domingo, 27 de abril de 2014

João XXIII e João Paulo II – dois Santos para a humanidade

Roma está em festa ao celebrar as canonizações de dois Papas que estiveram na Cadeira de Pedro na segunda metade do século XX e que, com os seus testemunhos de fé inspiraram milhões de pessoas em todo o mundo: João XXIII, o impulsionador do Concílio Vaticano II e João Paulo II o Papa peregrino.


Os beatos João XXIII e João Paulo II serão, a partir deste domingo, 27 de Abril, Domingo da Divina Misericórdia, santos da Igreja Católica, elevados assim à veneração dos fiéis. É um momento muito importante para a Igreja e para o mundo como declarou o Cardeal Agostino Vallini na conferência de imprensa de apresentação desta celebração:

"É essencialmente uma mensagem espiritual, porque é a festa da santidade. A relação que João XXIII e João Paulo II tiveram com a Igreja de Roma, da qual eram bispos, e com a Igreja universal e o mundo, é uma relação muito profunda, começando pelo estilo com o qual eles exerceram o seu ministério, um estilo de proximidade, acolhimento e atenção para com as pessoas, para com os homens enquanto tal. A canonização é uma graça de Deus, que o Senhor nos faz mostrando-nos como modelos de vida cristã dois homens de fé”.

João XXIII e João Paulo II, dois santos do nosso tempo que comungaram e partilharam a vida de muitos de nós e de alguns presencialmente na proximidade. Para um conhecimento mais profundo de cada um deles, propomos dois testemunhos vivos e de pessoas que privaram com Angelo Roncalli e Karol Wojtyla, dois santos para a humanidade.

João XXIII – O Santo da bondade

Angelo Roncalli - Imagem da bondade e de humildade - O Cardeal Loris Capovilla, secretário particular do Papa João XXIII afirmou à Rádio Vaticano que o Papa Roncalli deu-lhe sempre uma grande lição de humildade e era a imagem da bondade:


“A minha impressão é esta: vi a imagem da bondade. Tive esta convicção quando o vi pela primeira vez, quando o vi em fotografia. Quando o vi pessoalmente em 1950 na minha Veneza, quando fui a Paris – a 2 de Fevereiro de 1953 – quando me convidou para ser seu “companheiro de armas”. Eu nunca me chamei secretário do Papa João, porque o secretário do Papa é o secretário de Estado. Eu fui um pequeno servidor”.
“Com o Papa João eu rezei, sofri, mesmo depois da sua morte sofri muito. Depois o Senhor dispôs através dos seus servos, que esta figura voltasse a aparecer no horizonte. Hoje quem o chama “ao vivo” é o Papa Francisco. Uma das primeiras coisas que me disse foi: ‘Loris, recorda-te, se não metes o teu “eu” debaixo dos teus pés, nunca serás livre e não entrarás no território da paz’. E as mesmas palavras que disse depois no dia mais solene da sua vida, com o mundo inteiro perante si, disse aquelas palavras sublimes: ‘A minha pessoa não conta nada!’.

“Foi uma grande lição de humildade, de doçura, de amor e de esperança. O Papa João ensinou-nos e agora repete-o em quase todos os encontros o Papa Francisco: ‘Cada um de nós rectos ou não rectos, crentes ou não crentes, cada criatura humana traz consigo o selo de Deus’.
“Esta é a primeira lição que eu recebi e na qual fico. Professo desde este momento a minha veneração a S. João XXIII e a S. João Paulo II e agradeço ao Papa Francisco.”

João Paulo II - O Santo da proximidade

Karol Wojtyla - Proximidade com o povo eencontro com Deus - Entre as muitas testemunhas da vida e da fé do Papa João Paulo II esteve sempre muito próximo do Papa Wojtyla o arcebispo Piero Marini que foi mestre das celebrações litúrgicas durante o pontificado do Papa polaco. A Rádio Vaticano ouviu o seu depoimento:


“O primeiro encontro que eu tive com Karol Wojtyla foi em Cracóvia em 1973 durante uma viagem do cardeal prefeito da Congregação para o Culto Divino, que eu acompanhava, em quase todas as dioceses da Polónia. Ali, pela primeira vez, vi este arcebispo de Cracóvia, muito gentil... Recordo sobretudo a sua proximidade com o povo”.

