A nossa diocese de Beja viveu a sua 13ª Peregrinação Diocesana a Fátima. Nem o calor abrasador e sufocante que se fez sentir, foi capaz de demover cerca de duas mil pessoas que se deslocaram ao “altar do mundo” e se associaram aos demais peregrinos da Cova da Iria.
Foi uma jornada muito bela, onde o amarelo, cor do trigo loiro, sobressaía entre as outras cores e a melodia alentejana nos cantares a Maria emprestou um sabor diferente à recitação do Rosário. Com povo, vindo dos grandes centros ou dos longínquos montes ou aldeias, estiveram quase todos os sacerdotes, diáconos, seminaristas e consagrados da Diocese.
Era uma pequena multidão que, no dizer de D. António Vitalino que presidiu à Peregrinação e à Eucaristia, “não é possível reunir em qualquer celebração festiva em território da diocese”. Com objectivos bem definidos, com intenções muito concretas, com mensagem bem marcante, galgaram-se quilómetros para que tudo chegasse ao mais íntimo do coração de cada um.
“Peregrinar é estar aberto à Missão” foi o fio condutor de tudo o que se viu, ouviu, rezou e celebrou.
Vem e segue-me
A liturgia da Palavra convidava-nos a deixar tudo para seguir o Mestre. Um convite, sempre feito, mas nem sempre escutado ou merecedor de uma resposta afirmativa. Esse convite continua a ser repetido e espera respostas generosas de todos, seja para o sacerdócio ou para a vida religiosa, seja para a vida matrimonial. Uns e outros, são chamados a cumprir uma missão, a viver um amor total e dedicado, sempre ao jeito de Jesus Cristo.
Também, em Fátima, há quase um século atrás e também nos dias de hoje, se pode encontrar espaço para uma mudança de vida, de atitude, de resposta.
As palavras do Bispo e as reflexões apresentadas na recitação do terço, na manhã do domingo, uma vez mais, foram apelo e desafio para todos quantos de coração aberto e alma generosa as deixaram entrar nas suas vidas, de modo a dar bons frutos nas suas famílias, nas suas aldeias e montes, nos ambientes onde vivem e trabalham.
“A verdade te libertará”, mote do Sínodo diocesano e bem expressa por S. Paulo, na liturgia do 13º Domingo comum, ensina a desatar muitos nós da vida, a romper com prisões e medos, a criar espaço para uma resposta pronta, total e geradora de felicidade.
“Tudo, todos e sempre em Missão”
Em vários lugares e por diversas vezes se tem repetido esta frase, muito forte, muito densa e cheia de significado. Foi apresentada por Bento XVI numa das últimas mensagens para o dia mundial das Missões. Vai ser retomada para o Dia Missionário Diocesano, em Grândola, a 19 de Outubro. Muitos dos peregrinos de Fátima viveram nos últimos anos experiências de Missão, seja em tempo de férias, com os grupos de jovens, seja nas Missões Populares e nos encontros de formação para animadores, seja mesmo nas tarefas e serviços das suas comunidades e paróquias. Louvado seja Deus por toda essa generosidade, dedicação e testemunho!
Somos capazes de nos mobilizar, de ir longe ou perto, de responder a propostas e a motivações quando elas nos tocam, nos impelem, nos agarram por dentro. Vamos “até ao fim do mundo” se tal nos tocar cá por dentro. O Senhor é o mesmo, a Mãe é a mesma e a Igreja de Jesus Cristo é a mesma.
O que vivemos, celebramos e experimentamos, o que nos encheu o coração, nos tocou fundo ao ponto de fazer correr algumas lágrimas e embargou a voz, sejamos capazes de o testemunhar no dia a dia, sem vergonha nem medos, com alegria e entusiasmo, procurando dizer aos outros, por palavras e por obras, as maravilhas que Deus faz e quer continuar a fazer em nós e através de nós. Peregrinar é estar aberto à Missão e todos somos chamados a dar testemunho do Senhor Jesus, sempre e em todo o lugar.
P. Agostinho Sousa, CDM/Beja
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