Textos da Missão


MISSIONÁRIOS ORIUNDOS DA DIOCESE
Vocação e missão



Muitas são as passagens bíblicas do Antigo e do Novo Testamento que nos apresentam a vocação e missão de pessoas concretas, de idades muito diversas, em lugares e épocas diferentes, para tornar presente e permanente o projecto de Deus em favor da humanidade. Todos se entregarem, até ao fim, entre muitas dificuldades e oposição, para tornar visível a paixão de Deus pelo seu povo. Não só nos escritos bíblicos encontramos esses homens e mulheres, mas ao longo dos séculos, muitos e muitas se deixaram seduzir pelo Senhor e gastaram a sua vida pelo reino.
A partir do momento da nossa concepção, todos somos marcados por uma vocação e missão. Os caminhos são vários, mas todos exigem escuta, decisão, amor, fidelidade e entrega. Entre todos, o Senhor chama quem quer e onde quer para uma missão concreta, para continuar a levar, em Seu nome, a Boa Nova a todas as criaturas. Todos os baptizados recebem esta missão, mas são os sacerdotes, os consagrados e consagradas e os missionários leigos que, de modo mais total e específico vivem o mandato do envio: Ide e ensinai.
A liturgia deste último domingo, toda ela falou de vocação e de missão e, tal como Amós, os Doze e Paulo, somos chamados a realizar este desígnio de Deus que a todos escolhe e acolhe, desde sempre, pois nos ama e quer tornar-nos mensageiros desse amor e dessa paz, de uma Boa Nova de salvação.

Celebrações jubilares


Na Sé de Beja, no passado domingo, foi dia de festa: houve celebrações jubilares de vocações diversas: sacerdotal, de consagração/votos e de matrimónio. Em finais de Junho, três sacerdotes, celebraram os seus vinte e cinco anos de ordenação sacerdotal. Em quase todas as dioceses, neste mês, há notícia de ordenações sacerdotais. Na nossa diocese, este ano, foi em Maio, a ordenação de um presbítero e de cinco diáconos permanentes. Também houve, há bem pouco tempo, celebração de votos simples.
Estes momentos são importantes para a vida da Igreja diocesana, para as comunidades, para os próprios. São momentos de acção de graças e também tempo de descobrir que o Senhor chama, continua a chamar e é necessário escutar e responder.
Sendo Beja uma diocese muito grande, dispersa e despovoada, e com necessidade de operários para a messe, é bom fazer destas datas jubilares, momentos de encontro, de festa, de oração, de testemunho de felicidade pela vocação assumida e vivida ao serviço deste povo. Torna-se necessário fazer passar a mensagem de que a vida gasta por amor em prol do reino, em favor do povo, é uma vida feliz e alegre.

Quem são e onde trabalham
O Alentejo é terra de missão, mas também é terreno de vocações. Saber quem são e onde trabalham os nossos sacerdotes e os nossos diáconos não é tarefa difícil, pois os seus dados estão nos serviços diocesanos. Mesmo não sendo um presbitério muito numeroso, há um número significativo de sacerdotes nascidos no território da diocese.
Torna-se mais difícil saber quem são, onde nasceram e onde trabalham os sacerdotes de institutos missionários ou religiosos ou as irmãs desta ou daquela congregação que, sendo oriundo da diocese, estão espalhados por muitas zonas do país ou em países de missão.
Em Maio, a agência Ecclesia, divulgou o número de missionários a nível de país que estão no estrangeiro. Em 2011 eram 699, distribuídos por quase 50 países, a maior parte, de língua portuguesa. Estes dados referem-se a leigos missionários (287), a religiosas (208) e a religiosos (203). Todos eles, a trabalhar nas missões “Ag Gentes”.
O referido estudo não fazia referência aos missionários que trabalham no nosso país. Costuma dizer-se que não se ama o que não se conhece. Precisamos de conhecer quem deixou terra, família, amigos e, mais longe ou mais perto, trabalha em muitos e diversos serviços. Conhecer as pessoas e as obras a que se entregam, ajudará a descobrir campos de trabalho, formas de realização pessoal e comunitária, modos de responder ao chamamento.
O Centro Diocesano Missionário está empenhado em descobrir quem são e onde estão os missionários oriundos na Diocese de Beja. Precisa da colaboração de todos: párocos, responsáveis das comunidades, familiares dos missionários, seus amigos e conhecidos. O nome, o lugar onde nasceu, o instituto a que pertence, um número de telefone, são dados importantes que poderão ser enviados para a residência paroquial, rua José Francisco Beja, 5, 7540-194 Santiago do Cacém, ou para secmissoesbeja@gmail.com. O apelo que se faz merece uma resposta. Acreditamos na boa vontade de todos e, deste modo, também já começamos a estar disponíveis para conhecer a missão e para, já no nosso meio ambiente, ser missionário.

