“Chamados a fazer brilhar a Palavra da Verdade”
Almodôvar vestiu-se de festa para acolher os participantes no primeiro Dia Missionário a nível diocesano. Após dias intensos de trabalho, de planificação e dinamização da comunidade sacerdotal dos padres Verbitas e de um numeroso grupo de voluntários generosos, o Centro Rodoviário daquela localidade foi transformado numa autêntica catedral, cheia de beleza e luz, onde os motivos missionários e a cor apelavam para a universalidade da Igreja e para a urgência do saber partir e partilhar.
Ao entrar neste espaço digno e acolhedor, o olhar dos presentes fixava-se no painel, com a mensagem “Chamados a fazer brilhar a Palavra da Verdade”, com a cruz de Cristo ao centro e numerosas chamas a sugerir a necessidade de transmitir a Luz, que é o Senhor Ressuscitado. Além das bandeiras com os nomes dos cinco continentes, havia cartazes com os seis arciprestados da diocese. Estes também estiveram presentes na procissão de entrada, em outros tantos círios, com os respectivos nomes gravados em fita e colocados no altar. O espaço da celebração, em forma de cruz, apresentava ainda mais duas componentes, as quais apontavam para a partilha e comunhão: de um lado, a feira missionária, cujo produto se destinava ao Chade, um projecto abraçado pela comunidade verbita de Almodôvar e suas paróquias, e do outro, a mesa da refeição.
Festa dos continentes
O movimento e a animação começaram cedo. Na praça da República, as catequeses foram mostrando a alegria do encontro e a festa dos continentes. Mais de uma centena de crianças, assumiram a cor azul, branca, verde, amarela e vermelha e partiram em caminhada para junto do monumento ao Sapateiro, e aí, à volta da rotunda, de mãos dadas, cantaram o Pai-nosso e “Guiado pela mão”, significando, deste modo, o amor do Pai por toda a humanidade e a atitude de resposta que cada um deve ter ao apelo que o Senhor continua a fazer para o seguir.
Após este momento, todos se dirigiram para o local do grande encontro: a Eucaristia. Se o ar de festa e moldura ambiente estavam bem patentes aos olhos de quem entrava, agora o calor humano, a alegria e a solenidade, enchiam o olhar e o coração.
Infância missionária
A assembleia estava reunida e, desde crianças de colo até aos velhinhos do lar da Santa Casa, animados com a voz do coro da paróquia de Almodôvar, deu-se início à celebração, presidida pelo Bispo diocesano, D. António Vitalino. As suas palavras foram dirigidas a todos, de modo particular aos mais pequenos, recordando a sua experiência de criança quando, a partir das histórias que lhe eram lidas pela sua tia, fez uma ‘redacção’ na qual expressou a sua vontade de querer ser missionário. Referiu-se ainda à tragédia vivida no Hawai e outras ilhas e deu grande realce à atitude de fé do cego de nascença, bem como ao encerramento do Sínodo sobre a Nova Evangelização e ao Sínodo diocesano.
No ofertório foram trazidos ao altar símbolos que apontavam para a Missão e um cartaz que dizia “Com as Crianças das Ásia, procuramos Jesus” dando-se início, deste modo, ao recomeço da Obra da Infância Missionária e ao caminho a ser feito, sobretudo, desde o Advento até à Epifania. A seguir á oração da comunhão, o P. António Leite, missionário verbita, deu a conhecer o projecto da construção de uma escola, no Chade. No final, foi entregue um pequeno símbolo, com palavras de Bento XVI e a mensagem: “Sê Missionário!”.
Testemunhos e riqueza de experiências
Após o refeição partilhada e a reorganização do espaço, todos foram convidados a fazer caminho para a Igreja Matriz. A transposição de lugar e de cenário foi uma mais-valia na partilha de testemunhos e experiências. A hora era dos jovens!
A missão, no coração do Alentejo ou na casa do bom Samaritano, no porta a porta ou em lares ou centros de dia, a partir do cenáculo da oração e da força da Palavra ou do testemunho de fundadores, é caminho marcante, feito e a fazer por jovens generosos e desprendidos, pertencentes à Pastoral Juvenil Diocesana, ao Grupo “Shemá”, aos Convívios Fraternos, aos Jovens sem Fonteiras (JSF), à Juventude Mariana Vicentina (JMV) ou aos Jovens Católicos de Almodôvar.
Seis grupos de jovens transmitiram, por imagem e de viva voz, testemunhos cheios de entrega, partilha e disponibilidade e experiências ricas de humanidade, de beleza e de sentido do outro. Ao longo de mais de hora e meia, num leque variado e animado, de forma concreta e apaixonada, conjugaram-se em vários modos e lugares os verbos partir, dar-se, amar. Que belo foi ver a alma jovem alentejana dar corpo a causas nobres, motivada pelo amor a Jesus de Nazaré e ao irmão! Alguém, no final, dizia: “No meu Alentejo, acontecem coisas tão lindas e hoje, estes jovens, mostraram-me coisas maravilhosas, que me fazem acreditar que vale a pena apostar neles e dar-lhes espaço para concretizar o seu sonho de um mundo melhor!”. Todos os intervenientes que deram o seu testemunho pessoal fizeram saber que as suas vidas se transformaram a partir da experiência de missão.
Relíquias da Beata Maria do Divino Coração e envio
Os testemunhos de uma vida fecunda e dedicada ajudam a perceber que todos são chamados a experimentar o amor de Deus e a dar-se sem medida à causa da missão. As Irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, com uma comunidade em Colos (Arciprestado de Odemira), neste mês de Outubro, tiveram o privilégio da visita das Relíquias da Beata Maria do Divino Coração, uma religiosa desta Congregação. A Beata Maria, nasceu na Alemanha, em 1863 e faleceu em 1899, no Porto, com 35 anos. Foi beatificada por Paulo VI, em 1975. Era de família de elevada nobreza alemã e é conhecida por ter influenciado o Papa Leão XIII, a fazer a consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus. O mesmo Papa chamou a essa consagração “o maior acto do seu pontificado”.
A Comunidade de Colos quis partilhar com toda a diocese, reunida neste dia missionário, o testemunho de vida e agora, a intercessão, da Beata Maria. As suas relíquias presidiram à oração da tarde com que se encerrou esta jornada. Após a recitação do símbolo dos Apóstolos e da oração pelo Sínodo Diocesano, foi entregue a todos os participantes um símbolo – uma pequena pedra, onde se podia ler “Senhor, eu creio”! Com os cânticos “Onde Deus te levar” e “Nossa Senhora das Missões”, numa só alma e a uma só voz, agradecemos este dia, nesta diocese de missão e em missão.
À paróquia de Almodôvar e demais comunidades paroquiais desta zona pastoral, aos padres da congregação do Verbo Divino, à equipa dinamizadora, aos responsáveis de grupos e catequeses, às entidades particulares ou oficiais que colaboraram e aos grupos de jovens que deram o seu testemunho, um obrigado do tamanho do mundo, num sentimento de que a semente foi lançada e que a missão de todos é cuidar dela para que “façamos coisas belas e tornemos as nossas vidas lugares de beleza”.
P. Agostinho Sousa
CDM/Beja
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