terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Iluminados pela Palavra: “Lectio Divina”



Dentro do programa da Missão Popular que está a decorrer em Porto Covo de 19 de Janeiro a 2 de Fevereiro, realizou-se o 13º Encontro de Formação para Animadores da Comunidade.
O tema do encontro “Iluminados pela Palavra: ‘Lectio Divina’ foi apresentado pelo Cónego António Domingos Pereira, Vigário Geral da Diocese de Beja.
Estiveram presentes cerca de 30 pessoas, provenientes das paróquias de Colos, Grândola, Santo André e Porto Covo. De Porto Covo estiveram, sobretudo, pessoas que participaram nas 3 Comunidades familiares, nascidas na Missão. Mais algumas que mostraram vontade de participar, por questões de trabalho, não o puderam fazer.
Após o acolhimento e a apresentação dos participantes e do momento de Oração de Louvor, deu-se início aos trabalhos deste dia de reflexão e partilha. O tema “Iluminados pela Palavra” é o lema da diocese de Beja para este ano pastoral, bem como a base das catequeses do Sínodo diocesano.
O conferente, em tom leve, de forma simples e numa linguagem acessível a todos, foi apresentando aquilo que pode nem ser simples nem fácil: a compreensão da Palavra de modo a que esta se torne luz.


Importância da palavra
Qual o valor, a importância que a Palavra tem na nossa vida? Foi a primeira questão que foi colocada. A palavra desfaz as ambiguidades, revela o verdadeiro sentido das coisas. É penetrante, sobretudo, para quem a “escuta”. Ela tem o objectivo de dar sentido às coisas, isto é, de dar vida ao que está morto (por exemplo, a leitura dos sinais da natureza: uma imagem, presente numa rocha, umas pegadas na areia da praia, etc.). Até ao momento em que alguém lhe atribua um sentido, tal cenário ou momento não tem vida. Porém, esse sentido pode ser abstracto e só tem valor para quem o atribuiu. A palavra também pode ser mal interpretada; então o gesto, acompanhado pela palavra, explica-a, tira-lhe a ambiguidade, dá-lhe sentido.

Maria e a Palavra
Há palavras que envolvem um mistério. Maria, conhecia as Escrituras e, tal como os outros judeus, estava na expectativa da vinda do Messias. Através das palavras do anjo Gabriel entendeu o desígnio de Deus sobre ela. Adere a esse projecto e reafirma a sua adesão, dando uma resposta: “Faça-se em mim, segundo a Vossa Palavra”. Maria poderia não ter entendido a palavra. Poderia não ter aderido ao desígnio de Deus sobre ela.
Quando se escuta a Palavra com o coração, ela pode iluminar a nossa vida. Os acontecimentos tornam-se outros. Muitas vezes, o projecto de Deus a nosso respeito, não dá fruto porque não estamos atentos à escuta da Palavra ou, então, “obrigamos” Deus a alterar o seu projecto a nosso respeito.

Acolher ou não a Palavra
Em oposição a Maria ou a Samuel, que souberam escutar a palavra e seguir o projecto de Deus a seu respeito, o Evangelho narra-nos a experiência do jovem rico que não se deixou iluminar pela palavra, não aderiu à proposta de Jesus e saiu de cena “contristado”. Por amor, Deus dá-nos sempre outra hipótese, procura criar outro caminho para nós para nos salvarmos.
O valor da palavra vem de quem a diz; a autoridade de um pai ou de uma mãe ou de alguém cuja conduta de vida inspira confiança. Os nossos gestos e atitudes ou silêncios, também podem falar. Podem ter a força da palavra. Num caso recente (visita do presidente de França ao Vaticano), todos se deram conta do semblante, não sorridente, do Papa Francisco perante alguém que tem tido comportamentos reprováveis, à luz da Palavra e do pensamento da Igreja.



O Verbo fez-se carne
Jesus Cristo é a Palavra, o Verbo de Deus. As obras de Jesus falam das obras de Deus. Através das suas palavras Jesus atrai a si, fascina. É esse fascínio que faz com que alguns deixem tudo e o sigam. Foi assim com Samuel, com Maria, com os Apóstolos; foi assim com os santos e continua a ser assim nos nossos dias para todos aqueles, religiosos ou leigos, que deixam os seus lugares de “conforto” para O seguirem.