“Na celebração das duas missas que tivemos com ele – primeiro a Missa em público de Santo Estanislau com uma grande procissão, interminável; e a Missa depois numa paróquia em Nowa Huta, que ele próprio tinha mandado construir – recordo esta proximidade com a gente e sobretudo via nele o pastor como tinha sido delineado pelo Concílio Vaticano II”.

“Recordo que depois destes momentos, havia sempre um encontro com a assembleia, com a gente que parava para estar com ele. Recordo estes camponeses que vinham provavelmente de Zakopane, com os seus trajes... Deu-me esta bela impressão de um pastor próximo, como diz o Papa Francisco: um pastor que tinha o odor das ovelhas.”
“Acreditava naquilo que fazia! Quando rezava, rezava porque acreditava na sua oração. Não tinha temor de rezar em público, de fazer gestos que, talvez, outros teriam um pouco de dificuldade. Era um homem autêntico, que tinha os seus momentos de intimidade, de encontro com Deus”.

“Esta era a sensação que me dava que ainda hoje me edifica pensando nestes momentos de oração que começavam já na sacristia. Uma oração que era pessoal, mas também simples e próxima de cada um de nós, como por vezes a oração do terço, ou durante uma viagem mandava parar o automóvel para celebrar a liturgia das horas... Era um homem que verdadeiramente dava à oração o primeiro lugar!”

Dia 27 de Abril, II Domingo de Páscoa, Domingo da Divina Misericórdia, o Papa Francisco, em nome da Igreja dará dois santos para a humanidade.
Dois Papas que na sua vida e nas suas obras testemunharam o amor de Deus e a presença viva de Jesus no meio de nós...

Rádio Vaticana,
24 de Abril de 2014

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Fica, Senhor (Lc 24, 13-35)


Fica, Senhor:
Vem caindo a noite;
longo é o caminho e grande é o cansaço…

Fica, Senhor:
Diz-nos palavras de Vida
que aquecem a mente e incendeiam a alma.

Olha-nos, Senhor,
com esses teus olhos
de Luz e de Vida e devolve-nos a alegria esquecida.

Lava, Senhor,
as feridas de nossos pés cansados
desperta-nos para viver de gestos renovados.

Fica, Senhor:
Alinda-nos o rosto e o coração;
queima em nós toda a tristeza e faz brotar a esperança.

Fica, Senhor:
Aceita sentar-te à nossa mesa
e, paciente, diz-nos palavras quentes.

Parte para nós o Pão,
e abre-nos os olhos
duma fé adormecida!

Fica, Senhor:
Renova alegria e sonhos
e dá-nos essa Alegria e Paz de ressuscitados.

Leva-nos sempre, Senhor,
até ao mundo e à vida
para vermos o Teu rosto nos rostos do dia a dia.

Fica, Senhor:
Vem caindo a noite;
 longo é o caminho e grande é o cansaço…

Ulibarri
(traduzido e adaptado
por P. M. Nóbrega, CM)

sábado, 19 de abril de 2014

Santa e Feliz Páscoa!


A EXPERIÊNCIA DO REENCONTRO…




A Páscoa festeja-se como uma nova Primavera que apaga o difícil Inverno.
É belo e bom.


A quando dos acontecimentos da morte de Jesus, o cepticismo é geral.
Tudo o que se passa entre o túmulo e o cenáculo parece-se com uma crónica da dúvida.

