituo as forças, faço falar o silêncio.
A mulher deu-me de beber.
Quero ser para ti água viva,
pão de solidariedade,
de comunhão e de beleza”.

Esta oração latino-americana, segundo o jornal ‘L’Osservatore Romano’, do Vaticano, sintetiza os conteúdos da semana de oração.



A samaritana é apresentada como “ícone do amor que abate qualquer separação causada por factores confessionais, étnicos ou culturais, como paradigma da misericórdia capaz de transformar em fervorosa discípula e missionária aquela mulher da Samaria que, nas lides diárias e vida sem rumo, encontra a Água que mata todas as sedes de amor”.



O subsídio oferece leituras e reflexões bíblicas, questões diárias, e orações para que os cristãos vivam e celebrem o oitavário de oração.

Os cristãos são convidados a usar o documento durante o ano inteiro, para expressarem o “grau de comunhão que as igrejas já atingiram e orar juntos para aquela unidade plena que é a vontade de Cristo”. Têm acesso também às datas “importantes” na história desta semana de oração.

O documento informa que tradicionalmente, no hemisfério norte, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos celebra-se entre 18 e 25 de Janeiro, datas propostas em 1908 por Paul Wattson, e no hemisfério sul optam por outra data pois, nesta altura, vive-se um período de férias.


(Recolhas várias: Ecclesia)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Quebras da confiança

1. Ruturas ou acidentes de caminho?

Na última nota abordei a necessidade de restabelecer a confiança em todas as relações, para que a paz e o progresso sejam possíveis. Mas logo acontecem os atos de terrorismo em França e continuam em muitos outros continentes, mas sem o mesmo frenesim mediático. Tratar-se-á de ruturas que impossibilitam o restabelecimento da confiança ou simplesmente de acidentes de percurso, que vem fortalecer os construtores da paz?




No evangelho Jesus proclama felizes os construtores da paz, porque alcançarão o Reino de Deus. Apesar disso os seus seguidores têm sentido muitas dificuldades em seguir esse caminho e muitos foram e são vítimas de violência. Penso nos mártires ao longo dos séculos, mas também nos de hoje, em muitas partes do mundo.

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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

“Fórum - Missão Popular”



1.    A Província Portuguesa da Congregação da Missão (Padres Vicentinos), segundo os seus estatutos, afirma que o “carisma de serviço à evangelização dos pobres deve expressar-se na fidelidade às suas opções fundamentais, investindo cada vez mais forte nas Missões Populares” (Est. Provinciais, art.º. nº 3, &1). “Para tal, e sendo as Missões Populares a opção prioritária, promova o estudo, a reflexão, a formação dos agentes, a dinamização dos três tempos da Missão e a elaboração de material de apoio” (Est. Provinciais, art.º nº 6, &1).
2.    Na penúltima Assembleia, a Província Portuguesa da Congregação da Missão assumiu alguns desafios: Perante as mudanças culturais e religiosas é preciso continuar a repensar e a recriar as Missões Populares que, por carisma e tradição, são a nossa forma específica de evangelizar; e que, em colaborações com as estruturas diocesanas, deve criar estruturas próprias para a formação de leigos em vista da Missão.”
A Congregação da Missão, que tem como lema “Evangelizare pauperibus misit me” (Enviou-me a evangelizar os pobres), está a preparar a 48ª Assembleia geral, que acontecerá no próximo ano de 2016 e cujo tema é: “ Quatrocentos anos de fidelidade ao Carisma e a Nova Evangelização”. A nível interno, realiza-se, no próximo mês de Julho, em Fátima, a Assembleia Provincial, onde os Padres da Missão chamados a renovar a vitalidade missionária e a descobrir as melhores respostas aos desafios da Nova Evangelização.

Em 15 anos, 83 Missões Populares, em 10 Dioceses
A Província Portuguesa da Congregação da Missão tem 10 comunidades em 7 dioceses. Além da pastoral paroquial na maioria dessas dioceses, em quase todas elas, e também em outras nas quais já não tem comunidade, desde o ano 2000 ao ano 2014, foram preparadas e animadas mais de oito dezenas de Missões Populares.
Para responder aos desafios que são lançados pelo Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, pelo Superior Geral da Congregação da Missão e também pelo trabalho que vamos desenvolvendo junto das comunidades que servimos, no dia 10 do próximo mês de Abril, em Fátima os Padres Vicentinos vão realizar um “Fórum – Missões Populares”, destinado aos seus Membros, aos Párocos onde se realizaram as Missões, aos Religiosos e Leigos das Equipas missionárias e aos Animadores e participantes nas Comunidades familiares.



