segunda-feira, 31 de março de 2014

Ao serviço da Missão



Foi com grande entusiasmo que aceitei fazer parte da equipa missionária para a missão em Saboia e Santa Clara-a-Velha. Na realidade eu e minha esposa, despedimo-nos dos nossos animais de estimação, dos nossos afazeres aqui em S. Teotónio e de alguns compromissos, mesmo a nível pastoral, para nos pormos a caminho porque missão é caminhar e caminhar ao encontro do outro. De facto foi assim.
A missão começou no dia 8 de Março com a recepção da imagem de Nossa Senhora das Missões, em Pereiras-Gare que entusiasticamente foi recebida por um grupo de pessoas daquela aldeia especialmente jovens, pela equipa missionária: Sr. Padre Agostinho, Irmãs do Espírito Santo (Gorete, Ascensão e Emília), por mim e minha esposa, Nélida.
Para começar a missão foi muito bom, porque ali foram vividos momentos fortes, pois a acompanhar a imagem veio um grupo de Ermidas e Alvalade com o seu pároco, Padre Sales, que no seu sermão de entrega da imagem a Pereiras muito bem soube testemunhar a missão. Seguiu-se um lanche partilhado que nos proporcionou momentos felizes de convívio.


Viver em comunidade
Esta foi a recepção. Os dados estavam lançados. A partir deste momento a missão começa a desenrolar-se com a realização das assembleias familiares “catequeses”. Tive o grato prazer de ser animador de algumas, de modo particular, aquela que foi baptizada com o nome “PAZ” e que funcionou na casa de D. Isabelinha. Esta senhora, com toda a amabilidade, também nos recebeu para pernoitar na sua casa, a mim e à minha esposa e ao padre Agostinho. Uma verdadeira Senhora que, com 90 anos de idade e com muita dificuldade em ver, nunca deixou de fazer questão de nos servir o pequeno-almoço e, quando já pela noite dentro chegávamos a casa, lá estava para nos receber.
Nas assembleias familiares, quer em Saboia, Santa Clara-a-Velha e Luzianes, encontrei uma disposição para ouvir a Palavra de Deus e criou-se, na realidade, um ambiente de primeiras comunidades Por vezes, senti-me verdadeiramente a viver em comunidade. Senti que aquelas populações apesar de maioritariamente idosas estavam ali presentes e todas elas manifestaram o desejo de continuar a ser apoiadas espiritualmente. Nesta primeira semana vivi uma experiência de contacto e partilha com as populações das diversas comunidades, especialmente idosos no lar e centros de dia e também com as crianças das escolas que, para mim e minha esposa, foram altamente enriquecedoras porque foi muito mais o que recebemos em experiência do que aquilo que tínhamos para dar.


Equipa unida e animada
A segunda semana preenchida com celebrações temáticas, via-sacra e procissões, preencheu-me do ponto de vista da prática da vivência da fé. O trabalho não foi pouco mas agora que já passou, reconheço que houve da parte de quem era responsável pela equipa, o Padre Agostinho, uma capacidade quase inacreditável de coordenar o serviço de modo a que entre cenários a montar num lado e a desmontar noutro, com distâncias consideráveis a percorrer, tudo correu sobre rodas e ainda por cima mantendo a equipa verdadeiramente unida e animada num ambiente de partilha de trabalho, de entrega e de esforço, para chegar a todos. Aparra-me realçar e enaltecer este testemunho de entrega feliz e alegre. Esta equipa mais parecia uma só pessoa e durante estes dias criou-se entre os vários elementos laços ainda mais fortes de amizade e partilha.


Testemunhos de amor e de dedicação
 A adesão quer às Procissões, Via-sacra e Celebrações por parte daquelas pessoas, que não obstante viverem longe e algumas sozinhas, foram bem o testemunho de que a fé não é algo abstracto mas sim verdadeiro e que vive no seu coração.
No encerramento dos quinze dias de missão viveu-se ainda mais intensamente este tempo porque tivemos connosco a presidir às celebrações o nosso pastor, D. António Vitalino, que nos soube transmitir o verdadeiro sentido de seguir Jesus. E, nos momentos de convívio, deixou-nos o seu testemunho de amor e dedicação ao seu rebanho.
Regressado a casa, encontrei os meus animais de estimação sedentos do meu carinho, eu realizado porque vivi quinze dias que reforçaram em nós, casal, o espirito de missão.
Em jeito de despedida queria só deixar o meu apelo para que não se perca nenhuma daquelas sementes que foram deixadas nestas terras do interior onde por vezes falta a rega tão necessária para que elas germinem.
Por mim, por nós, resta-nos dizer estamos, com certeza, no grupo daqueles que tudo farão para que esta acção tenha continuidade.

