quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

DIA MUNDIAL DA PAZ – SANTA MARIA, MÃE DE DEUS



“Não mais escravos, mas irmãos”: este é o tema da Mensagem para o 48º Dia Mundial da Paz, a segunda do Papa Francisco. Geralmente pensa-se que a escravatura é um facto do passado. Na verdade, esta praga social continua muito presente no mundo de hoje.

A Mensagem para o 1º de Janeiro de 2014 foi dedicada à fraternidade: “Fraternidade, fundamento e caminho para a paz”.




De facto, uma vez que todos são filhos de Deus, os seres humanos são irmãos e irmãs com uma igual dignidade. A escravatura representa um golpe de morte para tal fraternidade universal e, por conseguinte, para a paz. Na verdade, a paz existe quando o ser humano reconhece no outro um irmão ou irmã com a mesma dignidade.

Persistem no mundo múltiplas formas abomináveis de escravatura: o tráfico de seres humanos, o comércio dos migrantes e da prostituição, o trabalho-escravo, a exploração do ser humano por outro ser humano, a mentalidade esclavagista para com as mulheres e as crianças. Há indivíduos e grupos que se aproveitam vergonhosamente desta escravatura, tirando partido dos muitos conflitos desencadeados no mundo, do contexto de crise económica e da corrupção.

A escravatura é uma terrível ferida aberta no corpo da sociedade contemporânea, é uma chaga gravíssima na carne de Cristo! Para combatê-la eficazmente, há que reconhecer acima de tudo a inviolável dignidade de cada pessoa. Além disso, importa ancorar firmemente esse reconhecimento na fraternidade, que exige a superação de todas as desigualdades, as quais permitem que uma pessoa escravize outra.

É-nos ainda pedido que o nosso agir seja próximo e gratuito para promover a libertação e inclusão para todos. O objectivo a alcançar é a construção de uma civilização fundada sobre a igual dignidade de todos os seres humanos, sem qualquer discriminação.




Para isso, é necessário o compromisso da informação, da educação, da cultura em favor de uma sociedade renovada e que se assinale pela liberdade, pela justiça e, logo, pela paz.


O Dia Mundial da Paz resultou da vontade do Beato Paulo VI e é celebrado todos os anos no primeiro dia de Janeiro. A Mensagem do Papa é enviada aos Ministros dos Negócios Estrangeiros de todo o mundo e indica também a linha diplomática da Santa Sé para o ano que se inicia. (Fonte: Rádio Vaticano)


Mensagem do papa para o Dia Mundial da Paz

sábado, 27 de dezembro de 2014

Festa da Sagrada Família de Nazaré


A família é um tesouro”
“A família é o principal objecto de ‘cuidado’ de cada um”.

 “Cuidar significa manifestar um interesse diligente e atencioso, que empenha tanto o nosso ânimo como a nossa atividade, em relação a alguém ou a alguma coisa. Cuidar ignifica olhar com atenção para aquele que necessita de cuidados sem pensar noutra coisa, aceitar dar ou receber cuidados”.




“A família é um tesouro, os filhos são um tesouro”. “Brincar com os filhos é tão bonito. É semear futuro”.

Na família é necessário cuidar também da relação com os outros, com boas obras, especialmente aos mais necessitados, fracos”, incluindo os anciãos, doentes, famintos, sem-tecto e estrangeiros”.

Na família, purifique-se a língua das palavras ofensivas, das vulgaridades e da linguagem da decadência mundana” e “que as feridas do coração sejam substituídas ‘com o óleo do perdão’ e o trabalho realizado com “entusiasmo, humildade, competência, paixão e espírito de gratidão ao Senhor”.

(Papa Francisco na audiência aos trabalhadores da Santa Sé
e do Estado da Cidade do Vaticano,

a 22 de Dezembro/2014)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Glória a Deus nas alturas!”
No princípio existia o Verbo;
o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus.