Somente o reencontro com Jesus que se faz ver apagará essa incredulidade.
Maria Madalena ouve chamar o seu nome e a sua vida transforma-se. Os caminhantes cabisbaixos e derrotados reconhecem Jesus em Emaús na fracção do pão e correm cheios de entusiasmo levar a notícia aos outros. Outros, à beira do lago, começam a acreditar na ressurreição e sentem-se animados a levar a notícia a toda a gente.

A experiência da ressurreição dá-se no final de uma procura e no começo de uma missão.

Mais importante do que o túmulo vazio é a experiência do encontro com Jesus. Esta é que é decisiva. Estou eu disposto a deixar-me encontrar com e por Jesus?

Santa e Feliz Páscoa!
P. António Lopes,
(Director nacional
das Obras Missionárias Pontifícias)


Foto: Lusa

quinta-feira, 17 de abril de 2014

RELÍQUIAS E COLOS – ECOS DE UMA MISSÃO



Testemunho 2

“Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; pelo contrário, é uma necessidade que me foi imposta. Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho! (I Cor 9,16).


Eu sou Fr. Adenilson Pimentel Gomes, MC de Manhuaçu, Minas Gerais-Brasil. Pertenço ao Instituto Milícia de Cristo. Fui transferido para Portugal, há vinte dias, nestas terras gélidas (em comparação com a minha terra!), mas de um calor humano e fraterno que logo me senti em casa e acolhido.
Estamos em missão nas paróquias Milicianas, na diocese de Beja, mais concretamente, em Colos e Relíquias. Esta missão tem como coordenador o Pe. Agostinho, vicentino e director da Animação Missionária na Diocese. A equipa missionária em acção era formada pelas Irmãs do Bom Pastor, Ir. Celina e Ir. Conceição, pelo Pe. Agostinho, pelo Godfrey (para nós, Godofredo!) – da Nigéria e a estagiar na Paróquia de Vila Nova de Milfontes (Diocese de Beja), e pelos Milicianos de Cristo, Pe. Reuber, Diác. João, Fr. Diogo, Fr. Cristyan, Fr. Adriano e por mim, Fr. Adenilson.


Missão aquém fronteiras
A minha experiência missionária aqui em Portugal é nova em muitos aspectos: a cultura e a linguagem são diferentes, os costumes, a culinária, a oração, o clima, tudo é muito diferente do Brasil. No entanto, essa diversidade tem-me enriquecido muito a cada dia que passa. Já aprendi muita coisa e quando não entendia, logo perguntava como é. Por isso, de vez em quando, esta situação ocasionava momentos de alegria, pois todos nos ríamos das coisas ou expressões que tinham graça.
Todos os dias, os Missionários das 2 equipas (Relíquias e Colos) rezavam juntos a oração de Laudes, ora integrada na Eucaristia ora na Adoração ao Santíssimo. Logo após este tempo de louvor e de agradecimento, vinha o campo de Missão. Visitamos Lares de Idosos, Centros de Dia, Escolas, a comunidade Tamera, Montes, Aldeias... Fizemos a visita a cada Família, indo de casa em casa. A oração e a bênção chegaram a todas as casas e pessoas, bem como aos estabelecimentos comerciais ou lugares de trabalho (cafés, restaurantes, oficinas, carpintarias, fábricas).
O acolhimento foi muito bom, com excepção de um ou outro caso. Nas muitas Missões que participei no Brasil além das boas palavras que escutava, as pessoas ofereciam aos Missionários um cafezinho. Aqui, foi um pouco diferente! Também recebemos muitos gestos e sinais de carinho e para significar a alegria da visita, muitas pessoas ofereciam vinho do Porto ou outro vinho ou ainda um licor.

“Fui evangelizar e saí evangelizado!”