Diácono Permanente José Inácio
e esposa, Nélida


terça-feira, 25 de março de 2014

Sabóia e Santa Clara-a-Velha, comunidades em Missão



Desde o dia 8 de Março, com a chegada e acolhimento da Imagem da Senhora das Missões, as paróquias de Santa Clara-a-Velha e Sabóia e as comunidades de Pereiras-Gare e de Luzianes-Gare, estiveram em Missão Popular.
Ao longo dos 15 dias, a equipa missionária constituída pelas Missionárias Espiritanas (Irmãs Emília, Ascensão e Gorete), o diácono permanente José Inácio e esposa (Nélida) e o P. Agostinho, apesar das grandes distâncias e da dispersão, procurou estar presente nas várias localidades e testemunhar a alegria da Missão.
Além da visita da imagem peregrina a todos os lugares de culto que juntou algumas centenas de pessoas, também se viveu, pelas ruas de Sabóia e em Santa Clara, a “Via Crucis”. A acção directa nas Escolas, com dois momentos distintos, a presença nos Centros de Dia, Centro de convívio e Lar D. Ana Pacheco e a visita ao domicílio a doentes e a idosos (e tantos que eles são!), ocuparam grande parte dos dias. O tempo de oração (laudes e adoração) e as celebrações festivas, com temática alusiva ao tempo litúrgico e ao lema da diocese, preencheram o início e a tarde-noite de cada dia.


Assembleias familiares e Sacramento dos doentes
Na primeira semana, nas assembleias familiares, à tarde ou à noite, fez-se a experiência das comunidades dos Actos dos Apóstolos. Em Sabóia, funcionaram quatro grupos, com nomes significativos: “A caminhar”, “Mensageiros de Cristo”, “Acolhimento” e “Paz”; em Santa Clara, fizeram-se dois grupos: “Grão de trigo” e “Ser presente”; em Luzianes, formaram-se dois, um deles constituído, na sua maioria, por jovens. Ambos assumiram o nome “Luz”. Cada um deles, ao longo de três dias, congregou mais de uma dúzia de pessoas, interessadas, participativas e desejosas de aprender a descobrir a Bíblia. Os testemunhos proferidos na Comunidade das comunidades realçaram a alegria do encontro, o enriquecimento mútuo e a disponibilidade para continuar a caminhada.
Em Sabóia, no Lar, e em Santa Clara, na Igreja, muitos idosos e doentes prepararam-se para Unção dos Doentes. Várias dezenas de pessoas, homens e mulheres, abeiraram-se do Sacramento e foi visível a alegria espelhada no rosto e no olhar de cada um.
Em Pereiras, não foi possível congregar qualquer assembleia. As celebrações semanais dos sábados e as visitas, tornaram-se os momentos mais expressivos nesta comunidade.

Pastor diocesano viveu a experiência do encontro
Ir ao encontro dos mais afastados, seja na distância, seja nas dificuldades a todos os níveis, é tarefa da Igreja e do Bispo. Os dois últimos dias da Missão contaram com a presença de D. António Vitalino. No sábado, ainda a equipa missionária estava em oração, já ele se encontrava na Igreja de Sabóia. Com um programa apertado, deu-se início ao primeiro encontro da manhã. Um pequeno grupo de crianças e adolescentes respondeu ao apelo feito nas Escolas e na catequese. A partir da parábola da Semente estabeleceu-se o diálogo. A proximidade e o à vontade permitiu a reflexão e a oração.
Logo de seguida, no Lar D. Ana Pacheco (instituição que alberga mais de seis dezenas de idosos, faz cerca de uma centena de apoios domiciliários, tem protocolos em vários apoios sociais e dá trabalho a muitas famílias), o Bispo diocesano e a equipa missionária, foram acolhidos por membros da direcção. Acompanhado por eles, D. António cumprimentou afectivamente todos os velhinhos dando-lhes uma palavra amiga e de esperança.
À noite, no centro paroquial de Sabóia, D. António, participou na reunião com os representantes das comunidades de Pereira, Luzianes, Santa Clara e Sabóia. Estiveram presentes 30 pessoas. O prelado diocesano orientou o encontro. Começou por dar espaço a perguntas. Depois, a partir de um texto sobre o Papa Francisco, apontou caminhos a seguir a nível pessoal, paroquial e comunitário: humildade, simplicidade, compreensão, acolhimento, disponibilidade, fraternidade e comunhão. Falou ainda da corresponsabilidade e na necessidade de se ultrapassar obstáculos que estragam a relação das pessoas e não ajudam a construir a comunidade. A todos exortou para que o testemunho de vida seja um reflexo do que escutamos na Palavra e celebramos nos Sacramentos.