O Verbo era a Luz verdadeira,
que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina.
Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência,
mas o mundo não o reconheceu.
Veio para o que era seu,
e os seus não o receberam.


E o Verbo fez-se homem
e veio habitar connosco.

E nós contemplámos a sua glória,
a glória que possui como Filho Unigénito do Pai,
cheio de graça e de verdade.

(Prólogo do Evangelho de S. João)

domingo, 21 de dezembro de 2014

Mensagem de Natal dos Bispos de Beja
Irmãos e não escravos

 Aproxima-se mais um Natal e o início dum Novo Ano. Trocam-se mensagens e presentes com votos de festas felizes, muitas vezes só entre familiares e amigos.



Festas felizes! Que felicidade, que festas, num mundo tão desigual?!

Todos nascemos e, por isso, todos temos o nosso dia de natal. Uns nasceram em berços de oiro e outros em estábulos, como o Menino de que celebramos o nascimento a 25 de Dezembro, apesar de ser o Filho de Deus que nos veio salvar. Com Ele, para quem n’Ele acredita e conhece a Sua história, começa a grande reviravolta dos critérios de felicidade da maioria das pessoas. Afinal não é pela riqueza material que podemos salvar-nos e salvar os outros: é pelo despojamento dos bens materiais e de nós mesmos que adquirimos a capacidade de nos irmanarmos, de sermos felizes e de fazermos a festa que dá alegria profunda e duradoira.

Na mensagem para o Dia Mundial da Paz, a 1 de janeiro de 2015, o Papa Francisco refere estes pensamentos e afirma que o deus dinheiro cria a inversão de valores da verdadeira humanidade e é causa de muitas formas da moderna escravatura que cava profundas desigualdades entre os seres humanos e torna inviáveis a paz e a felicidade. Cada frase desta mensagem pode dar origem a um profundo exame de consciência pessoal e coletivo e contribuir para humanizar a nossa sociedade e tornar-nos mais fraternos, mais irmãos, mais felizes. Assim podemos, com verdade, exprimir os votos  de feliz Natal e Ano Novo, porque mais irmãos e mais fraternos.

Vivendo nós num mundo de grande mobilidade, motivada quase sempre por  razões  económicas, as pessoas, as sociedades e os estados precisam de dar grande atenção ao acolhimento destes migrantes, para que não sejam escravizados por motivos económicos. É no mundo das migrações que encontramos hoje muitas formas de escravatura, explorando a necessidade e a fragilidade dessas pessoas com trabalho escravo, fazendo depender a autorização de estadia de um contrato de trabalho, com tráfico de órgãos, com exploração sexual, expondo-as a intermediários sem escrúpulos. Quem assim procede com as crianças, os estrangeiros e os pobres, como pode celebrar o Natal de Jesus? Ele, sendo rico, Filho de Deus, nasceu pobre, indefeso, confiando em nós, e assim, quem acolhe  alguém frágil, pelas mais diversas causas, é a Cristo mesmo que recebe.



Depois de tantos anos a celebrar o Natal, será que já tiramos algumas ilações deste grande mistério de Deus connosco? Estou convencido que, entre avanços e recuos, a humanização vai prosseguindo. Embora no hemisfério norte a construção de uma sociedade sem Deus se vá afirmando, muitas expressões das suas leis e costumes têm raizes nos códigos religiosos, sobretudo na Bíblia, como os ideais da revolução francesa e a declaração dos direitos humanos, promulgada a 10.12.1948 e entretanto ratificada pela maioria dos países democráticos, embora nem sempre posta em prática em todos os seus artigos.

Continuemos a celebrar o Natal, a recordar o nascimento de Jesus e tudo o que aconteceu à sua volta, também aquilo que Ele disse e viveu.  Água mole em pedra dura tanto dá até que fura, diz o provérbio popular. Os lindos cantares de Natal, o Cante ao Menino do Cante Alentejano, agora declarado património imaterial da humanidade, o costume da ceia em família, juntando os familiares de várias gerações no torrão natal, os presépios, as orações e liturgias, os cabazes de Natal e a atenção aos pobres, os gestos de solidariedade, os enfeites e as luzes, tudo vai contribuindo para que vá surgindo uma nova sociedade, mais igual, mais fraterna, mais justa e feliz.

