quinta-feira, 6 de março de 2014

Vivências Missionárias em Terras do Sado (II)

Algarvia de nascença, alentejana por opção, vivo em Mina de S. Domingo-Mértola. Sou esposa, mãe e avó. O meu nome de baptismo é Isabel.
No dia 18 de Janeiro, depois de terminados os trabalhos duma acção de formação em Moura e das despedidas feitas, pronta para regressar a casa, senti que devia voltar atrás e oferecer os meus préstimos para a missão, ao Padre Agostinho, caso fosse necessário.
Passados alguns dias, não muitos, recebi um convite para fazer parte da equipa que ia em missão, imaginem para onde?

Nada mais, nada menos, que para Itália, Etiópia e Ermidas-Sado e Alvalade, durante 15 dias! Claro, que as coisas ditas desta maneira, dá azo, a que muitos perguntem,  como seria possível em 15 dias fazer missão em 3 lugares, tão longe e tão perto? Nada disso...
É que, ao lado ESTE de Ermidas, o povo dá-lhe o nome de Etiópia, creio que pelo facto de se tratar dum lugar aonde predominava a construção mais rural e mais pobre, naquele tempo. E ao lado OESTE, o de Itália, naturalmente, porque depois de se implantar a linha do caminho-de-ferro entre estes dois lugares, aqui se implementou grande desenvolvimento, nomeadamente a nível de indústria e comércio de farinha e cortiça, entre outras.
Faço referência a este facto, só porque quando lá cheguei, me surpreendeu muito, constatar que este lugar era composto de casas térreas de qualidade e muito amplas com quintais enormes e ruas bastante largas e o povo, por sua vez, identificar as pessoas como sendo da Etiópia ou de Itália. Soube depois que isso se deveu ao facto do agricultor Manuel Joaquim Pereira, nos anos 30, ter doado e vendido a preços baixos, todo aquele terreno à CP, que permitiu grande desenvolvimento e criação de riqueza naquela área.

A Missão, um momento forte
Mas, voltando à Missão em si, quero dizer que foi mais um momento muito forte que Deus me permitiu viver, desta vez, junto daquela gente boa de Ermidas e Alvalade, na companhia duma Equipa extraordinária, brincalhona e bem-disposta, mas muito responsável e disponível para todos os momentos de chamada.
Naturalmente que desta Equipa Missionária Vicentina, formada pelo Padre Agostinho, pela Arlete, de Lisboa e muito comprometida com a Igreja, pela Nádia, da Juventude Mariana Vicentina de Tomar e por mim própria, quero ressalvar a postura do Sacerdote que sempre foi muito correcta, amiga e exigente. Aliás, penso que doutra forma o nosso trabalho não teria sido tão frutuoso e reconhecido por todos, a quantos tivemos oportunidade de chegar.
Senti muitas manifestações de carinho, desde as escolas, passando pelos lares e bombeiros, não esquecendo os doentes e pessoas que se cruzavam na rua connosco, a quem dirigíamos uma palavra. Tudo foi, digamos, que uma grande bênção, do Pai do Céu, que nos criou, do Seu Filho Jesus, Fonte de Água viva que sacia a nossa sede e do Espírito Santo que nos ilumina e dá discernimento, para melhor darmos testemunho do Seu amor, a todos os nossos irmãos.

Dia do Doente
A Missão naquelas paragens coincidiu com o dia do doente. De modo que, a todos quantos desejaram a nossa visita, lhes foi ministrado o sacramento da Santa Unção e oferecida a medalha da Senhora das Graças ou também conhecida como Medalha Milagrosa. E como era consolador, ver como  todos ficavam tão tranquilos, contentes e agradecidos...
Fiquei deveras sensibilizada com algumas situações, nomeadamente na escola, com um menino de nove anos, agarrado a uma cadeira de rodas, que anda no terceiro ano e só pode escrever com o apoio dum computador e na "Etiópia", com um senhor de quarenta e poucos anos, paraplégico, devido a um acidente quando regressava a casa depois do trabalho e com uma família de fracos recursos.
Perante estes dois casos, para não falar noutros, quem somos nós, "para estarmos mal com tudo e com todos", reforçado, pelas palavras do Padre Nóbrega, na Acção de Formação que tão sabiamente nos transmitiu no dia 22 de Fevereiro, quando tratou do tema “Evangelização e Família”?
Que todos sejamos capazes de agradecer ao Senhor o dom da vida e confiar absolutamente n'Ele, porque não seremos abandonados, pela sua infinita bondade. E tenhamos sempre em mente o valor dos VALORES, começando pelos três tão simples que o nosso Papa Francisco recomendou às famílias durante uma peregrinação à Praça de S. Pedro: "com licença, obrigada e desculpa”. Enquanto missionários, a nossa mensagem também passou por estas ideias-chave, sempre que oportuno.



Presença do Pároco
Por fim, fiquei, penso que todos ficaram, com o mesmo sentimento, profundamente feliz, por verificar que foi muito importante a criação das várias comunidades e revitalização de outras, que se dispuseram a uma vivência missionária mais comprometida, naturalmente com a bênção e protecção de Nossa Senhora das Missões, muito acarinhada e querida, por onde quer que passou.
Não posso esquecer a colaboração imprescindível que o Pároco destas duas terras, o Padre Francisco Sales, nos deu com toda a sua boa vontade, em quase todas as cerimónias e visitas que desenvolvemos.
Por fim quero agradecer ao Senhor, que me chamou por intermédio do Padre Agostinho para esta missão e a todas as pessoas que nas duas paróquias me deram tanto mimo, ao resto da equipa missionária e ao Padre Sales.
Entretanto, fico pedindo ao Senhor, para que todas as comunidades  tenham muito presente no seu trabalho, um olhar muito atento aos mais abandonados, porque todo o bem que possam fazer a um dos mais pequeninos, é ao próprio Jesus que o fazem. Bem-haja a todos!
Isabel Valente,
Mina de S. Domingos


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