“Senhor, dá-me dessa água”
No sábado, além dos encontros, aconteceram duas celebrações: uma, em Pereiras e outra,  em Luzianes. D. António presidiu e falou à assembleia reunida. Recordou momentos de presença nessas comunidades e, a partir da liturgia do III domingo da Quaresma e com o cenário do poço de Jacob, foi fazendo uma catequese viva para grandes e pequenos. Descendo para o meio da assembleia foi mas fácil fazer chegar a mensagem a todos, porque mais próxima e acessível.
Á chegada a Luzianes houve um acolhimento muito expressivo e familiar. No final, à saída da celebração, havia um bolo alusivo ao momento, para ser partilhado por todos.
No domingo, foi a vez de Santa Clara saudar o Pastor diocesano e acolher a sua mensagem. Em cenário semelhante e linguagem simples, a celebração foi muito viva, onde as crianças fizeram ouvir a sua voz. O ofertório, com símbolos trazidos da terra expressou a vontade de continuar a Missão. Os representantes das assembleias, empunhando os cartazes, testemunharam a experiência vivida. D. António agradeceu o empenho e lançou o desafio a todos para “serem um presente para os outros”. Aludindo ao taleigo apresentado, e feito de vários retalhos, apelou a todos, para que, na diferença e na riqueza de cada um, se construa unidade e comunhão. Da mesa da Eucaristia partiu-se para a mesa do pão de cada dia, preparada no Pavilhão do clube local e que contou com a participação de um grande número de pessoas de todas as idades.
Em Sabóia, depois de visitar uma velhinha de 99 anos, enciclopédia viva de muitas orações e de testemunho de fé, D. António presidiu à Eucaristia de encerramento que foi ponto e momento de encontro. Também aqui, e a partir do testemunho das assembleias e dos ‘nomes de baptismo’ de cada uma delas, o senhor Bispo fez a homilia. Mais uma vez, a proximidade e a simplicidade estiveram presentes. Sem esquecer o “encontro do dia”, o de Jesus com a samaritana, e traçando o caminho feito por esta, no diálogo com Aquele que é a Fonte de Água viva, D. António pediu aos presentes que fossem missionários como ela o foi ao levar aos outros o testemunho da sua vida ao encontrar o Messias.
Como nos outros lugares não podia haver encerramento da Missão sem um convívio. No centro paroquial, houve lugar para todos. O pouco de cada um, tornou-se muito. O Pastor diocesano, teve que partir, pois novos encontros o esperavam.
Estes dois dias, cheios e em cheio, foram sinal de presença e de proximidade. Foram Missão. Agradecer estes dias a Deus e às pessoas é obrigatório e é justo. A Deus, porque é digno de todo o louvor; às pessoas e às instituições (Lar e Juntas de freguesia) porque se deram totalmente e tudo fizeram para que a Missão acontecesse e se tornasse um tempo forte de alegria e de partilha, de encontro com Deus e os irmãos, de vida e de comunhão.


P. Agostinho Sousa, CDM

quarta-feira, 19 de março de 2014

Cansados junto à fonte



No terceiro domingo da Quaresma a liturgia da Igreja apresenta-nos o episódio de Jesus a caminho de Jerusalém junto ao poço de Jacob, em diálogo com uma samaritana. Sem espaço para uma reflexão pormenorizada sobre o sentido deste encontro, deixo aqui apenas algumas pistas de leitura e aplicação ao nosso percurso quaresmal.