A Missão é a acção evangelizadora da Igreja, pois o Concílio Vaticano II no Decreto Ad Gentes sobre a Actividade Missionária da Igreja, no seu número 1, diz:“A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser “sacramento universal de salvação, por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo a um mandato do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens. Já os próprios Apóstolos em que a Igreja se alicerça, seguindo o exemplo de Cristo, pregaram a palavra da verdade e geraram as igrejas”.
Outrora, alguém disse: “Fui evangelizar e saí evangelizado!”. Hoje, também eu afirmo: Aprendi muito nesta Missão Popular, nestas terras do bacalhau, do vinho, do porco preto, do Povo alentejano, do Povo acolhedor. Agradeço a Deus esta oportunidade de partilharmos uns para com os outros o que temos e somos, os nossos talentos e os dons e a nossa Missão.

Fr. Adenilson, Brasil

Miliciano de Cristo

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A Páscoa e a fé no Ressuscitado

A Páscoa e a fé no Ressuscitado

Depois de um itinerário acompanhando Jesus durante a Quaresma, chegamos à Páscoa, para Jesus meta do seu caminho, para nós início de um novo caminho, ou melhor, de um itinerário com um horizonte e meta distante, mas real. Na verdade, ficamos a saber que o sofrimento e a morte fazem parte do caminho, mas não são a meta final, pois é a vida que sai vitoriosa. Paulo diz-nos na primeira carta aos Coríntios (15, 14) que, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e a nossa fé e os seus discípulos seriam as pessoas mais infelizes do mundo.


Porque Cristo ressuscitou, está vivo, os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo de hoje e todos aqueles que os antecederam, biliões de pessoas, muitas delas entregando a sua vida pela sua fé na ressurreição, não fogem das situações de contrariedade e sofrimento. Ontem como hoje os discípulos missionários de Jesus Cristo mantem-se junto dos povos em guerra ou a sofrer com a pobreza e cataclismos da natureza, na Síria, no Sudão, nos Camarões, etc.

Recordemos apenas um S. João de Brito, que preferiu o martírio na ìndia ao conforto da corte real em Lisboa, ou a Madre Teresa de Calcutá junto dos pobres no Bangladesch, ou o jesuíta holandês Frans van der Lugt morto à bala há poucos dias na Síria e tantos outros que anualmente são martirizados pela fé no Morto Ressuscitado junto dos povos e das pessoas que sofrem!

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terça-feira, 15 de abril de 2014

Missão à escala internacional



Talvez o título seja demasiado ambicioso e muito abrangente. Mesmo correndo o risco de parecer muito expressivo e forte, até aos dias de hoje, não houve na diocese, nestes últimos tempos uma Missão tão internacional, mesmo sendo vivida em duas pequenas paróquias do concelho de Odemira: Colos e Relíquias.
A equipa missionária era composta por portugueses (três), brasileiros (seis) e um nigeriano. A maior parte dos membros da equipa participou, pela primeira vez, numa Missão Popular. Além destes pormenores, ricos e significativos, a Missão dirigiu-se aos habitantes de Relíquias e de Colos, mas também a um grupo de gente ‘estrangeira’, não apenas de nacionalidade ou língua, mas diferente no modo de viver e de encarar a sociedade. Falamos da Comunidade Tamera. Gente nova e de várias idades, abriu-se à Missão, acolheu a Senhora da Visitação e a equipa missionária. Partilhou o seu estilo de viver e a sua refeição. Não faltou o tempo de oração. Rezou-se, em português e em inglês, conforme a língua mãe de cada um ou aquela que melhor ajudou a criar comunhão e laços de amizade. Foi bonito.
Afinal, o título não está tão desajustado ao que se experimento e viveu em Colos e em Relíquias, nas primeiras semanas de Abril. Dois dos missionários, oriundos de continentes diferentes, narram as suas vivências e transmitem os seus testemunhos de vida.