Lançamento de inquérito para avaliação e recolha de sugestões e propostas
Pretendemos avaliar o trabalho missionário realizado nos últimos anos nas várias dioceses para responder melhor às inquietações dos párocos e das comunidades. Como base de trabalho para a reflexão e recolha de sugestões, já propusemos a todos eles um inquérito com questões relacionadas com os tempos da Missão (Pré-Missão, Missão e Pós-Missão) e com os métodos e materiais usados nesse tempo de evangelização.


Também contamos com a participação, reflexão, avaliação, propostas e sugestões dos senhores Bispos das dioceses onde aconteceram as Missões Populares. Essa presença e partilha irão ajudar-nos a responder melhor ao nosso carisma e aos desafios da Missão e da Nova Evangelização.
A partir das respostas a este inquérito e das reflexões produzidas nesse encontro pretendemos dar à Missão Popular nos tempos em que vivemos, maior força e dinamismo, apontando um caminho com propostas, etapas e métodos novos e adaptados às realidades a evangelizar.
A diocese de Beja, nestes últimos 15 anos, teve 28 Missões, a maior parte delas nos Arciprestados do Litoral. Alguns sacerdotes e muitos leigos estiveram e estão envolvidos na Missão. A muitos deles foi enviado o inquérito. De todos, esperam-se respostas que nos ajudem a sermos mais fiéis ao nosso carisma, para que saibamos levar às pessoas a Boa Nova de Jesus Cristo, ajudando-as a formar comunidades vivas e empenhadas.

P. Agostinho Sousa, CM



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Recuperar a confiança

1. Regenerar as relações fundamentais

A época de Natal e o início de ano civil, mesmo para quem não professa nenhuma confissão cristã, desperta nas pessoas e grupos da nossa sociedade uma grande nostalgia pelo agregado familiar e abre feridas profundas nas pessoas quando faltam manifestações de proximidade e afeto entre os seus membros.

Nas diversas festas de Natal em que participei, em lares e instituições, vi muitas lágrimas nas faces rugosas de vários idosos, ou porque perderam recentemente alguém da família ou porque não tiveram nenhuma manifestação de carinho por parte dos seus familiares.



Isto fez-me refletir uma vez mais sobre a estrutura relacional do ser humano, apesar da afirmação crescente do individualismo e relativismo reinante no mundo atual. Há em todos os seres, e muito especialmente nos humanos, uma necessidade de múltiplas relações, que exigem muita atenção e cuidado para não serem defraudadas e levarem a uma desilusão profunda e à solidão insuportável. Isto significa que precisamos de curar muitas feridas e recuperar a confiança uns nos outros, nas instituições sociais e na própria família.

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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Infância Missionária



“O Evangelho viaja sem passaporte”

As crianças e a missão
No meio de tanta Luz, Presentes e Alegria para todos, vindos da Epifania, que significa manifestação de Deus entre nós e para nós, não podemos esquecer as crianças e a missão. No dia da Epifania ou “Dia dos Reis Magos” celebra-se o dia da Infância Missionária, cujo lema é “Crianças ajudam crianças” ou, um outro lema mais abrangente e muito belo ainda: “O Evangelho viaja sem passaporte”. Tal expressão, quer significar que o Evangelho nos faz verdadeiramente filhos e irmãos e que entre filhos e irmãos não há fronteiras, nem barreiras, nem muros ou qualquer separação. Sonhamos com um mundo assim, mas só as crianças nos podem ensinar esta lição maravilhosa.




Festa diocesana, na cidade de Moura
Foi no sábado, dia 3 de Janeiro. Depois da caminhada de Advento animada pelas Catequese, na qual esteve bem presente o lema para este ano “Com as crianças da Oceania seguimos Jesus” e os vários projectos propostos para serem apoiados, as crianças, jovens e adolescentes, fizeram a partilha, entregando os seus Mealheiros.
Aos poucos, o salão do Centro Paroquial de Moura foi-se enchendo de gente nova. Muitas dezenas de crianças e jovens acorreram para a celebração festiva. O encontro estava revestido com uma surpresa: a presença do bispo coadjutor, D. João Marcos que, pela primeira vez, visitava a Comunidade paroquial de Moura.
Pela 16h00, D. António e D. João foram acolhidos pelos “Novos Caminhos”, que os brindou com um chá bem quentinho. Este é um grupo de senhoras que, semanalmente, se reúne naquele lugar e vai “mexendo” interior e exteriormente, fazendo trabalhos para exposição, bem como outras actividades, tais como a ginástica e a reflexão bíblica.
Depois deste “aperitivo” deu-se o encontro com a gente nova. Com a tónica natalícia, o palco estava embelezado com a presença da figura dos “Reis Magos e seus presentes” e com as bandeiras com as cores dos 5 continentes.
O grupo de jovens Krentes animou o canto. Cada ano de catequese preparou uma questão para ser apresentada ao novo Bispo, por alguém do grupo. Foram muitas e curiosas as perguntas feitas: desde as cores preferidas á sua naturalidade, do valor da Confirmação à necessidade dos Grupos de jovens numa Comunidade, desde a sua vocação para ser padre à sua integração no Alentejo. Também houve uma questão pertinente: como se sabe que o dinheiro dos Mealheiros chega ao seu destino? Neste particular, respondeu o P. Agostinho, expondo o circuito diocesano, nacional, universal e eclesial da Obra da Infância Missionária, dando conta do sucedido em 2014 com os projectos para quatro países de África.
Perguntas e respostas, preencheram a tarde: Tornaram mais próximo D. João Marcos e marcaram um momento forte neste dia da celebração diocesana da Infância Missionária.