No episópio em causa lemos que Jesus, cansado, se sentou junto a um poço e que pede de beber a uma mulher samaritana, que aí foi buscar água, mas que se admira de um judeu falar com ela e lhe fazer um pedido, pois os inimigos não se falam nem muito menos se pedem favores. Depois lemos que o pedinte pode dar a beber um líquido muito mais precioso e que torna a quem o bebe numa nascente para a vida eterna e adorador do verdadeiro Deus em espírito e verdade, em qualquer tempo ou lugar.

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sexta-feira, 14 de março de 2014

A Alegria da Missão



Uma experiência de vida
Em dia de Carnaval, cerca de setenta leigos e algumas religiosas, vindos das dioceses de Vila Real, Porto Santarém, Guarda, Portalegre-Castelo Branco e Beja (5 participantes), dirigiram-se a Fátima, à Casa da Senhora das Dores e juntaram-se aos directores dos Secretariados diocesanos da Missões que, na véspera, estiveram reunidos para partilhar experiências e programar próximas acções. Deste modo, responderam à convocatória feita pela chefia das OMP. De salientar a presença de vários Colaboradores da Missão Vicentina (CMV) e da diocese de Santarém, nomeadamente da Zona de Salvaterra de Magos. Foi a segunda vez que tal aconteceu e a resposta, este ano, quase duplicou.
Foi um dia de formação para todos aqueles que colaboram na animação missionária nas dioceses. A conduzir a jornada esteve o P. António Lopes, director nacional das OMP que deu as boas vindas e, depois de um breve momento de oração, fez a apresentação do conferente, vindo de Roma, P. Timoteo Lahane, SVD. Foi Secretário-geral da Obra da Propagação da Fé e cessou funções no final do ano passado.
Apoiado na experiência vivida ao longo dos últimos cinco anos, quer nas visitas que fez, quer nos testemunhos que recebeu, o P. Timoteo explanou o tema “Pastores missionários para uma Igreja em permanente estado de Missão”. Citando alguns dos documentos com marca missionária (Redemptoris Missio, Presbyterorum Ordinis, Pastor dabo vobis, Documentos de Aparecida, Evangelii Nuntiandi, Evangelii Gaudium e mensagens dos dias mundiais da Missões), o orador apontou como centro de toda a Missão Jesus Cristo e que a Igreja é missionária por natureza e que não pode perder esta dimensão. A partir de Marcos (13, 9-10), falou das muitas perseguições a que os mensageiros da Palavra estão sujeitos, em todos os tempos e agora, concretamente. Nem por isso, se pode deixar de anunciar o Evangelho, mesmo em ambientes hostis ou quando parece que tudo está perdido, porque somos em pequeno número, sem grandes meios ou poucas forças. Não sendo fácil ser cristão hoje, mesmo assim, não podemos deixar de acreditar que vale a pena dar-se, sem medida e sem cálculos.


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quarta-feira, 12 de março de 2014

OMP - Secretariados das Missões



Encontro e Partilha

Já vem sendo hábito, a reunião dos Directores diocesanos dos Secretariados das Missões, em Fátima, na tarde da segunda-feira de Carnaval. Foi a 3 de Março, na Casa da Senhora das Dores que os representantes das Dioceses do Algarve, Aveiro, Braga, Beja, Guarda, Leiria, Lisboa, Portalegre-Castelo Branco, Porto, Santarém, Viana do Castelo e Vila Real se encontraram com o P. António Lopes, Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias. Nesta reunião esteve presente o P. Timoteo Lahane B., SVD, até há bem pouco tempo, Secretário-geral da Obra da Propagação da Fé.
Duas vezes por ano, estes momentos servem para partilhar a vivência missionária de cada diocese, suas realizações, dificuldades e atitude, bem como para projectar novas actividades, para dinamizar e estimular a caminhada de todas e para procurar por em prática a Carta Pastoral “Como Eu vos fiz fazei vós também” e a recente exortação apostólica “A alegria do Evangelho”.

Viver a Missão
Cada um dos presentes partilhou o muito ou o pouco que foi feito na sua diocese. Nem todas têm o mesmo ritmo por razões várias:
Algumas delas, não se sabe como estão a viver a Missão, uma vez que ainda não foi nomeado o director deste serviço ou este não pôde estar presente em qualquer das reuniões; Noutros casos, a sobrecarga de trabalhos dos directores (muitas paróquias ou outras tarefas diocesanas) não lhes permite uma disponibilidade para uma maior animação missionária; Outras, estão a ser dados passos para a constituição dos Centros Missionários, para que não haja apenas o director mas um grupo de trabalho.