Testemunho 1

- Sair em Missão -

Com muita alegria começamos e vivemos duas semanas de Missão Popular nas Paróquias de Colos, Relíquias e suas comunidades (montes dos arredores). Fiz equipa com os padres Agostinho e Reuber, pároco. As Irmãs do Bom Pastor, Diác. João, e Frei Adenilson, também fizeram parte desta equipa de evangelização.
Houve encontros de comunidades familiares. Algumas pessoas vizinhas juntaram-se para partilhar a fé e a experiência cristã. Trataram vários temas especializados. Visitamos e participamos nestas comunidades e encontros. É muito bom e interessante ver as pessoas a terem tempo para Deus, para lerem a Bíblia juntos. É importante também ver os cristãos a terem interesse em conhecer Deus e os mistérios da nossa salvação.

Ao longo da Missão tivemos várias procissões com Imagem Peregrina da Nossa Senhora das Missões. Em todo o lado, houve boa participação por parte do povo.

Visita e encontro com as famílias
Na Missão houve uma acção muito forte: Tivemos a visita e a bênção às famílias. Foi um momento que gostei imenso de fazer, isto é, de ir ter com as pessoas em suas casas. Foi uma experiência e uma realidade muito interessante, mas muito diferente do que já fiz no norte (compasso ou visita pascal). Alguns aceitam e acolhem-nos com entusiasmo; outros, com receio, e outros, ainda, com uma indiferença enorme.
Aqueles que têm receio em nos acolher, sobretudo nos montes e lugares distantes, tinham um motivo: a polícia, por razões de segurança, tinha-os avisado para não abrirem a porta a estranhos e a pessoas não conhecidas. Aceitamos e compreendemos perfeitamente a situação, pois já houve pessoas que, num passado recente, se disfarçam de equipa médica, de funcionários de Banco, de polícia, de religiosos e de funcionários da segurança social. Com este disfarce o motivo, enganaram e roubaram os idosos da aldeia ou os mais isolados. Os outros, que acolhiam com indiferença, notava-se uma enorme falta da fé, e outros ainda, diziam que não ligavam nada a Deus nem à religião! É muito interessante saber ou reconhecer que cada sítio ou local tem a sua realidade própria no que toca a assuntos religiosos. Deste modo, aparecem os aspectos positivos e os negativos.
Como equipa missionária, tivemos uma oportunidade única de visitar a Tamera. É uma comunidade universal, com cerca de 200 pessoas, no mais interior do Colos e de Relíquias. Esta comunidade é oriunda da Alemanha, tem cerca de 20 anos e os seus membros são de várias procedências: Inglaterra, América, Holanda, Itália, Espanha, Portugal, Palestina, etc. Pode-se dizer que é uma comunidade isolada da realidade urbana. Os que a procuram, depois de fazerem um tempo de adaptação, querem viver perto da natureza. É interessante ver que, neste tempo em vivemos, há pessoas que querem um estilo de vida diferente, afastado do mundo da tecnologia e das novidades do nosso tempo.

Re-envangelização do povo
Nas nossas visitas familiares que foram feitas nesta missão popular pude observar que há muito a fazer na área da missão e da re-evangelização do povo. Encontramos muitas pessoas que estão totalmente na ignorância no que diz respeito à religião. Algumas delas, a causa é a influência da ciência e do modernismo (mais novos e com alguns estudos) e outras, por causa do anti-clericalismo (mais velhos). Por motivos diferentes, uns e outros, não querem saber nada de Deus nem da Igreja.
Nesta base de constatação, julgo ser necessário, nestas e noutras aldeias, uma catequese forte, duradoira e contínua para que mais alguns possam abraçar a fé. É muito triste, ir para uma terra, e ver que os nossos jovens, o futuro do mundo e da Igreja, morrem na ignorância e indiferença no que diz respeito a Deus e à Igreja. Por isso, como sugestão, proponho que haja missão contínua e intensa nos locais mais interiores da nossa diocese, nunca esquecendo as famílias. As nossas famílias, modernas ou não, necessitam de uma catequese forte, para uma renovação dos valores e para uma re-evangelização, para ser de facto, a Igreja domestica.
Agradeço imenso ao pároco, Pe. Reuber, e ao Pe. Agostinho, pela oportunidade que me deram para participar nesta Missão Popular. Que Deus seja a nossa recompensa! Que, por intermédio dos missionários, Nossa Senhora das Missões continue a chamar mais homens e mulheres para ‘fazer tudo o que Jesus disser’ e estarem atentos ao que Deus quer!

