quinta-feira, 30 de julho de 2015

Férias e Festas

1. As férias são necessárias?

Começar esta última nota antes da interrupção do mês de agosto com uma interrogação sobre a necessidade das férias é arriscar não ser lido e deixar uma má impressão nos amigos e colaboradores, pois elas fazem parte dos direitos do trabalhador, direitos sagrados conquistados à custa de muitas lutas e sofrimentos. As férias, os dias de descanso e o número de horas laborais por semana são direitos adquiridos e espero que a economia de mercado não prevaleça sobre a dignidade da pessoa humana, fazendo desta uma máquina de trabalho e um instrumento de lucro. Já Jesus reconheceu e recomendou essa necessidade aos discípulos (cf. Mc 6, 20-44 e Mt 11,28).

Mas como vivemos as nossas merecidas férias? Será necessário sair de casa e da terra onde habitamos todo o ano para ter férias? Será que o facto de viajarmos para outras terras e aí passarmos uns dias nos descansa mesmo? Além disso, muitos nem sequer usam os dias de descanso semanais para repousar do ritmo acelerado em que vivem. O tráfico nas estradas mantém-se intenso, embora não em direção aos locais de trabalho, como nos outros dias.

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sexta-feira, 17 de julho de 2015


Ecologia dos afetos

1. A educação dos afetos

Há pessoas muito racionais e frias nas suas relações com os outros, mas que ficam melindradas quando alguém lhes toca no seu amor próprio, põe em causa o seu discurso ou a sua opinião, mostrando que não se aplica na situação presente. Isto deve fazer-nos pensar sobre como educamos a nossa personalidade. A exaltação da racionalidade sem ter em conta outros aspetos da vida do ser humano, sobretudo as suas relações com outros e com o ambiente, não pode ser considerada uma educação boa, integral, à qual se refere, por várias vezes, a recente encíclica do Papa Louvado sejas, sobre o cuidado da casa comum.




No exercício das nossas relações com os outros, com a natureza e com Deus, precisamos de envolver todas as capacidades de que estamos dotados, corpo, sentidos, vontade, inteligência e respeitá-las também nos outros. Os demagogos que usam apenas a palavra, os argumentos racionais, sem implicação das suas pessoas, sem coerência de vida, sem sensibilidade e afeto para com os outros, depressa caem na desgraça dos seus ouvintes e deixam de ser escutados.

Mas como e onde podemos desenvolver estas múltiplas capacidades de que estamos dotados? Nesta breve nota irei apenas falar de uma, mas que envolve todas as outras: a educação para os afetos, para a gratuidade, a solidariedade, a atenção aos outros, para o amor. Antes de aprender a falar, já a criança aprende a sentir e expressar o seu afeto, no berço, ao colo, na família.


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segunda-feira, 13 de julho de 2015

Voluntariado missionário

A Fundação Fé e Cooperação divulgou, na semana passada, o relatório do voluntariado missionário e informou que 900 portugueses participam em ações internacionais e nacionais, sendo "a maioria estudantes e pessoas empregadas”.
“No ano de 2015, são cerca de 624 os que realizam atividades de voluntariado/missão em Portugal e 276 jovens e adultos que realizam projetos de voluntariado missionário em países em desenvolvimento”, contabiliza a fundação da Conferência Episcopal Portuguesa.



Num comunicado enviado à Agência Ecclesia, a Fundação Fé e Cooperação (FEC) revela que os dados divulgados resultam de um inquérito realizado às 61 entidades que integram a Rede de Voluntariado Missionário onde tem responsabilidade de coordenação. Das 61 entidades responderam 44, “menos cinco do que em 2014, e 29 enviam voluntários em missão, “menos nove do que em 2014”.
A fundação explica que os principais continentes a receber voluntários são África, América do Sul e Central e Ásia recebendo a totalidade dos 276 voluntários portugueses internacionais.

Países lusófonos
Entre projetos de curta e longa duração, o relatório do voluntariado missionário precisa que Moçambique vai acolher 74 voluntários enquanto Cabo Verde já acolhe 71; Angola 38; São Tomé e Príncipe 36; o Brasil conta com 27; Guiné-Bissau 18 e Timor-Leste recebe 9. Para além dos países lusófonos a Bolívia recebe dois voluntários e o Perú recebe um.
Segundo a FEC, a maioria dos 276 voluntários que parte em missão são estudantes e pessoas empregadas que dedicam a suas férias aos voluntariado e destes 54 “repetem a experiência e partem de novo”.
A faixa etária com mais relevo situa-se entre os 18 e os 30 anos e 88% são estudantes, recém-licenciados ou pessoas empregadas que dedicam as férias ao “desenvolvimento de projetos de voluntariado internacional”.
Para projetos de curta duração, desde os 15 dias aos seis meses, viajam 249 pessoas e os restantes 27 voluntários dedicam-se a projetos entre sete meses a dois ou mais anos. “Destes, 73% são mulheres e 27% homens”, explica a Fundação Fé e Cooperação.