Outubro Missionário e Dia das Missões
Todos os directores se pronunciaram sobre o material do Dia das Missões, sua importância, seus conteúdos, distribuição e procura. O modo de o fazer chegar às paróquias e comunidades, mesmo sendo diverso (nas reuniões de arciprestado, nos dias diocesano, etc.), em alguns casos, fica esquecido nas sacristias e não chega a ser usado. Além de não servir a ninguém, foi um gasto desnecessário.

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segunda-feira, 10 de março de 2014

Experiência do sentido


1. Pôr-se a caminho e subir
Desde o nascimento até à morte a vida do ser humano é um contínuo estar em saída, trilhando caminhos cuja direção nem sempre se sabe e muito menos se compreende. Para muitos pensadores a vida não tem sentido, classificando-a até de absurdo, de seres condenados a ser livres, o que torna a própria liberdade um absurdo.

Mas entre o caminhar confiantes e com esperança de chegar a um fim feliz, há muitas experiências de avanços e recuos, entre antevisão alegre da realização plena e escuridão do desânimo da esperança perdida ou pelo menos cimentada de muitas dúvidas.


Essas núvens adensam-se sobretudo se os nossos objetivos de vida se baseiam apenas no progresso material e os horizontes têm os limites de uma economia de austeridade, de recessão, de montanhas intransponíveis ou de vizinhos que invejam e ameaçam o nosso bem estar, como podemos constatar no mundo global em que vivemos, mas de portas fechadas para acolher e integrar os outros, sobretudo os mais pobres, no mundo das nossas relações sociais.

Deixo estes breves pensamentos, que cada um pode aprofundar e aplicar à sua existência e ao quadro social e político em que vivemos, para propor uma alternativa proveniente de uma experiência da fé cristã, comprovada pela história, experimentada no presente por muitos que acreditam e ousam projetar a sua vida de acordo com essa fé, caminhando com esperança para um futuro com sentido, de realização plena do ser humano em todas as suas dimensões.

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domingo, 9 de março de 2014

Missão em Sabóia e Santa Clara-a-Velha


Pela serra de Monchique


As paróquias de Sabóia e de Santa Clara a Velha e as comunidades de Luzianes-Gare e de Pereiras-Gare começam o tempo da Quaresma, ao ritmo da Missão Popular. Começa a dia 9 de Março e termina no dia 23, um domingo. Esta grande área está aos cuidados do P. Júlio Lemos, que também cuida pastoralmente da paróquia de S. Teotónio. Para o trabalho pastoral, estas terras contam com a presença próxima e comprometida da comunidade das Missionárias Espiritanas, composta pelas Irmãs Emília, Ascensão e Gorete.
No dia 8 de Março, dia da Mulher, a Imagem da Senhora das Missões, foi entregue a esta zona de Missão, trazida pelas Comunidades Paroquiais de Ermidas-Sado e Alvalade, que há pouco tempo viveram a Revitalização da Missão. Várias dezenas de pessoas, com o se pastor, P. Sales, acompanharam a Imagem até à Igreja de Pereiras-Gare, onde, com a comunidade local, celebraram a Eucaristia, muito viva e participada.
Após o porta a porta feito e vivido pelos missionários locais, foi dado a este tempo de missão o seguinte mote: “A missão parte do coração e dirige-se ao coração”. Missão, partilha, comunhão, são 3 vectores que vão ser cuidados e estarão presentes nestes 15 dias, para que sejam formadas verdadeiras comunidades “iluminadas pela Palavra e alimentadas com a Eucaristia”.

