A Alegria da Missão
Uma experiência de vida
Em dia de Carnaval, cerca de setenta leigos e algumas religiosas, vindos das dioceses de Vila Real, Porto Santarém, Guarda, Portalegre-Castelo Branco e Beja (5 participantes), dirigiram-se a Fátima, à Casa da Senhora das Dores e juntaram-se aos directores dos Secretariados diocesanos da Missões que, na véspera, estiveram reunidos para partilhar experiências e programar próximas acções. Deste modo, responderam à convocatória feita pela chefia das OMP. De salientar a presença de vários Colaboradores da Missão Vicentina (CMV) e da diocese de Santarém, nomeadamente da Zona de Salvaterra de Magos. Foi a segunda vez que tal aconteceu e a resposta, este ano, quase duplicou.
Foi um dia de formação para todos aqueles que colaboram na animação missionária nas dioceses. A conduzir a jornada esteve o P. António Lopes, director nacional das OMP que deu as boas vindas e, depois de um breve momento de oração, fez a apresentação do conferente, vindo de Roma, P. Timoteo Lahane, SVD. Foi Secretário-geral da Obra da Propagação da Fé e cessou funções no final do ano passado.
Apoiado na experiência vivida ao longo dos últimos cinco anos, quer nas visitas que fez, quer nos testemunhos que recebeu, o P. Timoteo explanou o tema “Pastores missionários para uma Igreja em permanente estado de Missão”. Citando alguns dos documentos com marca missionária (Redemptoris Missio, Presbyterorum Ordinis, Pastor dabo vobis, Documentos de Aparecida, Evangelii Nuntiandi, Evangelii Gaudium e mensagens dos dias mundiais da Missões), o orador apontou como centro de toda a Missão Jesus Cristo e que a Igreja é missionária por natureza e que não pode perder esta dimensão. A partir de Marcos (13, 9-10), falou das muitas perseguições a que os mensageiros da Palavra estão sujeitos, em todos os tempos e agora, concretamente. Nem por isso, se pode deixar de anunciar o Evangelho, mesmo em ambientes hostis ou quando parece que tudo está perdido, porque somos em pequeno número, sem grandes meios ou poucas forças. Não sendo fácil ser cristão hoje, mesmo assim, não podemos deixar de acreditar que vale a pena dar-se, sem medida e sem cálculos.
Chamados à vida, ao amor e à santidade
O P. Timoteo acentuou a necessidade do encontro com o outro, na proximidade, na descoberta do outro. Chamados à vida, ao amor e à santidade, cada um deve dialogar com o seu coração e com o coração de Deus para ser um autêntico discípulo. Entrar no coração leva-nos a ir ao encontro, partilhando a alegria da Missão.
Com imagens recentes de destruição e morte e servindo-se de alguns gráficos a nível de continentes, citou Bento XVI que disse: “Jesus convida a todos a participar na sua missão. Que ninguém fique de braços cruzados! Ser missionário é ser anunciador de Jesus Cristo com criatividade e audácia em todos os lugares onde o Evangelho não foi suficientemente anunciado ou acolhido, em especial nos ambientes difíceis e esquecidos e para além das nossas fronteiras. Sejamos missionários do Evangelho não só com palavras mas sobretudo com a própria vida, entregando-a em serviço inclusive até ao martírio”.
Citando o Papa Francisco, o orador, falou da espiritualidade missionária, eclesial, mística, profética, que convoca, propõe, convida, que é solidária e misericordiosa, que vive e testemunha a novidade da Páscoa de Jesus.
Por fim, o Secretário-geral cessante da OPF, respigou alguns números da Carta pastoral “Para um rosto missionário da Igreja em Portugal”. Salientou a riqueza do documento e levou os participantes a descobrir as linhas de força e os desafios da mesma: cada igreja particular é responsável por toda a missão; necessidade de avivar a vocação missionária de todos os cristãos; urgência em lançar mão de novos métodos e de converter a nossa vida a Jesus, deixando tudo para O seguir; e, a missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações.
4 analogias, uma única Missão
Coube ao Director Nacional apresentar o tema: Alegria da Missão. Como pano de fundo esteve a Exortação apostólica “Evangelii Gaudium”: “A alegria do Evangelho, que enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus é uma alegria missionária” (EG 1.21). Encontro foi a palavra escolhida: encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e rumo decisivo.