Guiados por uma estrela…entraram em casa



Terminada a sessão, crianças e catequistas, com uma estrela que representava cada ano da catequese paroquial, dirigiram-se para a Igreja de S. João Baptista, formando assembleia com muitas outras pessoas que enchiam por completo o templo.
O Presépio, os 3 Reis, as Estrelas, colocadas nas colunas, os cartazes com o nome dos 6 Arciprestados da Diocese e com o nome dos 5 Continentes, emprestaram à celebração o colorido da Festa. Mais uma vez, a gente nova, assumiu a animação da Eucaristia. Os jovens Krentes, deram voz ao canto e o Agrupamento do CNE, assumia a proclamação da Palavra. Ao ofertório, os Mealheiros, os sinais e símbolos foram trazidos pelas crianças e catequistas.
A Eucaristia foi presidida por D. António Vitalino e concelebrada por D. João Marcos que proferiu a homilia. Concelebraram ainda o pároco, P. Egídio Ferreira e o P. Agostinho Sousa, responsável diocesano pela Animação Missionária. Para além das muitas crianças, seus familiares e catequistas, esteve presente a Irmã Helena Lampreia, responsável diocesana pelo Departamento da Catequese da Infância e Adolescência. Aos jovens, juntaram-se os muitos representantes de movimentos e grupos paroquiais de Moura e das comunidades vizinhas que acorrerem à celebração, fazendo um cortejo imenso quer na distribuição da Comunhão, quer no beijar do Menino.
D. João, na sua reflexão, aludiu a várias expressões do texto do Evangelho, tais como, a Estrela, conhecer as Escrituras, a alegria de encontrar Jesus, o entrar em casa e o seguir por outro caminho, procurando fazer chegar a todos a mensagem deste dia: a universalidade da salvação trazida e oferecida por Jesus a toda a humanidade, a urgência em sermos uma igreja missionária. Repisou a ideia de que é necessário “entrar dentro da casa” para um autêntico encontro com o Senhor. Depois, quem viu o que os Magos viram, quem encontrou o que eles encontraram, quem experimentou o que eles experimentaram, não pode mais limitar-se a continuar seja o que for. Tudo tem mesmo de ser novo, é preciso fazer caminho novo.
Após o beijar do Menino e finda a celebração, houve um jantar partilhado, com muitas e saborosas iguarias. Também não faltou o cante alentejano para animar a festa!

P. Agostinho Sousa, CDM/Beja

sábado, 3 de janeiro de 2015

EPIFANIA DO SENHOR




Em Dia de Reis
Natal é a certeza de um Deus-Menino,acampado no meio de nós.
Solidário com as nossas alegrias e tristezas,as nossas esperanças, dificuldades e frustrações...
E agora, outra vez os Reis,Magos1
os representantes da procura e do sonhoque nos habita e agiganta o coração.
Para compreender a festa de Reis:
- É preciso pés novos,
para partir em demanda de outros horizontes,abandonando rotinas e dogmas e sofás.
É preciso olhos novos,para descobrir, na terra e nos céus,as estrelas e os sinaisque nos guiam no encontro com Deus na história.
É preciso um coração novo,para se encantar com um Menino,e prostrar-se diante dele em humilde adoração,perante a rejeição dos senhores do Tempo e do Temploe a indiferença dos "sábios" da corte.
É necessário mãos novas,que se abram em partilha e gratidão,com presentes generosos e solidários...
É preciso uma vontade nova,decididos a regressar ao seu interiore ao coração dos irmãos por outro caminho:o caminho da Fraternidade, do Perdão e da Festa.