Programa vasto e englobante
Nos dias 22 e 23, D. António Vitalino, calcorreará os caminhos da serra de Monchique e animará na fé estes irmãos que vivem “no fim do mundo”, reunindo com as comissões, catequistas, serviços paroquiais, visitando o Lar e os doentes e presidindo às celebrações.
O programa é vasto e engloba acções e momentos nas 4 localidades, dirigidos a todos, de todas as idades e proveniências.
As Assembleias Familiares, as visitas às instituições de apoio às pessoas com mais idade e com mais dificuldades, o encontro com as crianças da Escola e da catequese, a meditação, compromisso e testemunho das verdades da fé, nas celebrações e sinais, passando pela vivência do mistério da paixão, morte e ressurreição, na via-sacra nas ruas, são pontos marcantes deste tempo de encontro com Cristo e com os irmãos.
A área das Comunidades de Pereiras-Gare, Luzianes-Gare, Sabóia e Santa Clara-a-Velha perfaz cerca de 415 Km2 e a população desta zona, não chega a 2.500 habitantes (Census 2011). As grandes distâncias e dispersão e a muita idade da grande maioria das pessoas são situações a ter em conta pela equipa missionária.
A oração de todos, a protecção dos santos padroeiros, a presença maternal da Senhora das Missões e a luz e força do Espírito Santo, ajudarão a superar dificuldades, tocarão os corações e farão com que este tempo de Missão seja um tempo de graça e bênção para todas as famílias destas terras perdidas na serra e, tantas vezes, esquecidas.
Deus, Pai e Amigo, sempre presente e atento às necessidades do Seu Povo, mais uma vez olha com bondade para estes seus filhos e propõe-se caminhar com todos, neste tempo de Missão.
P. Agostinho Sousa,

CDM/Beja

quinta-feira, 6 de março de 2014

Vivências Missionárias em Terras do Sado (II)

Algarvia de nascença, alentejana por opção, vivo em Mina de S. Domingo-Mértola. Sou esposa, mãe e avó. O meu nome de baptismo é Isabel.
No dia 18 de Janeiro, depois de terminados os trabalhos duma acção de formação em Moura e das despedidas feitas, pronta para regressar a casa, senti que devia voltar atrás e oferecer os meus préstimos para a missão, ao Padre Agostinho, caso fosse necessário.
Passados alguns dias, não muitos, recebi um convite para fazer parte da equipa que ia em missão, imaginem para onde?

Nada mais, nada menos, que para Itália, Etiópia e Ermidas-Sado e Alvalade, durante 15 dias! Claro, que as coisas ditas desta maneira, dá azo, a que muitos perguntem,  como seria possível em 15 dias fazer missão em 3 lugares, tão longe e tão perto? Nada disso...
É que, ao lado ESTE de Ermidas, o povo dá-lhe o nome de Etiópia, creio que pelo facto de se tratar dum lugar aonde predominava a construção mais rural e mais pobre, naquele tempo. E ao lado OESTE, o de Itália, naturalmente, porque depois de se implantar a linha do caminho-de-ferro entre estes dois lugares, aqui se implementou grande desenvolvimento, nomeadamente a nível de indústria e comércio de farinha e cortiça, entre outras.
Faço referência a este facto, só porque quando lá cheguei, me surpreendeu muito, constatar que este lugar era composto de casas térreas de qualidade e muito amplas com quintais enormes e ruas bastante largas e o povo, por sua vez, identificar as pessoas como sendo da Etiópia ou de Itália. Soube depois que isso se deveu ao facto do agricultor Manuel Joaquim Pereira, nos anos 30, ter doado e vendido a preços baixos, todo aquele terreno à CP, que permitiu grande desenvolvimento e criação de riqueza naquela área.

A Missão, um momento forte
Mas, voltando à Missão em si, quero dizer que foi mais um momento muito forte que Deus me permitiu viver, desta vez, junto daquela gente boa de Ermidas e Alvalade, na companhia duma Equipa extraordinária, brincalhona e bem-disposta, mas muito responsável e disponível para todos os momentos de chamada.
Naturalmente que desta Equipa Missionária Vicentina, formada pelo Padre Agostinho, pela Arlete, de Lisboa e muito comprometida com a Igreja, pela Nádia, da Juventude Mariana Vicentina de Tomar e por mim própria, quero ressalvar a postura do Sacerdote que sempre foi muito correcta, amiga e exigente. Aliás, penso que doutra forma o nosso trabalho não teria sido tão frutuoso e reconhecido por todos, a quantos tivemos oportunidade de chegar.
Senti muitas manifestações de carinho, desde as escolas, passando pelos lares e bombeiros, não esquecendo os doentes e pessoas que se cruzavam na rua connosco, a quem dirigíamos uma palavra. Tudo foi, digamos, que uma grande bênção, do Pai do Céu, que nos criou, do Seu Filho Jesus, Fonte de Água viva que sacia a nossa sede e do Espírito Santo que nos ilumina e dá discernimento, para melhor darmos testemunho do Seu amor, a todos os nossos irmãos.