Olhemos também de perto para aqueles e aquelas que dedicam toda a sua vida a Deus, à Igreja e aos mais necessitados, a quem neste Ano da Vida Consagradaqueremos agradecer e por eles rezar, para que nunca falte na nossa diocese este precioso testemunho de vida cristã.

Com o estribilho do Cante de Pias ao Menino, ponde em nós os vossos olhos, misericórdia, amor,desejamos a todos os diocesanos alegres festas de Natal e Ano Novo abençoado.

† António Vitalino, Bispo de Beja

† João Marcos, Bispo Coadjutor de Beja

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

“O Espírito de Deus está sobre mim e enviou-me!”



Anúncio da Missão
em Rio de Moinhos (diocese de Beja)
e em Brogueira (diocese de Santarém)

Foi no fim-de-semana de 13 e 14 de Dezembro, 3º Domingo do Advento, foi feito o Anúncio da Missão Popular em duas aldeias de regiões e dioceses bem diferentes: Beja e Santarém. São as paróquias de Aljustrel, na povoação de Rio de Moinhos (dia 13), até há pouco tempo freguesia e Brogueira (dia 14), no concelho de Torres Novas.
“O Espírito de Deus está sobre mim e enviou-me a anunciar a Boa Nova aos pobres”, pregão do profeta Isaías, proclamado por Jesus na sinagoga de Nazaré, e assumido por Vicente de Paulo para lema da Congregação que seguiu os seus passos, foi o mote comum nas duas celebrações.




Semelhanças e diferenças
Algumas diferenças e semelhanças, acabaram por marcar esta acção missionária: ambas acontecem de 17 a 31 do mês de Maio; o pároco de Aljustrel (P. Paulo do Carmo) já tem algum traquejo no preparar e viver a Missão Popular; o pároco de Brogueira (P. Diamantino Marques) pediu e quer viver pela primeira vez o contacto com este método de evangelização e que, recentemente, foi proposto pelo bispo diocesano.
Enquanto Rio de Moinhos já experimentou em 2006 uma Missão Popular animada por uma equipa liderada pelo falecido P. João Sevivas, a Paróquia de Brogueira nunca esteve no calendário das Missões, embora a vizinha paróquia de Alcorochel tivesse acolhido uma, no ano 2000.
Brogueira tem muita história e tem 3 lugares de culto (Brogueira, Boquilobo e Cardais), sendo a igreja matriz o mais importante. Rio de Moinhos, embora se tenha pensado em construir um lugar de culto e haja um terreno doado há mais de 20 anos, a partir de 21 de Junho último, data da sagração do altar, celebra o culto numa sala da antiga escola, equipada como capela, sob a invocação de Nª Sª de Fátima. De 15 em 15 dias, há Eucaristia.
Ambas têm figuras bem conhecidas: Em Boquilobo (Brogueira), nasceu o general sem-medo Humberto Delgado e em Rio de Moinhos (Aljustrel), veio ao mundo, Manuel de Brito Camacho.

Oração e mãos estendidas
Em Rio de Moinhos, num sábado, chuvoso e frio, ensombrado por um funeral de um filho da terra, ainda jovem, fez-se o Anúncio deste tempo forte de evangelização.