O ouvir e o escutar
Há o ouvir e o escutar. Escutar é mais do que ouvir. Escutar é ouvir com o coração. E escutar com o coração também pode ser renunciar às nossas coisas, ao nosso eu. É necessário estar disponível, porque quando se escuta a Palavra com o coração acontece sempre alguma coisa de novo. Assim, a Palavra escutada tem de ser vivida, tem de produzir obras, caso contrário, permanece estéril. É preciso escutar a Palavra para que ela nos ilumine e nos transforme em boa semente.
A Bíblia é, por excelência, o livro de oração pessoal e comunitária. Na Bíblia, Deus manifesta-se a cada um e à comunidade reunida. Deste modo, deveríamos criar o hábito de nos reunirmos periodicamente para escutar e nos deixarmos interpelar pelas Suas palavras.
Como sugestão, o P. Domingos lançou a ideia de se fazer a preparação das leituras do domingo seguinte, em particular ou em família, para que, reunidos em comunidade mais alargada, pudéssemos acolher melhor a mensagem que Deus tem para nos transmitir com aqueles textos.

Refazer as forças à volta da mesa e da Palavra
Cerca das 13 horas, o auditório transformou-se rapidamente em “sala de refeições” onde pudemos partilhar não só um excelente almoço partilhado, mas também a experiência que estamos a viver nestes dias. Após este momento onde nem faltou o café oferecido pela Junta de Freguesia, prosseguiram os trabalhos com a continuidade do tema, com um exercício de “Lectio Divina”, feito em grupo, a partir da leitura do Evangelho do terceiro domingo comum, seguindo os quatro passos principais: Leitura do texto (neste caso, Mt. 4,13-23), meditação, oração e contemplação.

Grupos Missionários Paroquiais
Quase a encerrar o encontro, o Padre Agostinho apresentou o projecto do Centro Diocesano Missionário: Propor e incentivar a criação de Grupos Missionários Paroquiais, convidando os participantes a exercerem as suas actividades na paróquia com espírito missionário. Ser missionário não significa necessariamente ter de partir, por exemplo, para a África, pois a missão é ir ao encontro do outro. Pode começar na nossa cidade ou aldeia, no nosso bairro ou mesmo dentro da nossa casa.
O dia de formação deixou nos participantes um sentimento comum de que estes Encontros são indispensáveis para fundamentar as “razões nossa fé” e descobrir a dimensão missionária do baptismo. Tal sentimento foi bem expresso numa frase de uma participante: “foi um dos pequenos-grandes momentos que dão sentido à minha vida”.

Marieta Costa,

Equipa Missionária, em Porto Covo

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

“O AMOR VERDADEIRO ESTÁ LÁ SEMPRE PRIMEIRO”


Esta vontade de sonhar coisas grandes, de aprender o caminho que Deus nos aponta com alegria e esperança, mobiliza para estes encontros que enriquecem, desacomodam e dão luz à vida que, tantas vezes, se deixa acinzentar…
Foi a 18 de Janeiro, no Centro Paroquial de Moura que aconteceu o 12º Encontro de Formação para Animadores da Comunidade. Éramos cerca de 30 participantes com esta disposição de encontro, de partilha e de aprender mais. Oriundos das paróquias de Moura, Vila Nova de S. Bento, Safara, Santa Clara (Almodôvar) e Mértola.
Mais uma vez valeu a pena ouvir o Padre Tony das Neves, provincial dos padres Espiritanos que, brilhantemente, nos falou da Exortação Apostólica Evangelii Gaudim, do Papa Francisco, a primeira e programática do seu pontificado.
Depois do acolhimento e da oração da manhã começou a reflexão sobre o tema, que assentou em três eixos geradores de citações de vários documentos da Igreja, devidamente fundamentados com vários textos bíblicos: 1- “ Primeirear”; 2- O Amor verdadeiro está lá sempre primeiro; 3- Oitavário de oração pela unidade dos cristãos (que começou neste dia do encontro).