Dia do Doente
A Missão naquelas paragens coincidiu com o dia do doente. De modo que, a todos quantos desejaram a nossa visita, lhes foi ministrado o sacramento da Santa Unção e oferecida a medalha da Senhora das Graças ou também conhecida como Medalha Milagrosa. E como era consolador, ver como  todos ficavam tão tranquilos, contentes e agradecidos...
Fiquei deveras sensibilizada com algumas situações, nomeadamente na escola, com um menino de nove anos, agarrado a uma cadeira de rodas, que anda no terceiro ano e só pode escrever com o apoio dum computador e na "Etiópia", com um senhor de quarenta e poucos anos, paraplégico, devido a um acidente quando regressava a casa depois do trabalho e com uma família de fracos recursos.
Perante estes dois casos, para não falar noutros, quem somos nós, "para estarmos mal com tudo e com todos", reforçado, pelas palavras do Padre Nóbrega, na Acção de Formação que tão sabiamente nos transmitiu no dia 22 de Fevereiro, quando tratou do tema “Evangelização e Família”?
Que todos sejamos capazes de agradecer ao Senhor o dom da vida e confiar absolutamente n'Ele, porque não seremos abandonados, pela sua infinita bondade. E tenhamos sempre em mente o valor dos VALORES, começando pelos três tão simples que o nosso Papa Francisco recomendou às famílias durante uma peregrinação à Praça de S. Pedro: "com licença, obrigada e desculpa”. Enquanto missionários, a nossa mensagem também passou por estas ideias-chave, sempre que oportuno.



Presença do Pároco
Por fim, fiquei, penso que todos ficaram, com o mesmo sentimento, profundamente feliz, por verificar que foi muito importante a criação das várias comunidades e revitalização de outras, que se dispuseram a uma vivência missionária mais comprometida, naturalmente com a bênção e protecção de Nossa Senhora das Missões, muito acarinhada e querida, por onde quer que passou.
Não posso esquecer a colaboração imprescindível que o Pároco destas duas terras, o Padre Francisco Sales, nos deu com toda a sua boa vontade, em quase todas as cerimónias e visitas que desenvolvemos.
Por fim quero agradecer ao Senhor, que me chamou por intermédio do Padre Agostinho para esta missão e a todas as pessoas que nas duas paróquias me deram tanto mimo, ao resto da equipa missionária e ao Padre Sales.
Entretanto, fico pedindo ao Senhor, para que todas as comunidades  tenham muito presente no seu trabalho, um olhar muito atento aos mais abandonados, porque todo o bem que possam fazer a um dos mais pequeninos, é ao próprio Jesus que o fazem. Bem-haja a todos!
Isabel Valente,
Mina de S. Domingos


Mensagem do Bispo de Beja para a Quaresma de 2014


Os cristãos, sobretudo na Quaresma, tempo de preparação para os acontecimentos centrais da fé, a paixão, morte e ressurreição de Jesus, a Páscoa, são chamados a seguir, pessoalmente e em comunidade, a Jesus Cristo, a despojar-se dos fardos do ter, do poder e do prazer, para caminhar com leveza e agilidade ao encontro dos seus irmãos, a soerguer os marginalizados na berma dos caminhos da humanidade. Esta atitude exige conversão, mudança da lógica do mundo, desprendimento de si mesmo e atenção ao caminho de Cristo e aos outros.

1. A lógica das desigualdades
O itinerário da vida cristã é um seguimento dos passos de Cristo, umas vezes subindo o monte com ele, para, na intimidade nos deixarmos transfigurar pela sua luz, outras vezes descendo o monte da transfiguração para o seguir a caminho de Jerusalém, onde com ele nos despojamos do apego às coisas e a nós mesmos, oferecendo a nossa vida por amor a todos os irmãos, sobretudo os marginalizados e descartados da sua dignidade. Neste caminho somos assaltados por muitas tentações, que por vezes nos incitam ao abandono do Mestre, impedindo-nos de ver qualquer sentido nesse itinerário.
Na verdade, a lógica de Cristo e do seu seguimento parece uma loucura para a inteligência humana, mas é sabedoria de Deus para a nossa salvação. Parece que temos de nadar contra a maré, o que só os grandes atletas, fruto de muito treino, conseguem, sobretudo quando as ondas são fortes e nos impelem em sentido contrário. A lógica humana empurra-nos para o ter cada vez mais: meios materiais, poder e prazer, quase sempre à custa dos outros, que destituímos da sua dignidade de pessoas iguais a nós, com os mesmos direitos e deveres. Esta lógica cava cada vez mais o fosso entre ricos e pobres, entre senhores afortunados e escravos. E não precisamos de recuar ao tempo da escravatura ou das grandes guerras do passado. Isto podemos verificar entre nós, neste tempo de crise económica, de austeridade, cujas raízes profundas estão no nosso coração e nos sistemas políticos e económicos sem justiça, sem valores.

