1 - Purificar o desejo
Toda a pessoa deseja e espera alguma coisa, agradável ou não, que a move em direção ao esperado ou em sentido contrário, se é desagradável. Do desejo surge o interesse, que desperta a atenção e a vigilância. O pior que nos pode acontecer é nada nos interessar. Viver sem objetivos, sem metas, ao sabor dos acontecimentos, pode causar o desespero e levar até ao suicídio.
Há alguns anos atrás li um estudo sobre o desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida, onde se referia o caso de algumas que recusavam o alimento, parecendo quase desistir de viver. Nesse estudo dizia-se que essas crianças, embora tendo tudo para se alimentar, não se sentiam amadas. Isto fez-me refletir sobre tantas crianças mal-amadas pelos seus progenitores e tantas outras institucionalizadas devido a problemas na família. Ao mesmo tempo lembrei-me da minha infância, no tempo da segunda guerra mundial, da pobreza de muitas famílias e da falta de alimentos, mas ao mesmo tempo do carinho e da atenção para com os mais pequenos, de modo que as carências materiais pouco nos afetavam.
Olhando as famílias das últimas décadas, nota-se a abundância de alimentos e de objetos materiais de entretenimento, mas pouco tempo para as crianças, poucas manifestações de carinho e ternura. A falta de atenção e amor tem produzido um deserto demográfico, pelo receio de não haver meios materiais suficientes para o crescimento dos filhos, mas, pior que isso e talvez mesmo em consequência disso, tem conduzido a uma frieza e pobreza de relações, que originam muitas doenças psíquicas, em crianças, jovens e adultos.
Sem querer estabelecer uma relação de causa e efeito dos problemas que afetam a nossa sociedade, deixo aqui estas referências, para o nosso exame de consciência neste tempo de preparação para o Natal, na minha infância muito desejado, por motivos diferentes dos de hoje, pois muito pouca gente relaciona esta festa com a manifestação do amor de Deus por todos nós e que por isso se faz um de nós, para estar connosco, o Emanuel. Muitos esperam os presentes, sem alegria e sem amor e os adultos têm dificuldade em encontrar algo que ainda desperte contentamento nos mais novos. Porquê?
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