A experiência de Moisés serviu de mote para significar toda a história de encontros com o Senhor e que revelam a paixão do missionário por Deus e pelo seu Reino. Deste modo, viver a missão é encontrar-se, escutar o chamamento e seguir. Exemplo claro desta missão e envio é o de André ao desafiar (pro-vocar) o seu irmão Pedro ao anunciar-lhe: “Encontramos o Messias”.
Com a Palavra de Deus numa das mãos e a Evangelii Gaudium noutra mão o P. António Lopes apresentou 4 analogias para falar da Missão: A analogia pastoral (Jo 10, 2-4.14-16), a analogia agrícola (Mc 4, 3-9 e outros), a analogia da pesca marítima (Lc 5, 1-6.10) e a analogia dos fones stereo, a partir de Isaías (Is 54, 1-10), “alarga o espaço da tua tenda”.
A exposição, viva, apelativa e profunda terminou com uma frase chave que convida e desafia a sermos mais missionários e mais proféticos nesta aldeia global que é o mundo, onde vivemos e onde somos chamados a dar testemunho: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados pelo fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar” (EG 273)
Partilha e troca de experiências
Os trabalhos prolongaram-se pela tarde. Após o almoço, houve partilha e troca de experiências. O nascimento e crescimento dos Grupos Missionários Paroquiais (GMP), a Obra da Infância Missionária, a Missão Ad Gentes, o voluntariado missionário foram tema de reflexão e de desafio.
Algumas paróquias e dioceses já têm uma vivência missionária mais organizada; outras, começam a dar os primeiros passos, com vontade firme de tornar mais visível a urgência da Missão. As questões e inquietações, as respostas e caminhos apontados, fizeram crer que algo está a acontecer.
Alargar a tenda, rasgar horizontes foi a tónica deste encontro missionário. Os testemunhos e temáticas, a participação numerosa e interessada, mostraram que há caminho a fazer mas também que sabemos com quem e para onde caminhamos. Os presentes foram unânimes em afirmar a riqueza do encontro e a necessidade que há em fazer com que haja mais e com mais participantes.
Com esta partilha e troca de experiência descobrimos e tomamos mais consciência que “todos somos chamados a servir a humanidade do nosso tempo, confiando unicamente em Jesus, deixando-nos iluminar pela sua Palavra” (Bento XVI, homilia no Porto, Maio 2010).
P. Agostinho Sousa, CDM/Beja
OMP - Secretariados das Missões
Encontro e Partilha
Já vem sendo hábito, a reunião dos Directores diocesanos dos Secretariados das Missões, em Fátima, na tarde da segunda-feira de Carnaval. Foi a 3 de Março, na Casa da Senhora das Dores que os representantes das Dioceses do Algarve, Aveiro, Braga, Beja, Guarda, Leiria, Lisboa, Portalegre-Castelo Branco, Porto, Santarém, Viana do Castelo e Vila Real se encontraram com o P. António Lopes, Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias. Nesta reunião esteve presente o P. Timoteo Lahane B., SVD, até há bem pouco tempo, Secretário-geral da Obra da Propagação da Fé.
Duas vezes por ano, estes momentos servem para partilhar a vivência missionária de cada diocese, suas realizações, dificuldades e atitude, bem como para projectar novas actividades, para dinamizar e estimular a caminhada de todas e para procurar por em prática a Carta Pastoral “Como Eu vos fiz fazei vós também” e a recente exortação apostólica “A alegria do Evangelho”.
Viver a Missão
Cada um dos presentes partilhou o muito ou o pouco que foi feito na sua diocese. Nem todas têm o mesmo ritmo por razões várias:
Algumas delas, não se sabe como estão a viver a Missão, uma vez que ainda não foi nomeado o director deste serviço ou este não pôde estar presente em qualquer das reuniões; Noutros casos, a sobrecarga de trabalhos dos directores (muitas paróquias ou outras tarefas diocesanas) não lhes permite uma disponibilidade para uma maior animação missionária; Outras, estão a ser dados passos para a constituição dos Centros Missionários, para que não haja apenas o director mas um grupo de trabalho.
Outubro Missionário e Dia das Missões
Todos os directores se pronunciaram sobre o material do Dia das Missões, sua importância, seus conteúdos, distribuição e procura. O modo de o fazer chegar às paróquias e comunidades, mesmo sendo diverso (nas reuniões de arciprestado, nos dias diocesano, etc.), em alguns casos, fica esquecido nas sacristias e não chega a ser usado. Além de não servir a ninguém, foi um gasto desnecessário.