Fazer memória
Sempre que um Papa escreve um documento faz a memória do que já está feito, por isso a referência a esses documentos (Ad Gentes, Evangelii Nuntiandi e Redemptoris Missio) situa-nos e permite perceber a ligação e o sentido coerente da Exortação mais recente.
O Evangelho é para todos os homens e para o homem todo, por isso esta Exortação aparece como uma torrente a inundar, a lubrificar e a tonificar todo os recantos de uma Igreja que se quer em “vestido de festa, saindo de si mesma, (…) para deixar de ser “administração” e para passar a “estado permanente de missão” (D. António Couto).
São ideias de “reforma”, são sinais de crescimento e enriquecimento espiritual que brotam de um Evangelho vivo, de uma Bíblia que não é de prateleira, mas de leitura constante, de guião de vida, capaz de trazer a alegria para o centro e ajudar a que deixemos de ser “cristãos de pastelaria” (Papa Francisco), que apenas procuram os doces da vida e se deixam abater pelos (amargos) problemas do quotidiano.

Tomar a iniciativa
“Primeirear” tem a ver com tomar a iniciativa e é um convite a sermos “Igreja em saída”, na rua, a partilhar a sorte e a má sorte de todos, sobretudo dos pobres, mesmo sujando as mãos (nº 20). A alegria do Evangelho é a festa da missão, mas para isso a fé tem também de ser aprofundada. Não podemos viver de “achismos e palpitologia”, é preciso ir mais fundo no desenvolvimento da nossa dimensão espiritual.
O Papa pretende colocar a igreja em “Sínodo”- em caminhada de fé- e não se impõe como última palavra. Por isso refere que a Igreja tem de ser missionária (virada para fora) e aponta as fragilidades dos agentes pastorais como problemas que afectam a credibilidade e tornam o testemunho incoerente. A Igreja estruturou-se muito numa linha hierárquica. Agora sabemos que o papel dos leigos é decisivo, nesta perspectiva de totalidade do povo de Deus que evangeliza.
A homilia deve fazer uma leitura aprofundada da Palavra de Deus, com sentido de responsabilidade, sendo: clara, curta, objetiva e cativante.O nº135 da Exortação é mesmo um acto de humor, quando diz: “sabemos que os fiéis lhe dão muita importância; e muitas vezes, tanto eles como os próprios ministros ordenados sofrem: uns a ouvir e outros a pregar!”
As motivações espirituais para a Missão devem ser evangélicas e marcar a diferença das ONGs, através do vínculo espiritual. Uma Igreja pobre e para os pobres, uma Igreja total, sem deixar ninguém de fora. Os agentes da pastoral são apenas servos e não chefes. A igreja tem de ser alegre, feliz, optimista e aberta ao mundo.
O amor verdadeiro está sempre primeiro”
Apostar em Cristo. Acreditar que depois de uma “Quaresma” vem sempre uma “Páscoa”. Passar de uma Igreja de “cuidados paleativos” a uma Igreja de Missão. Mais que fazer a manutenção, é preciso uma nova cultura.” O Evangelho não é livro de estante que gera vidas de estante” (P.F.). A Igreja sairá desta mudança “pobre, leve e bela”e, para isso, precisa de passar do tempo do diagnóstico excessivo e sair em missão.
A transparência de Cristo tem que estar dentro da transparência da nossa vida; senão apenas são palavras que não geram mudança. Somos discípulos missionários e não discípulos e missionários”.

Grupos missionários paroquiais
A parte de tarde deste dia de formação foi preenchida com a proposta do Padre Agostinho, da criação de grupos missionários paroquiais, a partir da Carta dos nossos Bispos “Para um rosto missionário da Igreja em Portugal (2010). Testa aposta preconizada nesta Carta leva a que seja gerada uma interacção com os grupos apostólicos das paróquias, insuflando de espírito missionário toda a pastoral paroquial. Foram também apresentadas as acções missionárias em curso: Missões Populares, próximos encontros de formação, jornada missionária diocesana e aposta na Obra da Infância Missionária. O encontro terminou com um momento de oração, invocando maria, a Estrela da evangelização.
Foi assim o dia de formação, animado também por um almoço partilhado ao qual Moura fez com muita simpatia e competência as honras da casa. Obrigada, Moura, pelo excelente acolhimento.
Pode custar a saída do conforto da casa num dia de inverno, mas o calor e o entusiasmo que se partilha está muito além do comodismo de ficar.