Ikechukwu Mary Godfrey A. Okeke – Nigeriano
(Seminarista da diocese de Beja,

a fazer estágio na paróquia de V. N. Milfontes)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

“Cuidar da Fé – Cuidar do Homem”



Mais de três dezenas de pessoas das paróquias de Sabóia, Santa Luzia, S. Martinho das Amoreiras, Relíquias e Colos participaram no 15º Encontro de Formação para Animadores da Comunidade. Aconteceu no passado sábado, 12 de Abril, no Salão da Junta de Freguesia de Colos e contou com o apoio da Santa Casa da Misericórdia. O tema “Cuidar da Fé-Cuidar do Homem” foi tratado pelo P. Fernando Soares, da comunidade vicentina de Viseu.
O momento de oração inicial, com a parábola do Bom Samaritano e a palavra de Jesus “Vai. Faz tu também o mesmo”, deu o mote ao tema do dia. O orador, por sua vez, ensaiou o cântico “Como o Pai me amou!” e, a partir dele, abriu a reflexão que conduziu a um trabalho de grupos.



A Fé é uma Bênção
Como a vida, a fé é um dom frágil. A partir da carta aos Efésios, o P. Fernando, começou por abordar a fé como uma bênção que nos faz filhos de Deus, herdeiros das suas bênçãos, cristãos, enriquecidos pela graça de Jesus que nos orienta para a santidade e para o amor. A fé enriquece e renova a existência humana e, por ela, aprendemos a ver a vida e os outros com mais confiança, ânimo e responsabilidade. De seguida, apontou as dificuldades para a vivência da fé: a indiferença religiosa e as dúvidas do ambiente social, as críticas à igreja, a desconfiança em Deus devida aos sofrimentos e tragédias, o comodismo e a dificuldade de sacrifício.
Seguindo um autor (de seu nome, Armando Matteo) que escreveu recentemente sobre a primeira geração incrédula (a difícil relação entre jovens e fé), apontou alguns caminhos a seguir: uma fé jovem (manter um espírito jovem que leve o cristianismo a um contínuo “acompanhar o ritmo”), a gramática da fé (primado do amor a Deus e ao próximo), fazer dieta (requer uma racionalização e hierarquização dos interesses: deixar o que tem pouco interesse e ir ao encontro do que é essencial), um cristianismo com iniciativas personalizantes e personalizáveis, captar o grito (que pede esperança para o futuro para criar uma nova “solidariedade e justiça” entre jovens e adultos).

A fé defende a dignidade do homem
Seguindo um esquema, claro e incisivo, o P. Fernando, apontou uma série de pontos para justificar que, sem a fé, ficamos mais pobres: diluem-se os critérios do bem e do mal; perde-se a orientação do percurso da existência; esbate-se o sentido da dignidade humana; o homem julga-se dono absoluto de si e da vida, perdem-se referências de aperfeiçoamento da humanidade (servir e dar a vida, amar o próximo, perdoar, não julgar). Pelo contrário, a fé leva-nos a procurar o verdadeiro rosto de Deus, manifestado em Cristo, a descobrir a beleza do homem criado à imagem e semelhança de Deus, a vencer o vazio, a alimentar a vida espiritual e a cultivar os frutos do Evangelho. Tudo isto leva a renovar o homem e a sociedade e ajuda a cuidar dos outros ao jeito de Jesus, anunciando a misericórdia e a esperança, ir ao encontro dos pobres e dos pecadores, com a atitude do Bom Pastor que procura e acolhe a ovelha perdida. Desta forma, cuidar é sinónimo de educar, em todas as dimensões (física, intelectual, moral e espiritual). No dizer de Bento XVI, “educar é conduzir para fora de si mesmo, ao encontro da realidade, rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa”.