Os directores transmitiram a dificuldade que sentem em fazer um levantamento do material para toda a diocese, pois nem sempre têm feedback dos párocos quando lhes é pedido que se pronunciem sobre as necessidades das áreas da sua responsabilidade pastoral.
Algumas dioceses promovem jornadas, dias, sensibilização missionária, além de vigílias de oração e momentos de oração e reflexão. Há caminhos feitos, experiências muito bonitas com resultados muito expressivos. A pouco e pouco, de muitas e variadas formas, as pessoas vão sendo sensibilizadas para a dimensão missionária da Igreja. Sugeriu-se que os Secretariados ou Centros Missionários procurem caminhar com os outros Serviços diocesanos para que haja maior envolvimento de todos.
Um dos pontos quentes da reunião foi a constatação que se vem verificando com a demora na entrega dos Ofertórios do Dia Mundial das Missões (feitos nas Igrejas e nas ruas). Algumas Dioceses atrasam-se no envio, porque as paróquias demoram a fazer as suas contas com os Serviços diocesanos. O Director Nacional apelou uma vez mais para que se cumpram os prazos previstos (primeiros meses de cada ano) para a entrega dos montantes oferecidos pelos cristãos e cujo destino são as Missões e a Infância Missionária. A necessidade de cumprir prazos prende-se com a obrigação de cada Director nacional fazer o relatório dos ofertórios nacionais, por dioceses, para entregar em Roma, na reunião geral da Primavera. É nesta reunião que se assumem os projectos que vão ser apoiados pelas Obras Pontifícias e, para tal, é necessário saber o montante dos ofertórios para se atender aos muitos pedidos de ajuda.
Infância Missionária
Desde há 2 anos que se tem procurado valorizar a caminhada do Advento, fazendo deste tempo um caminho missionário que leva à celebração do Natal e à Epifania. Das 5 propostas pensadas, já se fizeram 2, referentes à Ásia e à África. São poucas as dioceses que têm organizada a Obra da Infância Missionária. Há experiências muito interessantes, bem como algumas sugestões a reter: maior incremento das crianças da catequese quer no Advento, quer mesmo no Outubro missionário; procurar com os Departamentos da Catequese e das aulas de EMRC uma programação conjunta e apostar em dinâmicas com objectivos concretos; dar a conhecer mais as campanhas apresentadas pelas OMP e envolver as famílias e as paróquias. Materiais, jogos e demais informação estão disponíveis no site das Obras Missionárias Pontifícias.
“Família, um projecto”
Todos os anos, no Verão, em Fátima, há dois acontecimentos missionários, em destaque: O Curso de Missiologia, na última semana de Agosto, no seminário da Consolata, e a Jornada Missionária Nacional, no Centro Paulo VI, no terceiro fim-de-semana de Setembro.
O ano passado, foi uma organização conjunta das OMP e da Pastoral Juvenil Nacional. No próximo mês de Setembro, nos dias 20 e 21, acontece nova Jornada Missionária. A Pastoral da Família, juntar-se-á a estes dois organizadores e o lema proposto para este evento é: “Família, um projecto!”. Com esta temática estamos em sintonia com o papa Francisco que convocou um Sínodo sobre a Família e a Evangelização.
Conhecer os missionários, um dever e um serviço
Aquilo (aquele) que não se conhece, não se ama. O mesmo se pode dizer do que acontece com missionários: quando não se sabe quem são, onde estão e o que fazem, deixamos de rezar por eles, de nos interessar por eles, de comungar com eles alegrias, dores e trabalhos.
Como igreja, família missionária, as paróquias e as dioceses devem conhecer os seus filhos que, mais longe ou mais perto, anunciam a Boa Nova de Jesus. Faz parte de uma cultura missionária, de uma comunhão na missão, de alargar horizontes e fronteiras.
Mais uma vez se fez o apelo para que se faça um esforço, se invistam energias e se dedique tempo e disponibilidades para encontrar aqueles que dedicam as suas vidas aos outros. Conhecer, acolher, rezar, apoiar os missionários de cada paróquia, de cada diocese, é um serviço missionário.
Dando corpo e concretizando este apelo, quantos missionários há na nossa Diocese, na nossa paróquia? Quem os conhece e sabe onde estão e o que fazem? Agradeço a todos quantos, com os seus contactos e conhecimentos ajudem a encontrar os nossos missionários. Aguardo as vossas respostas. Os nossos missionários agradecem!
P. Agostinho Sousa,
CDM/Beja
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