Este acontecimento doloroso, tornando-se momento de oração em memória pelo falecido, foi tempo de anúncio e de missão.
Na paróquia da Brogueira, no domingo, nas três celebrações, sobretudo na Matriz, e com crianças a viver a caminhada de Advento simbolizada nas mãos, além do convite á alegria da Missão e a ‘conhecermos melhor Aquele que já está no meio de nós’, foi feito o desafio para que todas mãos se estendam e chegam a todas as famílias, a todos os Lugares e Casais.
A oração da Missão, a descoberta da equipa coordenadora e o convite a uma participação activa foram apelos lançados pelo P. Diamantino para que, passadas as festas natalícias, fossem propostas acções concretas para mobilizar a paróquia para este tempo forte de Missão e, desde já, todos começarem a ser os missionários das famílias, dos vizinhos e dos amigos.
O terreno começou a ser preparado. O anúncio foi feito. A mensagem que vem de longe e é o centro da Missão, continua a vibrar nos ouvidos, no coração e na vida de todos e desafiar tudo e todos para o “hoje” da salvação de Deus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.» (Lc 4, 18-19)

P. Agostinho Sousa, CM

RIO DE MOINHOS
Rio de Moinhos foi uma freguesia do concelho de Aljustrel, criada em 1985, com 37,44 km² de área e 741 habitantes (2011). Foi extinta em 2013, no âmbito da reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Aljustrel. É constituída por um único núcleo populacional e por alguns montes dispersos (habitações rústicas agrícolas).



O sector primário da sua economia impõe-se, destacando-se como produtos principais as oleaginosas (azeitona e girassol), a cultura de cereais (em regime de sequeiro), o tomate (para concentrado), milho, arroz e vinha.
Foi em Rio de Moinhos que Manuel Brito Camacho, político republicano, nasceu e aprendeu as primeiras letras e o apego que o ligou ao Monte das Mesas onde viveu a infância, onde «brincou, fisgou pardais e foi aos grilos» fê-lo escrever, ao longo da vida, numerosas páginas sobre a paisagem desta região e o modo de vida bucólico, de outros tempos: “Que bom tempo aquele! Pela meia tarde, na época da ordenha, a horas certas, ainda vinha longe o alavão, logo eu corria para o aprisco, sem chapéu, e punha-me a tocar o búzio com muita força até que o roupeiro chegasse, quase sempre furioso por o terem chamado antes do tempo. Que feliz eu era então!”.


(Os dados históricos e outros foram retirados da autarquia de Aljustrel)

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Uma Família, Um Presépio



Com o mote “Uma Família, Um Presépio”, catequistas e catequisandos da Paróquia de Abela, tiveram um sonho original: envolver toda a freguesia na vivência do Natal, criando e recriando a expressão mais visível desta quadra natalícia: cada família, cada rua foi desafiada a construir um Presépio.
A iniciativa mobilizou toda a aldeia. Grandes e pequenos, novos e mais velhos deram largas à imaginação e foram construindo, com os mais diversos materiais, o quadro central que representa e torna visível, o Natal do Senhor.

Este desafio envolveu de tal maneira as gentes da Abela que, no dia Bênção e abertura da Exposição, foram percorridos vários quilómetros para visitar os 48 presépios. Materiais reciclados, vidro ou cortiça, corda ou plástico, ferro-velho ou ferro forjado, trapo ou frutos secos, colagem ou recorte, sombra ou silhueta, pintura ou modelagem, das mais diversas cores e feitios, tudo converge para o essencial: “Um Menino nasceu! Uma Família O acolhe!” 
Dentro e fora de portas, em lugares públicos e privados, em lugares de passagem ou de reunião, de maior ou menor porte, aí está um Presépio vivo.
A Eucaristia do 1º domingo do Advento deu início a este evento. Foi participada por muitas famílias e pelas crianças e adolescentes que, trajados a rigor, deram corpo às várias personagens e figuras do Presépio. A igreja estava cheia.
No final, todos se dirigiram para junto das suas “obras de arte”, aguardando a chegada daqueles que se prontificaram visitar toda a aldeia, feita presépio.
Uma visita pausada a esta “Aldeia natalícia”, Abela de seu nome e agora mais Bella, descobrirá muita imaginação, muito talento, muito envolvimento, mas também muito amor, muita comunhão e muita fé.
Há muitas formas de evangelizar, de chegar ao coração das pessoas, de as fazer descobrir a verdadeira mensagem do Natal. Estou certo que todo este envolvimento mexeu muito mais com as famílias que, porventura, muitas outras preparações próprias desta quadra.



