1º Sínodo da Diocese de Beja
“A Igreja existe para Evangelizar”
Decorreu, no passado sábado, dia 24 de Janeiro, a Assembleia Sinodal. Tal momento significa que houve trabalho feito, caminho percorrido, opções e propostas assumidas. O documento que foi apresentado aos membros da Assembleia, diz: “no primeiro ano, os grupos de trabalho reflectiram sobre os temas: ‘A Igreja, mistério de comunhão’, ‘A Igreja, povo de Deus’ e ‘Igreja, estruturas de comunhão e corresponsabilidade’. O objectivo foi colocar as pessoas a reflectir e a interrogar-se em grupo, a partir dos documentos do Magistério (Lumen Gentium e Christifideles Laici), sobre a ‘Igreja que queremos ser’. O segundo ano foi dedicado à reflexão sobre a Palavra de Deus, com o tema geral ‘Palavra que dá Vida’”.
As quinze propostas feitas a partir da síntese das respostas dos grupos apontam para a renovação da Igreja na Diocese de Beja. Cada uma das propostas foi votada, tendo, a maior parte delas, congregado a quase unanimidade dos votos.
As propostas apresentadas abrangem todos os sectores da vida da Igreja: anúncio da Palavra de Deus, a Eucaristia, os Sacramentos, a catequese sistemática, o serviço da caridade, a celebração do domingo, as celebrações na ausência do presbítero, os movimentos e grupos apostólicos, as estruturas de comunhão e corresponsabilidade (conselhos vários), a pastoral da família, os pastores, a missão, o acolhimento, a pastoral juvenil e vocacional, os meios de comunicação social, a oração, bem como a programação e avaliação a todos os níveis.
Todas as propostas procuraram traduzir o que os grupos reflectiram. Atingem as diversas áreas da vida da Igreja diocesana, e a sua complementaridade ajuda a delinear o caminho que precisamos de fazer.
O trabalho de base foi muito rico e a Assembleia procurou acolher o fruto de muitas horas de reflexão e de partilha de quantos fizeram um esforço para viver o Sínodo nos pequenos Grupos e nos serviços de coordenação. Valeu a pena investir e continuar a caminhar, pois “Deus ama a quem se dá com alegria”.
Opção pela Missão
Em todo o texto perpassa a missão da Igreja, a urgência da evangelização. Para confirmar esta aposta na Missão, transcrevo uma parte da proposta 6, que se refere aos pastores. Depois de se dizer que, para crescer, a comunidade precisa de pastores dedicados e competentes, orantes e criativos, dialogantes, disponíveis e próximos das pessoas, propõe: “e empenhados em dinâmicas missionárias orientadas para ir ao encontro dos que não foram evangelizados ou que perderam a sua relação com a Igreja”.
Já a proposta 7, é toda ela de índole missionária. Partindo dos desafios lançados pelo Papa Francisco, o pressuposto que acompanha a proposta é do seguinte teor: “A vocação da Igreja é ir a todos. O papa Francisco fala do dinamismo da “Igreja em saída”. “…todos somos convidados a aceitar a chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho”. (EG 20)
Se o desafio é lançado a toda a Igreja, a nossa diocese não pode colocar-se de fora. Antes pelo contrário, porque é grande e extensa, porque não tem muitos recursos e está muito desertificada, mas também porque tem efeito um grande esforço para fazer chegar a todos a Boa Nova de Jesus Cristo, a Assembleia Sinodal fez uma opção forte pela Missão, ao assumir o seguinte: “Criar uma equipa permanente de missão, com objectivo de programar e promover missões em locais previamente estudados e segundo um processo que permita constituir verdadeiras comunidades onde o anúncio conduza ao testemunho apostólico da fé; envolver as paróquias numa pastoral que privilegie a dimensão missionária, mantendo viva a preocupação de ir ao encontro dos que estão afastados ou fora da Igreja; abrir as comunidades às iniciativas locais, comprometendo-as como parte activa na resolução de problemas e dando o seu contributo para o bem-estar das populações”.
Esta opção fundamental da diocese vai ao encontro do que escreveram os bispos portugueses na Carta “Para uma um rosto missionário da Igreja, em Portugal”, que faz agora 5 anos e que diz: “É imperioso e urgente sentir e viver a necessidade de evangelizar o outro até que ele sinta a necessidade de se transformar ele próprio em evangelizador. Chegou o tempo de se «oferecer a todos os fiéis uma iniciação cristã exigente e atractiva, comunicadora da integridade da fé e da espiritualidade radicada no Evangelho, formadora de agentes livres no meio da vida pública». Então sim, evangelizar será a nossa maneira de ser, porque é a nossa identidade mais profunda, graça e vocação recebidas, vividas, correspondidas. O Beato Paulo VI assentou bem estes fundamentos e lembrou-nos que «a Igreja existe para Evangelizar», e a Congregação para o Clero explicita que «[a Igreja] existe mesmo só para esta tarefa». São luminosas as palavras de S. João Paulo II: «A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. A fé fortalece-se, dando-a”.(12)
P. Agostinho Sousa, CDM/Beja
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