Sebastiana Romana-Mértola

(CDM/Beja)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Rumo à unidade


Começando a 18 e prolongando-se até 25 de Janeiro vivemos o oitavário de oração pela unidade dos cristãos e que este ano tem como tema a interrogação de S. Paulo na primeira carta aos Coríntios 1, 13: Estará Cristo dividido?

As divisões e contendas nunca ajudaram ninguém. Pelo contrário, muitas famílias, grupos e povos empobreceram e foram dominados por causa disso. Por isso, Cristo disse aos apóstolos na última ceia: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. E rezou pela unidade entre os seus discípulos.


Dos primeiros cristãos dizia-se que eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à oração em comum, à fracção do pão (Eucaristia) e à partilha fraterna, de modo que a ninguém faltava o essencial para viver. Era a unidade entre eles que atraía os pagãos e fazia aumentar o número dos cristãos.Vede como eles se amam!

No mundo global em que vivemos, mais visível se torna a divisão dos que se dizem cristãos, separados em diversas igrejas ou comunidades religiosas ou até mesmo dentro da mesma família religiosa. Isso não é vontade de Deus nem contribui para o bem da humanidade nem para o nosso próprio bem.

Que fazer? Como proceder? Comece cada um por si. Reze pelo outro e faça-lhe bem. A conversão e reconciliação têm de começar por nós mesmos, para sabermos amar como Jesus e nos tornarmos seus verdadeiros discípulos. Que em todas as comunidades se tenha bem presente esta intenção e pedido de Cristo e da Igreja. († António Vitalino, bispo de Beja)

Reconhecimento mútuo do Baptismo entre Igrejas cristãs

Representantes das Igrejas Católica, Lusitana, Presbiteriana, Metodista e Ortodoxa (Patriarcado Ecuménico de Constantinopla) em Portugal vão assinar no próximo dia 25, em Lisboa, uma declaração de reconhecimento mútuo do Baptismo.

A assinatura vai acontecer durante a celebração ecuménica nacional, na catedral Lusitana (Igreja Anglicana) de São Paulo, na presença de D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e de “outros representantes católicos e hierarcas das Igrejas do Conselho Português de Igrejas Cristãs”. Este “importante acontecimento” do reconhecimento mútuo do Baptismo representa “mais um passo no caminho de diálogo ecuménico entre as Igrejas envolvidas”.

“Este passo concreto reafirma o muito que já nos une em Cristo, como seus discípulos, um povo de batizados chamado a ser, no mundo e para o mundo, sinal credível do Evangelho”, sublinham os responsáveis cristãos. A assinatura, no dia conclusivo da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, acontecerá “num contexto orante, reunindo jovens e hierarcas das diversas Igrejas, juntos na escuta da Palavra e no assumir de um compromisso claro pela causa da reconciliação e da unidade”.
D. António Couto, presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização – que acompanha o diálogo ecuménico -, disse que esta decisão é um “acontecimento nacional” que vem coroar “muitos anos de trabalho".

decreto sobre o ecumenismo do Concílio Vaticano II, ‘Unitatis Redintegratio’, lembra no seu n.º 3 que todos os cristãos “justificados no Baptismo pela fé, são incorporados a Cristo, e, por isso, com direito se honram com o nome de cristãos e justamente são reconhecidos pelos filhos da Igreja católica como irmãos no Senhor”.