Estão de parabéns todos os mentores e construtores, os protagonistas e dinamizadores, os participantes e apoiantes deste evento. Como diz o poeta “tudo vale a pena quando a alma não é pequena! Valeu a pena todo o esforço e trabalho, recompensado pela alegria que inundou os rostos de quem visitou e vai continuando a visitar esta exposição que, tendo começado a 30 de Novembro se prolonga até ao próximo dia 6 de Janeiro.
“Uma Família, Um Presépio”, mexeu com a Comunidade da Abela. Todos se deram as mãos e conseguiram fazer da sua Aldeia, uma autêntica família. Feliz Natal, com Jesus Menino no coração de cada família e de cada pessoa!


P. Agostinho, CM

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Dia de deserto para Animadores de Comunidades



Deus vem!

Na Ermida da Senhora da Graça-Sto André, no passado sábado, aconteceu um ‘Dia de Deserto’. Cerca de meia centena de pessoas, vindas das paróquias de Sines, Sto André, Colos e Santiago do Cacém, rumaram até este lugar de paz para viver um dia diferente. A maior parte dos participantes eram Animadores de Comunidades.
O encontro foi convocado pelo Centro Missionário Diocesano e apoiado pela paróquia de Sto André e pela Comunidade dos Servos de Maria do Coração de Jesus-Colos. O programa proposto estava subordinado ao tema “Caminho do Advento: Esperar Jesus como Maria”.
As Irmãs da Comunidade dos Servos de Maria animaram os tempos de oração (Laudes, Rosário, Vésperas e Adoração do SS.mo Sacramento), o P. Agostinho fez a reflexão temática e o P. Abílio presidiu à Eucaristia. Houve tempo para a Reconciliação, a Partilha de vida e de dons e para a animação missionária.



Foi um dia belo. O sol brilhante ajudou a aquecer o coração. Todos regressaram a suas casas tomando consciência que cada um e toda a Igreja são chamados, na sua peregrinação terrena, a esperar Cristo que vem e a acolhê-Lo com fé e amor sempre renovados.
A assembleia que participou neste encontro de oração e de reflexão calendarizou uma nova experiência de Deserto para o dia 28 de Fevereiro, início da Quaresma.


P. Agostinho Sousa, CDM

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Caminhos de renovação


Tradição e renovação

No dia 25 de Novembro do corrente ano a Unesco declarou o Cante Alentejano património imaterial da humanidade. Parabéns aos alentejanos por terem sabido conservar viva a sua cultura musical, expressão profunda e bela do seu modo de comunicar e conviver em sociedade. A influência do poder comercial e mediático dos modernos cantores de outros países não conseguiu abafar a alma alentejana. Mas espero que a crise demográfica também não o consiga, relegando o cante para os ambientes museológicos e retirando-o das igrejas, das festas populares, da rua e das tabernas.

 


A tradição cultural, o clima e a natureza fazem parte da identidade de um povo. No panorama nacional o Alentejo ainda é das poucas zonas onde a tradição se mantem. Mas sabemos que sem evolução e renovação não será possível ter futuro, no cante e em todas as expressões da vida de um povo. Por isso será necessário estudar esta expressão cultural, torná-la presente nas escolas elementares e superiores, para que não degenere.

Este reconhecimento trouxe honra aos alentejanos, mas também compromissos em ordem à preservação deste património. Quem se encarrega disso, contando com a colaboração de todos? Autarquias, escolas, igrejas, festivais, clubes? Aqui está uma área em que todos somos corresponsáveis e devemos colaborar. E não é favor nenhum, pois o cante encanta, junta, une e fraterniza as pessoas e os ambientes. Da nossa parte tudo faremos para que o cante na sua versão religiosa continue a ecoar nas nossas igrejas e procissões.