P. Agostinho Sousa,
CDM/BEJA














DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
AOS PARTICIPANTES NA ASSEMBLEIA ORDINÁRIA
DO CONSELHO SUPERIOR
DAS PONTIFÍCIAS OBRAS MISSIONÁRIAS

Senhor Cardeal, Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio
Queridos irmãos e irmãs!
Desejo antes de tudo dirigir a minha cordial saudação ao novo Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, D. Fernando Filoni, ao qual agradeço de coração as palavras que me dirigiu em nome de todos. A isto acrescento votos fervorosos de proveitoso ministério. Ao mesmo tempo, expresso profunda gratidão ao Cardeal Ivan Dias pelo generoso e exemplar serviço que prestou à Congregação missionária e à Igreja universal nestes anos. O Senhor continue a guiar com a sua luz estes dois fiéis operários da sua vinha. Saúdo o Secretário, D. Savio Hon Tai-Fai, o Secretário Adjunto, Mons. Piergiuseppe Vacchelli, Presidente das Pontifícias Obras Missionárias, os colaboradores da Congregação e os Directores Nacionais das Pontifícias Obras Missionárias, reunidos em Roma das várias Igrejas particulares para a anual Assembleia Ordinária do Conselho Superior. A todos dou afectuosas boas-vindas.
Queridos amigos, com a vossa preciosa obra de animação e cooperação missionária recordais ao povo de Deus «a necessidade que o nosso tempo tem de um compromisso decidido na missio ad gentes» (Exort. ap. Verbum Domini, 95), para anunciar a «grande Esperança», «aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto» (Enc. Spe salvi, 31). De facto, novos problemas e novas escravidões emergem no nosso tempo, quer no chamado primeiro mundo, abastado e rico mas incerto acerca do futuro, quer nos Países emergentes, onde, também por causa de uma globalização caracterizada muitas vezes pelo lucro, acaba por aumentar a massa dos pobres, dos emigrados, dos oprimidos, nos quais esmorece a luz da esperança. A Igreja deve renovar constantemente o seu compromisso de levar Cristo, de prolongar a sua missão messiânica para o advento do Reino de Deus, Reino de justiça, de paz, de liberdade, de amor. Transformar o mundo segundo o projecto de Deus com a força renovadora do Evangelho, «para que Deus seja tudo em todos» (1 Cor 15, 28) é tarefa de todo o Povo de Deus. Por conseguinte, é necessário prosseguir com renovado entusiasmo a obra de evangelização, o anúncio jubiloso do Reino de Deus, que em Cristo veio no poder do Espírito Santo, para conduzir os homens à verdadeira liberdade dos filhos de Deus contra qualquer forma de escravidão. É preciso lançar as redes do Evangelho ao mar da história para guiar os homens rumo à terra de Deus.
«A missão de anunciar a Palavra de Deus é tarefa de todos os discípulos de Cristo, como consequência do seu baptismo» (Exort. ap. Verbum Domini, 94). Mas para que haja um decidido compromisso na evangelização, é necessário que cada cristão, assim como a comunidade, creiam verdadeiramente que «a Palavra de Deus é a verdade salvífica da qual cada homem precisa em todos os tempos» (ibid., 95). Se esta convicção de fé não estiver profundamente radicada na nossa vida, não poderemos sentir a paixão e a beleza de a anunciar. Na realidade, cada cristão deveria sentir sua a urgência de trabalhar pela edificação do Reino de Deus. Tudo na Igreja está ao serviço da evangelização: cada sector da sua actividade e também cada pessoa, nas várias tarefas que está chamada a desempenhar. Todos devem estar comprometidos na missio ad gentes: Bispos, presbíteros, religiosos, religiosas e leigos. «Nenhuma pessoa que crê em Cristo pode sentir-se alheia a esta responsabilidade que deriva do facto de ela pertencer sacramentalmente ao Corpo de Cristo» (ibid., 94). Por conseguinte, é necessário prestar particular atenção para que todos os sectores da pastoral, da catequese, da caridade sejam caracterizados pela dimensão missionária: a Igreja é missão.