João Paulo II, na sua encíclica sobre a Unidade dos Cristãos, ‘Ut Unum Sint’ (n.º 42), assegurava que o reconhecimento dessa fraternidade “não é a consequência de um filantropismo liberal ou de um vago espírito de família, mas está enraizado no reconhecimento do único Batismo”. “Isto está muito para além de um simples acto de cortesia ecuménica e constitui uma afirmação básica de eclesiologia”. (Ecclesia)

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Junto ao mar - Missão em Porto Covo

Com o mar azul em pano de fundo, Porto Covo envolve-nos pelas suas belas paisagens, seja de magníficas praias, seja de planícies tipicamente alentejanas. É uma das duas freguesias do concelho de Sines, com pouco mais de mil habitantes, e foi criada em 31 de Dezembro de 1984.
Junto ao mar, a vocação turística desta terra cumpre-se e é hoje o principal centro dessa actividade no concelho e um dos mais importantes do Alentejo. No Verão, Porto Covo é visitada por milhares de pessoas, vindas dos mais diversos lugares. As praias enchem-se de gente, as ruas têm muito movimento, ouve-se falar várias línguas ou um português, com muitos sotaques. Este fervilhar de gente cria um ritmo e um ambiente bem diferentes em outras épocas do ano.




Campo da Missão
No âmbito religioso, Porto Covo é uma paróquia que tem como padroeira Nossa Senhora da Soledade, cuja festa se celebra em finais de Agosto. Está confiada aos cuidados pastorais do pároco de Sines, P. José Pereira Fernandes. Todos os domingos, à tarde, é celebrada Eucaristia, na pequena Igreja, datada do século XVIII e situada num lugar bem central, o largo Marquês do Pombal.
Nesta paróquia, segundo rezam as crónicas, já houve Missão Popular em 1983 e 1989. Um dos relatos feitos nessa ocasião diz: “Valeu a pena? Todos sentimos que no final da Missão as pessoas de Porto Covo se deram conta de que aconteceu alguma coisa nova e boa. Jesus passou por ali! E tiveram pena de não terem aproveitado melhor. Outros sentiram que a Igreja pode ser outra coisa daquilo que vêm todos os dias. Momentos fortes foram a reunião das comunidades, a celebração para os Idosos (ao menos, alguém se lembrou de nós, diziam alguns) e as celebrações para as crianças. Estas deram o tom de festas à última parte da Missão”.
Foi assim em tempos idos. Agora, de 19 de Janeiro a 2 de Fevereiro, acontece um novo tempo de Missão. Tal como para a Missão de Sines, o anúncio foi feito no 2º domingo de Páscoa. Ao longo dos meses, pela oração e reflexão, preparou-se o terreno, desbravaram-se as dificuldades e levou-se a mensagem às pessoas. E chegou o dia!

Presença da imagem da Senhora das Missões e Envio

Sines e suas comunidades da Missão, entregaram à paróquia de Porto Covo a imagem da Senhora das Missões (oferta do Santuário de Fátima, e assim baptizada pelo povo, por acompanhar o trabalho da Missão). Transportada pelos Bombeiros Voluntários de Sines, foi acompanhada, em cortejo automóvel, por muitas pessoas. A imagem foi acolhida pelas gentes de Porto Covo e, de junto ao mar, todos, em procissão, percorreram a avenida central até á igreja. Foi a Mãe, a convocar os filhos desta terra para este tempo forte de evangelização.
Seguiu-se a Eucaristia, presidida pelo pároco, assistido pelos diáconos Joel e Simão. No momento próprio foi feito o envio dos missionários, dos animadores e dos donos das casas que acolhem as assembleias.
Às comunidades (quatro), às visitas às casas e aos “montes”, aos encontros com crianças e doentes, junta-se, a 25 de Janeiro, um dia de formação para Animadores da Comunidade, orientado pelo Vigário geral da diocese, P. Domingos Pereira, que vai tratar o tema “Iluminados pela Palavra”.
A equipa missionária é composta pelo P. Agostinho Sousa (CM) pela irmã Maria da Conceição Guimarães (Irmãs de Nª S.ª da Caridade do Bom Pastor – Colos) e pelo casal, António Vilhena e Marieta Costa (Paróquia de S. Domingos – Santiago do Cacém).