O Papa Francisco, e com ele muitos que levam a sua vida cristã a sério, começam a ser escutados, mesmo por quem não partilha os ideais do Evangelho. É só ler e ouvir os comentários favoráveis de afirmações fortes dos discursos e gestos papais, vindos de todos os quadrantes. No entanto, tenho a impressão que fazemos disso uma arma de arremesso contra os outros, que julgamos os culpados de tudo. Muitos dos que falam escondem outros interesses. Fazem parte dos que são mais iguais que a grande maioria dos cidadãos, pertencem aos que usufruem salários ou reformas milionárias e pouco partilham com as vítimas da crise, as centenas de milhares cada vez mais pobres.

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quarta-feira, 5 de março de 2014

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2014

Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza
(cf. 2 Cor 8, 9) 



Queridos irmãos e irmãs!
Por ocasião da Quaresma, ofereço-vos algumas reflexões com a esperança de que possam servir para o caminho pessoal e comunitário de conversão. Como motivo inspirador tomei a seguinte frase de São Paulo: «Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza» (2 Cor 8, 9). O Apóstolo escreve aos cristãos de Corinto encorajando-os a serem generosos na ajuda aos fiéis de Jerusalém que passam necessidade. A nós, cristãos de hoje, que nos dizem estas palavras de São Paulo? Que nos diz, hoje, a nós, o convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico?
A graça de Cristo


Tais palavras dizem-nos, antes de mais nada, qual é o estilo de Deus. Deus não Se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza: «sendo rico, Se fez pobre por vós». Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de nós; despojou-Se, «esvaziou-Se», para Se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fil 2, 7; Heb 4, 15). A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas, a razão de tudo isso é o amor divino: um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-Se e sacrificar-Se pelas suas amadas criaturas. A caridade, o amor é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez connosco. Na realidade, Jesus «trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, excepto no pecado» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes22).



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segunda-feira, 3 de março de 2014

Vivências Missionárias em Terras do Sado (I)



Cativar os jovens

Sou a Nádia, tenho 17 anos e vivo na cidade dos Templários. Pertenço ao grupo da Juventude Mariana Vicentina (JMV).Comecei o ano de 2014 a fazer missão no Pousal.

Obra Social do Pousal, pertencente à Santa Casa da Misericórdia desde 1983 prossegue o seu trabalho, constituindo uma resposta social aos casos de pessoas com deficiência de idade igual ou superior a 24 anos e quadros resultantes de paralisia cerebral, anoxia cerebral ou degenerescências neurológicas.
Além do trabalho dos técnicos e outros servidores, esta instituição, recebe voluntários que procuram conhecer melhor estas pessoas e dar um pouco do seu tempo livre, dedicando-o à causa do próximo. Muitos jovens da JMV já fizeram uma experiência de voluntariado e missão nesta casa.
Quando no dia 5 de Janeiro saí do Pousal pensei em tirar um mês para me dedicar ao outro. Este mês foi repartido os primeiros 15 dias foram passados em Ermidas e Alvalade na Revitalização da missão. Passei dias muito bons.
Foi uma experiência incrível, foi o descobrir novas culturas, foi o tentar entrar numa comunidade. Em ambas as localidades conseguimos fazê-lo. Além deste tempo de Missão ter sido bastante bom para estas duas paróquias foi porém também muito enriquecedor para a minha caminhada. Claro que nem tudo foi espectacular e o facto de ver que a população mais jovem não vai à Eucaristia, mexeu muito comigo. Os jovens têm de ser chamados e essa é a nossa grande missão. Todos temos o dever de os cativar.
Um dia espero voltar a estas terras e rever todas aquelas pessoas com quem me cruzei. Um muito obrigado a todos.

Nádia Patrícia, JMV - Tomar
Equipa Missionária de Ermidas e Alvalade