Condição fundamental para o anúncio é deixar-se agarrar completamente por Cristo, Palavra de Deus encarnada, porque só quem está em escuta atenta do Verbo encarnado, quem está intimamente unido a Ele, se pode tornar anunciador (cf. ibid. 51; 91). O mensageiro do Evangelho deve permanecer sob o domínio da Palavra e deve alimentar-se dos Sacramentos: desta linfa vital dependem a sua existência e o seu ministério missionário. Só radicados profundamente em Cristo e na sua Palavra somos capazes de não ceder à tentação de reduzir a evangelização a um projecto unicamente humano, social, escondendo ou silenciando a dimensão transcendente da salvação oferecida por Deus em Cristo. É uma Palavra que deve ser testemunhada e proclamada explicitamente, porque sem um testemunho coerente ela torna-se menos compreensível e credível. Mesmo se muitas vezes nos sentimos inadequados, pobres, incapazes, conservemos sempre a certeza no poder de Deus, que coloca o seu tesouro «em vasos de creta» precisamente para que se veja que é Ele quem age através de nós.
O ministério da evangelização é fascinante e exigente: exige amor ao anúncio e ao testemunho, um amor tão radical que pode ser marcado também pelo martírio. A Igreja não pode faltar à sua missão de levar a luz de Cristo, de proclamar o feliz anúncio do Evangelho, mesmo se isto inclui a perseguição (cf. Exort. ap. Verbum Domini, 95). É parte da sua própria vida, como foi para Jesus. Os cristãos não devem ter receio, mesmo se «actualmente são o grupo religioso que sofrem o maior número de perseguições por causa da própria fé» (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2011, 1). São Paulo afirma que «nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Nosso Senhor» (Rm 8, 38-39).
Queridos amigos, agradeço-vos pelo trabalho de animação e formação missionária que, como directores nacionais das Pontifícias Obras Missionárias, desempenhais nas vossas Igrejas locais. As Pontifícias Obras Missionárias, que os meus Predecessores e o Concílio Vaticano II promoveram e encorajaram (cf. Ad Gentes, 38) permanecem um instrumento privilegiado para a cooperação missionária e para uma proveitosa partilha do pessoal e dos recursos financeiros entre as Igrejas. Além disso, não devemos esquecer o apoio que as Pontifícias Obras Missionárias oferecem aos Colégios Pontifícios, aqui em Roma, onde, escolhidos e enviados pelos seus Bispos, se formam sacerdotes, religiosos e leigos para as Igrejas locais dos territórios de missão. A vossa obra é preciosa para a edificação da Igreja, destinada a tornar-se a «casa comum» de toda a humanidade. O Espírito Santo, o protagonista da Missão, nos guie e nos ampare sempre, por intercessão de Maria, Estrela da evangelização e Rainha dos Apóstolos. A todos vós e aos vossos colaboradores concedo de coração a minha Bênção Apostólica.

Sala Clementina, Sábado, 14 de Maio de 2011
BENEDICTUS PP. XVI