Mas muito mais coisas, modos de ser, valores e ideais precisamos de transmitir às novas gerações e adequá-las aos novos tempos. O Papa Francisco, nos discursos feitos recentemente no Conselho da Europa e no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, desafiava estas instituições importantes na construção de uma Europa de paz e de progresso a não ficarem apenas pela dimensão económica e financeira da comunidade europeia, mas a colocarem no centro das suas decisões a dignidade da pessoa humana nas suas relações multipolares e transversais.


A verdade, a solidariedade, a subsidariedade, o bem comum, o nós integral das pessoas em sociedade são património da doutrina social da Igreja sobre o qual os fundadores da Europa quiseram construir uma Europa que resolve os seus conflitos e divergências pelo encontro das pessoas e dos povos através do diálogo e não pela violência das armas, pelo consenso e entreajuda.

Continuar a ler - AQUI

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Caminhar sem destino?



Becos sem saída
Na semana passada assistimos, a nível do país e internacionalmente, a alguns acontecimentos inesperados e que nos devem fazer pensar, se todos terão alguma saída ou serão becos sem sentido e sem saída. Muitos jogam na lotaria, mas nem todos têm sorte. Apenas alguns. Outros sem jogarem, conseguem o mesmo objetivo, mas prejudicando outros, que se recusam enveredar pelos caminhos da corrupção. Admiro as pessoas que, escolhidas democraticamente para assumir responsabilidades públicas, não se deixam corromper, resistindo à tentação de enriquecer rapidamente. Nem todos são iguais, dizia um político esta semana. Ainda bem, digo eu. Mas será que o nosso povo vê a diferença e continua a acreditar na boa fé das pessoas que estão à frente dos destinos do país e do mundo?



Um caminho de esperança percorreu na semana passada o nosso Papa Francisco, indo à Turquia, país de maioria islâmica, mas onde os cristãos são tolerados e sobretudo indo a Constantinopola, hoje Istambul, outrora capital oriental do império romano, onde reside o Patriarca ecuménico da Igreja Ortodoxa, agora Bartolomeu I, a qual no século XI se separou do Papa de Roma. Com o Patriarca Bartolomeu I o Papa Francisco celebrou a festa do apóstolo Santo André, irmão de S. Pedro, o qual foi o primeiro a seguir Jesus, apontado por João Batista como o Messias esperado.

Continuar a ler - AQUI

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

SAGRAÇÃO EPISCOPAL E APRESENTAÇÃO DO BISPO COADJUTOR DE BEJA, D. JOÃO MARCOS



Que «as searas cristãs do Alentejo» levem «o verde da esperança» ao «coração ressequido de tanta gente!»

D. João Marcos, com 65 anos de idade e até agora director espiritual do Seminário dos Olivais e do Seminário Redemptoris Mater, foi nomeado a 10 de Outubro pelo Papa Francisco como Bispo coadjutor de Beja, com direito de suceder a D. António Vitaliano, atual responsável diocesano.

“Para que Deus seja, realmente, tudo em todos!”
A igreja de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos, encheu-se para a ordenação episcopal de D. João Marcos. Foi no Domingo de Cristo Rei, dia 23 de Novembro, sendo Bispo sagrante o Patriarca de Lisboa, acompanhado por D. António Vitalino, Bispo de Beja e por D. José Alves, Arcebispo de Évora. Presentes também inúmeros prelados e muito clero das dioceses de Lisboa e de Beja. Foram muitos os cristãos, uns familiares, outros amigos, outros ainda antigos paroquianos das paróquias onde o novo Bispo Coadjutor de Beja foi pároco, bem como muitos diocesanos de Beja que quiseram estar presentes na sagração do mais recente membro do episcopado português.