P. Agostinho Sousa,
CDM/Beja


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Testemunho missionário



O Natal vivido em missão
Olá gentes do meu Alentejo, caros colegas da equipa missionária diocesana de Beja e demais amigos. Escrevo-vos como prometi, para dar notícias deste Moçambique agora já tão “meu”. Quero primeiramente desejar-vos um bom ano de 2014, cheio de fé e de missão. Espero que tenham passado bem o Natal. O meu foi muito diferente do que é habitual, mas muito especial. Quero falar-vos destes tempos de festas, e do diferente que elas são em relação às nossas, apesar do mistério celebrado ser o mesmo.
Uma das questões que pesou e fez com que eu quisesse ficar um ano completo em experiência missionária foi a parte cultural, ou seja, conseguir viver todas as datas litúrgicas festivas com as diferenças e as particularidades desta cultura.
Já consegui vivenciar algumas delas. Apesar da equipa missionária em que estou integrada seja maioritariamente portuguesa, vivemos com o povo e como o povo estas festas.
O tempo de advento, tempo de espera e de preparação, foi um tempo de confissões e de catequeses. Foi ainda tempo de apresentar bem o grande acontecimento que é o Natal, pois aqui tende-se a passar um pouco como mais uma festa e não como “a festa” dos cristãos.

Formação e descoberta da vocação
Temos um centro paroquial cujo padroeiro é S. Francisco Xavier onde, anualmente, fazemos vários cursos com os catequistas, os animadores, as mamãs e os jovens. Neste tempo, fizemos dois cursos: um com as mamãs e outro, um encontro/retiro para jovens vocacionados da diocese.
O primeiro momento terminou no dia da Imaculada Conceição. Fizemos uma bonita procissão com a imagem de Nossa Senhora. Apesar de haver pouca gente com velas (é um gasto não necessário!) e de não haver luz pública (como já estamos habituados!), o fundamental estava bem presente: a nossa oração e a nossa fé. Fiquei com a esperança de conseguir, nesta altura, já ter aprendido a rezar a Avé Maria e o Pai Nosso em macua (língua local). Eles rezam tão depressa que ainda hoje não consigo repetir fielmente.
O segundo curso - um retiro para aqueles que já estão ou querem entrar para o seminário - também correu muito bem. Tiveram uma diversidade de temas e de formadores. Uma dos formadores fui eu. Falei-lhes sobre a vida e o testemunho do Papa Francisco e do que podemos aprender dele e com ele.

Celebrações natalícias
O Natal chegou. Preparámos uma cerimónia bem bonita para a missa do galo (que aqui foi por volta das 18h30), com dançarinas e batuques sempre a animar, e com violas que os nossos jovens já conseguem tocar. Tivemos alguns batismos (com uma bacia de plástico a fazer de pia batismal e uma metade de uma casca de coco a fazer de concha para deitar a água benta). Aqui também têm um ritual: embora semelhante ao “nosso”, é bastante diferente e muito mais simples. É bom que assim seja: perde aquele sentido tão materialista que nós lhe damos e ganha um sentido mais simples, focado no essencial do batismo e não nos pormenores que o envolvem.
A ceia de natal, no centro paroquial, foi bem simples: a comida do povo em dia de festa (arroz e feijão). Tivemos mais sorte do que um dos nossos padres e um de um dos nossos seminaristas que foram passar a noite numa das comunidades: só comeram arroz e dormiram numa tenda.
No dia de Natal, fomos celebrar a uma das comunidades e também almoçámos lá: desta vez arroz e galinha. Tivemos uma ceia “mais nossa, mais tradicional” (um jantar simples e bonito) com direito a rabanadas, a bacalhau, troca de prendas e muita alegria.
O ano novo foi algo semelhante. Visto estarmos a comemorar o dia da paz e do nascimento de um novo ano, fomos dormir um pouco mais tarde, para passarmos a meia-noite todos juntos. Os jovens adolescentes da comunidade de Itoculo reuniram-se no Centro para uma festinha com direito a pipocas, papaia e até refrigerantes. Depois da meia-noite, juntei-me a eles, para dançar um pouco e festejar o ano novo.