Olhar o homem à luz de Deus
A renovação do homem e da sociedade, à luz destes princípios, leva a respeitar a sua dignidade de filho do mesmo Pai, como irmão; a um olhar de amor e de misericórdia, a um olhar de fraternidade e de simpatia traduzida no diálogo, no acolhimento a todos, na aproximação aos que necessitam de ajuda (periferias). Tudo isto, exige que nos façamos próximo do outro, ao jeito do bom samaritano (ver, inclinar-se, tocar e dar a mão, levantar os caídos, ajudar os necessitados.
Os trabalhos foram decorrendo a bom ritmo. Foram formados quatro grupos para reflectir um texto de Mia Couto, intitulado “Geração à rasca”. Todos os grupos partilharam as inquietações do autor e ao mesmo tempo de cada um dos intervenientes.
Um pequeno feixe de ideias poderá sintetizar a reflexão: Há um caminho estreito a percorrer, sendo necessário estar preparado para enfrentar as dificuldades e provações da vida; é urgente passar do “eu” para o “outro” para o “nós” e para a comunidade, o que exige a renúncia de si mesmo para alcançar a verdadeira liberdade e dignidade sempre associadas ao serviço e à participação na comunidade.
Neste caminho estreito, a fé leva-nos a acreditar e a crescer numa vida nova e a semear o mundo novo do Reino de Deus. Tal desafio é esperança e incentivo na construção de um futuro mais fraterno e justo.
Como remate final, ficou a citação: “A fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso “eu” isolado abrindo-o à amplitude da comunhão” (LF 4).
Mais um Encontro de Formação no contexto de Missão Popular. Os participantes mostraram-se agradados com a temática e com o ambiente criado à volta desta acção de formação. Muitos deles disseram que estes encontros devem continuar. Com esta convicção, anuncia-se que o próximo encontro será a 17 de Maio, em Almodôvar.


P. Agostinho Sousa, CDM/Beja

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Rejuvenescer na alegria da fé



1. Refazer a vida e o itinerário
Durante a Quaresma deste ano nas minhas notas semanais tenho estado a fazer uma leitura orante da mensagem e da vida de Jesus, a partir dos textos que a Igreja propõe para os domingos, fazendo alguma aplicação ao nosso tempo e cultura.

Aproxima-se o final da Quaresma e entramos na Semana Santa, a Semana Maior dos cristãos, na qual celebramos os acontecimentoss centrais e finais da vida de Jesus, a sua entrada triunfante em Jerusalém, a última ceia com os discípulos, carregada de ensinamentos e gestos, a prisão de Jesus, o seu julgamento sumário e condenação à morte de cruz, a que se segue a experiência inaudita da ressurreição, em que as mulheres e os apóstolos são envolvidos.

A partir destes acontecimentos os discípulos têm de refazer a sua vida, mudar o seu modo de pensar e começar um novo itinerário de missão. Desde há alguns anos que a Igreja coloca no Domingo de Ramos a jornada mundial de juventude, que, de três em três anos, se celebra num país diferente com a presença do Papa.


Em 2011 foi em Madrid com o Papa emérito Bento XVI e no ano passado foi no Rio de Janeiro com o Papa Francisco, que convocou a próxima jornada com a sua presença para Cracóvia, na Polónia, em 2016, começando a preparação já este ano a nível das dioceses. O tema é a partir das bem-aventuranças, proclamadas e vividas por Jesus Cristo e que são a carta magna dos princípios fundamentais dos seus discípulos. Para este ano o Papa propõe aos jovens a primeira bem-aventurança: felizes os pobres em espírito, porque é deles o Reino dos Céus (Mt 5, 3).