O relatório do voluntariado missionário destaca ainda que oito pessoas, “com idades entre os 18 e os 35 anos”, deixam o seu emprego e partem este ano para países em desenvolvimento
Segundo os dados recolhidos, 12 pessoas que já se encontravam desempregadas também vão dedicar o “seu tempo a experiências de voluntariado missionário”.

Acção e público-alvo
Os voluntários missionários dedicam-se à educação e formação, que “continua a ser o principal foco”, mas com ação também na agricultura, animação sociocultural, construção de infraestruturas, pastoral, saúde, dinamização comunitária. Segundo a FEC, o público-alvo preferencial das entidades no terreno são “as crianças (17%), jovens (15%), famílias (8%)” e ainda a capacitação das mulheres (9%).
A nível nacional, informa a organização católica, são 624 jovens e adultos que em 2015 realizam atividades de voluntariado missionário com uma duração variada e que é desenvolvido em todas as áreas do país: Maior “incidência em Lisboa e Vale do Tejo - 228 voluntários; nas Beiras (Alta e Baixa) – 89; e Minho com um total de 76 voluntários em ação”.
“O voluntariado missionário distingue-se do voluntariado internacional para a cooperação principalmente pela sua génese cristã-católica”, diferencia ainda a FEC.
CB/PR

(Ecclesia-Julho/2015)

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Espiritualidade ecológica

1. Ecologia integral

A ecologia estuda as relações entre os organismos vivos e o meio ambiente onde se desenvolvem,lemos na encíclica Louvado sejas (n. 138). O ser humano, dotado de capacidades reflexivas, deve pensar e orientar a sua vida, corpo e espírito, em todas as relações, sem excluir nenhuma. Nos capítulos IV e V da encíclica o Papa Francisco menciona e descreve todas essas relações, mostrando a sua importância para a realização plena e harmónica do ser humano.

A ecologia ambiental, económica e social estão interligadas. Nenhuma pode ser excluída em benefício de alguma delas. A exclusão de alguma dessas relações ou de algum membro da nossa sociedade é um empobrecimento da realidade e tem repercussões no bem integral do todo. Por isso, como seres dotados de inteligência, criados à imagem e semelhança de Deus, foi-nos confiado o cuidado de toda a criação. O nosso próprio bem depende do todo que nos envolve.

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terça-feira, 7 de julho de 2015

A Alegria de ser missionário

Acabaram-se as aulas, as actividades paroquiais e pastorais entraram numa fase menos intensa. O tempo de férias e de descanso é muitas vezes, usado pelos grupos e movimentos para programas de reflexão, para visitas culturais e de âmbito religioso, para peregrinações, ou outras actividades que, noutras épocas do ano, não é possível realizar.
Muitas paróquias e grupos, de modo particular, grupos de jovens, ligados a congregações ou mesmo paroquiais, gastam parte do tempo de férias em projectos de voluntariado ou em experiências missionárias.
A nossa Diocese de Beja, todos os anos, nos mais diversos lugares, recebe vários grupos de cariz missionário e usufrui da sua presença e testemunho alegre.
Desta vez, vou apresentar 3 desses grupos: JMV, Férias Comunitárias da Paróquia de Nª Sª da Conceição de Olivais-Sul, Lisboa e Grupo Ondjoyetu – Leiria-Fátima. Em próximas ocasiões serão apresentados outros grupos.

1 - A Juventude Mariana Vicentina (JMV)



A Juventude Mariana Vicentina é um movimento juvenil que tem por objetivo acompanhar os jovens cristãos no crescimento da sua fé, até à maturidade cristã. Também o leva a viver comunitariamente a fé inspiradora nos testemunhos de Maria e Vicente de Paulo. O nome oficial da Associação em Portugal é: Juventude Mariana Vicentina (J.M.V.). A sua insígnia ou divisa é a Medalha Milagrosa.
A JMV é a mesma Associação dos Filhos e Filhas de Maria, que teve origem nas aparições da Virgem Maria a Santa Catarina Labouré em 1830. Foi aprovada por Pio IX em 1847 e posteriormente confirmada por outras disposições da Santa Sé.
A JMV é um movimento de leigos, composto e orientado por leigos. JMV é um modo ser cristão hoje, na Igreja rejuvenescida e enriquecida pela diversidade dos carismas que o Espírito Santo vai suscitando através dos tempos. 
A JMV conta com o apoio dos Padres da Congregação da Missão (Padres Vicentinos) e das Irmãs Filhas da Caridade.
A paróquia de Entradas, concelho de Castro Verde, de 18 a 26 de Julho, acolherá um grupo de Jovens da JMV, vindos do norte, centro e sul do país, que será acompanhado pelo P. Bruno, vicentino e pela Irmã Isabel, Filha da Caridade. A programação feita em consonância com o Pároco local, P. Paulo do Carmo e com a Comunidade de Entradas, consta de actividades de rua com as crianças (Largo da Igreja), de uma caminhada dos Sacramentos (Capela da Nossa Senhora da Esperança), de uma serenata a Maria (Largo da Igreja), da celebração da Luz (Largo da Igreja), e de noite Cultural (Largo da Igreja), bem como momentos de oração e celebração da Eucaristia. Do programa constam também a visita porta a porta, o encontro nas casas e locais públicos (cafés, centro de dia e Lar e outros). Esta actividade tem como ponto alto a Festa de S. Tiago, padroeiro da paróquia e vila centenária de Entradas.