Novidades e surpresas
Para além do tempo das festividades, a vida em Itoculo vai trazendo diariamente algumas surpresas, umas vezes, melhores, outras, piores. Hoje, 6 de Janeiro, é um dia deveras importante para uma menina muito especial que estava a ser seguida no Centro de nutrição. Esta menina tem uma família muito disfuncional. A mãe é doente mental. Quem a trazia ao Centro era sempre uma sua tia que terá 5 ou 6 anos. A menina já sofreu muito. Com 3 anos, ainda não anda e não fala porque não é estimulada para isso. Lá em casa, ninguém lhe liga nenhuma e está cheia de feridas no corpo. As Irmãs também não têm condições para fazer muito mais do que fazem, aliás, do que têm feito.
Precisávamos de um orfanato nosso aqui em Itoculo, pois há muitas situações como esta, muitos outros casos de crianças órfãs. Os orfanatos a quem costumamos recorrer estão a rebentar pelas costuras e já não é fácil aceitarem mais crianças. Esta menina teve sorte. A Irmã conseguiu que fosse aceite num orfanato e hoje, ao despedir-me dela, depois de rirmos e brincarmos um pouco, deixei-a no colo da Irmã. Ficou a chorar porque não me queria deixar. Foi a primeira vez que a vi a chorar. Ela é muito querida, sociável e inteligente. Estou certa que vai adaptar-se bem ao orfanato e vai evoluir depressa, mas hoje, ela estava a perceber que alguma coisa ia mudar na sua vida, ela pressentiu isso, via-se nos seus olhos. Mas é uma mudança boa, neste caso, muito boa!
Bom, se fosse para contar todos os casos e histórias que oiço e vejo diariamente não chegaria o tempo nem o papel. Então partilho convosco apenas esta história de hoje. Peço-vos para que, juntos, rezemos por esta menina.

Um novo projecto
Surgiu-me um novo desafio, desde a última vez que dei notícias. Juntamente com uma Irmã que há-de chegar para integrar a equipa missionária, vou ficar responsável pelo Lar Eugene Caps, (ao qual já tinha feito referência). Este ano irá acolher 50 meninas entre a 8ª e a 10ª classe. É, de facto, um grande desafio para mim. Conto com a vossa oração para que consiga orientar e aconselhar bem estas meninas durante este ano. Tenho muito trabalhinho para fazer. Por isso, me despeço, abraçando a todos. Unidos, e com um até breve, termino como comecei: um bom ano de 2014, cheio de fé e de missão!
Alexandra Martins – CDM/Beja,
em Missão em Itoculo – Nacala

Moçambique

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

“Crianças ajudam Crianças” – Infância Missionária


Vieram de longe uns Magos, viram o Menino, adoraram-No, ofereceram presentes e foram por outro caminho. A partir deste acontecimento, rasgam-se as fronteiras e abre-se a porta à universalidade da salvação oferecida pelo Menino de Belém.
Escolhida a solenidade da Epifania para dia da Infância Missionária, muitas foram as paróquias que fizeram deste dia a Festa da Missão, indo ao encontro das propostas feitas pelas Obras Missionária Pontifícias, a partir da caminhada do Advento. Algumas paróquias, por impossibilidade de congregar as crianças por ainda estarem em período de férias, optaram por celebrar esta jornada no próximo domingo, dia do Baptismo do Senhor.
A nível diocesano, a Jornada da Infância Missionária foi celebrada na paróquia de s. João Baptista-Beja, na Igreja do Carmo. A celebração foi presidida por D. António Vitalino e solenizada pelo Coro Infantil desta paróquia. Associaram-se a esta Festa crianças vindas das paróquias da cidade, de modo particular, da de S. Tiago – Sé. A igreja do Carmo estava repleta de crianças, catequistas e pais e os demais fiéis que quiseram associar-se a este momento festivo.

Na procissão de entrada, foram levadas cinco bandeiras, simbolizando os cinco continentes. Neste cortejo, seis crianças levavam outros tantos cartazes, com os nomes dos Arciprestados, simbolizando toda a Diocese.
Além do presépio era bem visível a faixa onde se podia ler “Glória a Deus”. Após a liturgia da Palavra D. António, procurou manter diálogo com as crianças. Realçou a atitude de adoração dos Magos e aproveitou o momento para dar o pleno sentido da palavra adorar, em contraponto à forma como tantas vezes é usada, a propósito de tudo e de nada.