Referindo-se ao novo Bispo Coadjutor de Beja como “estimado irmão e amigo”, D. Manuel Clemente lembrou que a ida de um padre da diocese para terras alentejanas não é algo inédito. “ [D. João Marcos] seguirá um caminho já feito por anteriores bispos auxiliares de Lisboa, que daqui seguiram para a mesma diocese irmã: D. Manuel Santos Rocha, D. Manuel Falcão e D. António Vitalino, que é o seu atual pastor. Deus o acompanhará onde o envia, em Cristo que sempre nos espera na variada Galileia deste mundo”. O Patriarca de Lisboa estimulou o novo Bispo Coadjutor de Beja, D. João Marcos, a “procurar a tantos”, nas planícies alentejanas ou por perto, que ainda não conhecem o Reino de Deus”.

“O meu jugo é suave”
“O meu jugo é suave”. É o lema do novo Bispo Coadjutor de Beja que foi apresentado à sua Diocese, em celebração solene, na Igreja do Seminário diocesano, neste último domingo, dia 30 de Novembro, início do novo ano litúrgico e do Ano da Vida Consagrada.
No momento próprio, D. António Vitalino, depois de saudar os presentes e agradecer ao novo Bispo a sua disponibilidade, solicitou a D. João Marcos que se dirigisse à assembleia.




D. João Marcos começou por dizer que “o Alentejo precisa de esperança” num tempo em se vive uma “retração de Deus”. “É tempo de as searas cristãs do Alentejo levarem o verde da esperança sobrenatural ao coração ressequido de tanta gente que, sendo embora religiosa, não experimenta que o céu existe mesmo, que Deus não é uma ideia abstrata e inconsistente, mas a fonte de toda a realidade”.

“O Alentejo precisa de cristãos que possam dar testemunho credível”
Para o bispo coadjutor de Beja, “o Alentejo precisa de esperança, precisa de cristãos que vivam seriamente a fé e a caridade para puderem dar testemunho credível da esperança cristã”.

D. João Marcos lançou um desafio e um apelo aos cristãos ao afirmar que “é tempo de passarmos de um cristianismo reduzido tantas vezes a umas práticas religiosas inconsequentes, a uma doutrina que mal se conhece e a uma moral que os pagãos consideram desumana, é tempo de passarmos de um cristianismo reduzido por alguns a uma terapia e a uma almofada psicológica para fugir da realidade para um cristianismo vivo no qual resplandece o mistério da cruz, um cristianismo solidamente enraizado na Páscoa do Senhor”.

O novo bispo coadjutor de Beja aludiu à realidade e à mentalidade que rege a hoje a vida da sociedade ao sublinhar que “vivemos hoje uma retração de Deus. Deus desapareceu da vida social e da vida de muitas pessoas. Vive-se como se Deus não existisse”. “Sem Deus, o homem fica diminuído, desorientado, fechado num aqui e agora sem horizontes, fabricando idolatrias, caindo de desilusão em desilusão”.

Deus “é a fonte da vida e a sua foz

O bispo coadjutor de Beja comparou a vida humana a um rio: desconhecendo Deus que “é a sua fonte e a sua foz”, fica reduzida “a um lago, às vezes a um charco de águas paradas”.

Na homilia da missa de entrada na diocese de Beja como bispo coadjutor, D. João Marcos saudou todos os presentes e também os ausentes, nomeadamente os que têm uma ligação à Igreja “débil ou inexistente”. “Venho também para eles com a missão do servo do Senhor de proclamar inteiramente a justiça nova do Evangelho sem apagar a mecha que ainda fumega”, sustentou.

A CNIR diocesana, em tempo de acção de graças, procedeu à abertura do Ano da Vida Consagrada, entregando o Evangeliário, uma Lamparina acesa e um Diário de bordo, os quais vão passar por todas as Comunidades Religiosas sediadas na Diocese de Beja.

No final da celebração, autoridades e gente anónima quiseram saudar D. João Marcos. O ambiente era de festa, de alegria e de esperança.
(Texto composto com apontamentos
da Voz da Verdade e da Ecclesia)