2 – Grupo de Jovens da Paróquia de Olivais-Sul – Lisboa



As Férias Comunitárias são uma atividade organizada pelos jovens da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Olivais Sul desde os anos 80. Em Agosto, aproveitando as férias escolares, o grupo de jovens da paróquia parte para as aldeias do concelho de Mértola, uma das zonas mais desertificadas e mais pobres do país, onde se nota uma grande carência de bens e de afectos. É em pleno Alentejo que o grupo permanece durante cerca de dez dias no serviço à comunidade. É um tempo para deixar as coisas do dia-a-dia, sem as quais os jovens pensam não conseguir viver. É partir em espírito de serviço, entrega e partilha. É uma oportunidade para, longe das rotinas habituais, se tentar viver um pouco mais ao jeito de Jesus Cristo. As Férias Comunitárias são antes de mais uma atividade missionária, o principal objectivo é anunciar Cristo e o Evangelho, em palavras e gestos. Assim, todos os dias o grupo organiza uma oração comunitária ou celebração da palavra na capela da aldeia para dar às pessoas a experiência de rezar em conjunto. Quando é possível celebrar a Eucaristia os jovens animam a celebração com cânticos.
Este ano, de 1 a 12 de Agosto, em princípio, serão as localidades de Algodôr e Penedos, em Mértola, a acolher uma vez mais, este grupo de gente nova que quer testemunhar a sua alegria de viver e o seu amor a Jesus Cristo e à Igreja.

3 – Grupo Ondjoyetu - Missão no Alentejo 2015




Desde o ano 2002, o Grupo Ondjoyetu tem realizado missões de curta duração por terras do Alentejo nos primeiros dias do mês de Agosto de cada ano.
Dando seguimento a esta iniciativa, neste ano, a missão decorrerá de 01 a 09 de Agosto nas proximidades da cidade de Sto André, mais precisamente na povoação de Brescos, junto à conhecida Lagoa de Santo André. 
Os encontros de preparação para a Missão Alentejo 2015 continuam no sentido de se construir um espírito de grupo e se poder preparar cada momento que vamos viver por lá. A preparação está a ser feita em diálogo com o pároco daquela área, P. Abílio Raposo, a fim de que o trabalho possa ser enquadrado na pastoral local e ter depois continuidade.
Na próxima segunda-feira, dia 13, às 19:15h, na Sé, em Leiria,será feito o envio missionário da Equipa que irá assegurar a missão no Alentejo. Este envio surge integrado na celebração do Aniversário da dedicação da Catedral e das instituições de Leitor e Acólito de três seminaristas maiores. A celebração será presidida pelo nosso Bispo D. António Marto que fará o rito de envio do grupo missionário Ondjoyetu, constituído por 7 elementos, incluindo o padre David Nogueira Ferreira, que irá desenvolver atividade caritativa e apostólica no Alentejo, na Paróquia de Santo André, da diocese de Beja, de 1 a 9 de Agosto próximo.

P. Agostinho Sousa

CDM/Beja

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Cuidadores mandatados

1. Visão bíblica sobre o homem e o mundo

O Papa Francisco ao escrever uma encíclica sobre a ecologia não ultrapassou as suas competências ou quebrou as raízes da visão bíblica sobre o homem e a criação, abordando um tema da moda de alguns pensadores, tomando posição contra quem defende uma economia de mercado e um desenvolvimento ilimitado, sempre crescente, sem preocupação com o ambiente. Bem pelo contrário. Alguns querem empurrar a Igreja e os cristãos para a sacristia, para uma expressão da fé privada, fora do espaço público. A Bíblia não é um livro de ciência moderna, mas não deixa de ser uma leitura inspirada pelo Espírito Santo da vida do ser humano situado no planeta terra, lendo os acontecimentos da sua história na perspetiva da sua orientação para Deus.



A isto se refere o Papa no nº 63: Se tivermos presente a complexidade da crise ecológica e as suas múltiplas causas, deveremos reconhecer que as soluções não podem vir de uma única maneira de interpretar e transformar a realidade. É necessário recorrer também às diversas riquezas culturais dos povos, à arte e à poesia, à vida interior e à espiritualidade.

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