Que todos queremos ser felizes e procuramos a felicidade e os jovens são particularmente sensíveis a isso, é um facto incontestável. Mas em que consiste a felicidade ou o que dá alegria, satisfação e prazer aos jovens de modo duradoiro e consistente? As coisas, os amigos, o possuir e ter à disposição aquilo de que se gosta dá alegria, mas pode ser passageira, pois a relação de posse escapa à liberdade. Feito para amar, o coração da pessoa só nessa relação encontra a realização feliz da sua vida. 

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Missão: Seguir os Passos de Cristo



Mais uma grande lição de catequese, ao vivo. No contexto da Missão Popular, a vila de Colos engalanou-se para viver a Procissão do Senhor dos Passos. Todas as entidades, a começar pela Junta de Freguesia, se mobilizaram para dar brilho e beleza a esta tradição que ilustra, de forma expressiva, os últimos momentos da vida de Cristo.



As ruas foram enfeitadas, os quadros simbólicos foram colocados em locais apropriados e muitas das portas foram ornamentadas com palmeiras. Na igreja matriz, os andores e as outras alfaias próprias para esta quadra, estavam prontos para o momento solene. Um tríduo de preparação foi a proposta feita, dando a todos, a oportunidade de um encontro com o Senhor da Cruz, com a Mãe da Compaixão e com o Sacramento do Perdão.
O domingo chegou e o tempo parecia preparar-se para o acontecimento. A Eucaristia, ponto alto das celebrações, foi animada pelo coro litúrgico da Paróquia de Grândola, que lhe deu maior solenidade e dignidade. À hora marcada, saiu a Procissão. A Banda de Música do Cercal dava os primeiros acordes, chamando à interioridade e à reflexão.

Além vai Jesus, que lhe queres tu?
Pelo pregador, foi dado o tom da caminhada: “Os Passos do Senhor e os nossos passos de hoje”. Em passo lento, chegou-se ao primeiro quadro, depois, ao segundo e, logo de seguida, ao terceiro. A Verónica convidava à disponibilidade interior e, nos vários quadros, foi feita uma meditação alusiva. O andor do Senhor, transportado pelos homens solteiros, avançava e, na praça central, deu-se o Encontro. A Mãe Dolorosa aproximou-se. Eram os homens casados, a carregar o andor. Frente a frente, Mãe e Filho. O silêncio falava. E as palavras proferidas eram acolhidas com comoção. Era o Encontro do “Filho condenado” com a “Mãe das dores”.
Lentamente, a Banda de Música, proponha melodias alusivas que enchiam a alma. E era a subida. Não a do Calvário, mas uma subida íngreme até ao cruzeiro, junto à igreja. Uma nova pausa e mais uma reflexão: “O calvário de esperança”.


Quero ir com Ele, que Ele leva a Cruz
Mais uma vez, e agora lado a lado, as imagens da Mãe e do Filho. Momentos de silêncio e de interiorização. Por fim, aconteceu a entrada na Igreja Matriz. Todos, contemplando a cruz que surge no alto do altar-mor, escutam as palavras e o canto da Verónica e criam espaço interior para escutar a última reflexão: “Toda a nossa glória está na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
O silêncio imperou. Foram feitos agradecimentos a entidades, pessoas e grupos. Invocou-se a bênção do Senhor para todos. Todos ficaram gratos a Deus pelo grande amor que oferece a toda a humanidade e rezaram um poema de A. Herculano, intitulado “Que reine para sempre a Cruz”!
A Missão passou por estes caminhos, no esforço feito, no envolvimento de pessoas e meios, na programação cuidada e atenta. Um único objectivo norteou a disponibilidade e o compromisso das pessoas: tudo fazer por amor a Cristo que deu a vida pela humanidade inteira. Muitos foram os que, ao longo de quase duas horas, acompanharam os passos de Jesus e se deixaram tocar pela Sua Palavra.
Neste último domingo, em Colos, a Missão esteve bem presente na rua! O Senhor da Cruz, passou pelos caminhos, bateu à porta, entrou na vida de tanta gente e quis ficar no coração de todos.

P. Agostinho Sousa, CM