“Com as crianças da África encontramos Jesus”
No momento do ofertório, as crianças trouxeram um mapa da África, lembrando a caminhada de Advento a partir do lema: “Com as crianças da África encontramos Jesus” e colocaram os seus pequenos mealheiros aos pés do altar, os quais se destinavam a dar uma resposta concreta aos 4 projectos assumidos pela Obra da Infância Missionária Internacional, situados no continente africano e que abrangem as áreas da saúde (apoio nutricional), no Sudão, da educação (escola), no Togo, da qualidade de vida (água), no Chade e da fé (catequese), na Guiné-Bissau.
No final da celebração, o responsável da animação missionária da diocese, incentivou as crianças a serem missionárias junto das outras crianças e das suas famílias e agradeceu ao Secretariado da Catequese, à paróquia de S. João Baptista e a todos os catequistas que procuram ajudar as crianças, pelo testemunho e entrega, a encontrar-se com Jesus, conhecendo-O melhor para fazerem o Seu caminho.
Também em Santiago do Cacém, mas a nível da Unidade Pastoral, na Igreja do Castelo, se viveu esta celebração, com a mesma alegria e o mesmo lema: “Crianças ajudam crianças”. Além da animação feita pelas crianças e pelos jovens, um grupo de adultos, encenou o Evangelho com a presença da Sagrada Família e dos Magos.
A estrela a todos conduziu ao encontro de Jesus. Agora, segue-se o novo caminho a dar à vida no testemunho de cada dia.


P. Agostinho Sousa, CDM/Beja

sábado, 4 de janeiro de 2014

EPIFANIA DO SENHOR – DIA DA INFÂNCIA MISSIONÁRIA




A ESTRELA DA ESPERANÇA


1 - Era uma vez milhões e milhões de estrelas, espalhadas pelo céu. Havia estrelas de todas as cores: brancas, amarelas, prateadas, cor-de-rosa, vermelhas, azuis…

Um dia foram à procura de Deus, Senhor de todo o universo, e disseram-lhe: «Senhor, gostaríamos de viver na terra, no meio dos homens».
 «Seja como quereis», respondeu Deus. «Podeis descer à terra. Conservar-vos-ei pequeninas, como sois vistas pelos homens».

2 - Conta-se que, naquela noite, houve uma deslumbrante chuva de estrelas.

Acoitaram-se umas nas montanhas, enquanto outras se instalaram no meio dos brinquedos das crianças. Certo é que a terra ficou maravilhosamente iluminada.

3. Algum tempo depois, porém, as estrelas resolveram abandonar a terra, e voltaram para o céu. A terra ficou outra vez escura e triste. «Por que voltastes?», perguntou Deus.

Então as estrelas responderam: «Senhor, não aguentámos permanecer no meio de tanta miséria, violência, guerra, fome, doença, morte». Ao que Deus terá retorquido: «Tendes razão, estais melhor aqui no céu, em que tudo é sossego e perfeição, ao contrário da terra em que tudo é transitório e mortal».

4. Depois de todas as estrelas se terem apresentado e de ter conferido o seu número, Deus anotou: «Mas falta aqui uma estrela; ter-se-á perdido no caminho?» Ao que um anjo, que estava por perto, respondeu: «Houve uma estrela que resolveu ficar na terra, porque pensa que o seu lugar é exactamente no meio da imperfeição, onde as coisas não correm bem».

«Mas que estrela é essa?», perguntou novamente Deus. E o anjo respondeu: «por coincidência, Senhor, era a única estrela daquela cor». «Qual é a cor dessa estrela?», insistiu Deus. O anjo respondeu: «Essa estrela é verde, da cor da esperança».

5. Olharam então para a terra, mas a estrela verde, da esperança, já não estava só. A terra estava outra vez iluminada, com luzes em todas as janelas, porque ardia uma estrela no coração de cada ser humano.


A esperança, diz a tradição hebraica, é o único sentimento que o ser humano possui, e Deus não, porque, conhecendo o futuro, Deus já não espera. A esperança é própria do ser humano, que é imperfeito, que erra e que não sabe como será o dia de amanhã.

6. Peçamos ao Deus-Menino para que brilhe cada vez mais a estrela da esperança que arde em nós e na nossa casa. E a nossa terra pode ser mais céu. Sonho um mundo assim. E parece-me que só as crianças nos podem ensinar esta lição maravilhosa.

+ António Couto