Foi com grande entusiasmo que aceitei fazer parte da equipa missionária para a missão em Saboia e Santa Clara-a-Velha. Na realidade eu e minha esposa, despedimo-nos dos nossos animais de estimação, dos nossos afazeres aqui em S. Teotónio e de alguns compromissos, mesmo a nível pastoral, para nos pormos a caminho porque missão é caminhar e caminhar ao encontro do outro. De facto foi assim.
A missão começou no dia 8 de Março com a recepção da imagem de Nossa Senhora das Missões, em Pereiras-Gare que entusiasticamente foi recebida por um grupo de pessoas daquela aldeia especialmente jovens, pela equipa missionária: Sr. Padre Agostinho, Irmãs do Espírito Santo (Gorete, Ascensão e Emília), por mim e minha esposa, Nélida.
Para começar a missão foi muito bom, porque ali foram vividos momentos fortes, pois a acompanhar a imagem veio um grupo de Ermidas e Alvalade com o seu pároco, Padre Sales, que no seu sermão de entrega da imagem a Pereiras muito bem soube testemunhar a missão. Seguiu-se um lanche partilhado que nos proporcionou momentos felizes de convívio.
Viver em comunidade
Esta foi a recepção. Os dados estavam lançados. A partir deste momento a missão começa a desenrolar-se com a realização das assembleias familiares “catequeses”. Tive o grato prazer de ser animador de algumas, de modo particular, aquela que foi baptizada com o nome “PAZ” e que funcionou na casa de D. Isabelinha. Esta senhora, com toda a amabilidade, também nos recebeu para pernoitar na sua casa, a mim e à minha esposa e ao padre Agostinho. Uma verdadeira Senhora que, com 90 anos de idade e com muita dificuldade em ver, nunca deixou de fazer questão de nos servir o pequeno-almoço e, quando já pela noite dentro chegávamos a casa, lá estava para nos receber.
Nas assembleias familiares, quer em Saboia, Santa Clara-a-Velha e Luzianes, encontrei uma disposição para ouvir a Palavra de Deus e criou-se, na realidade, um ambiente de primeiras comunidades Por vezes, senti-me verdadeiramente a viver em comunidade. Senti que aquelas populações apesar de maioritariamente idosas estavam ali presentes e todas elas manifestaram o desejo de continuar a ser apoiadas espiritualmente. Nesta primeira semana vivi uma experiência de contacto e partilha com as populações das diversas comunidades, especialmente idosos no lar e centros de dia e também com as crianças das escolas que, para mim e minha esposa, foram altamente enriquecedoras porque foi muito mais o que recebemos em experiência do que aquilo que tínhamos para dar.
Equipa unida e animada
A segunda semana preenchida com celebrações temáticas, via-sacra e procissões, preencheu-me do ponto de vista da prática da vivência da fé. O trabalho não foi pouco mas agora que já passou, reconheço que houve da parte de quem era responsável pela equipa, o Padre Agostinho, uma capacidade quase inacreditável de coordenar o serviço de modo a que entre cenários a montar num lado e a desmontar noutro, com distâncias consideráveis a percorrer, tudo correu sobre rodas e ainda por cima mantendo a equipa verdadeiramente unida e animada num ambiente de partilha de trabalho, de entrega e de esforço, para chegar a todos. Aparra-me realçar e enaltecer este testemunho de entrega feliz e alegre. Esta equipa mais parecia uma só pessoa e durante estes dias criou-se entre os vários elementos laços ainda mais fortes de amizade e partilha.
Testemunhos de amor e de dedicação
A adesão quer às Procissões, Via-sacra e Celebrações por parte daquelas pessoas, que não obstante viverem longe e algumas sozinhas, foram bem o testemunho de que a fé não é algo abstracto mas sim verdadeiro e que vive no seu coração.
No encerramento dos quinze dias de missão viveu-se ainda mais intensamente este tempo porque tivemos connosco a presidir às celebrações o nosso pastor, D. António Vitalino, que nos soube transmitir o verdadeiro sentido de seguir Jesus. E, nos momentos de convívio, deixou-nos o seu testemunho de amor e dedicação ao seu rebanho.
Regressado a casa, encontrei os meus animais de estimação sedentos do meu carinho, eu realizado porque vivi quinze dias que reforçaram em nós, casal, o espirito de missão.
Em jeito de despedida queria só deixar o meu apelo para que não se perca nenhuma daquelas sementes que foram deixadas nestas terras do interior onde por vezes falta a rega tão necessária para que elas germinem.
Por mim, por nós, resta-nos dizer estamos, com certeza, no grupo daqueles que tudo farão para que esta acção tenha continuidade.
Diácono Permanente José Inácio
e esposa, Nélida