A paróquia de Sines está em Missão. Começou, na tarde de sábado, dia 2 de Novembro, com uma procissão em honra de Nossa Senhora das Salas. Esta atravessou toda a cidade e convocou a todos para este tempo forte de evangelização.
A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários abria caminho e fazia-se ouvir, assinalando a passagem da veneranda e histórica imagem que foi transportada pelos homens do mar. Enquanto passava a procissão muitos se assomavam às janelas para ver quem passava e muitos mais, rezavam e cantavam os louvores de Maria. A uns e a outros a Mãe dizia: “Fazei o que Ele vos disser!”
O largo em frente à igreja Matriz foi pequeno para acolher as muitas centenas de pessoas que aceitaram o convite. Depois de a Imagem ter entrado na igreja matriz, foi celebrada a Eucaristia vespertina e o templo estava repleto de gente. A assembleia dispôs-se para ser “iluminada pela Palavra e alimentada pela Eucaristia”.
Cedo, no domingo, começou a haver movimento na Igreja e à volta dela. Muitos acorreram para participar na Missa do Envio. As crianças e os adolescentes, encarregados de animar o canto, emprestaram um tom alegre e jovial à celebração. Os missionários, os animadores das comunidades, os donos das casas e visitadores, no momento próprio, após a invocação ao Espírito Santo, receberam a cruz, símbolo do envio. O ofertório, com sinais alusivos à Missão, foi solenizado por adultos e crianças. Estas, além dos dons trazidos ao altar, trouxeram alimentos que depositaram em cestos para serem entregues a famílias com fracos recursos. O gesto de dádiva está inserido na campanha assumida pela catequese paroquial que, ao longo das semanas, tem vindo a fazer esta recolha.
A tarde foi preenchida por um momento de carácter histórico. Uma vez mais, na igreja matriz, e tendo como tema de fundo a devoção do povo de Sines a Nossa Senhora das Salas, o arquitecto Ricardo Pereira, fez uma viagem pelo tempo e foi mostrando como a gente desta região foi vivendo a sua fé e os testemunhos que deixou, quer nas igrejas construídas (de algumas delas só existem as ruínas!), nas imagens veneradas e nas tradições religiosas. Sendo uma conferência histórica, foi rica e profunda em conteúdos de fé e de religiosidade popular. Este momento foi enriquecido com a leitura de alguns textos em poesia alusiva a Nossa Senhora, (sonetos da autoria do P. João Sevivas, missionário vicentino e falecido no início deste ano), a qual fazia a meditação a partir dos muitos nomes pelos quais é invocada (Senhora das Salas, do Carmo, da Graça, da Missão, do Rosário e da Conceição).
As dezenas de pessoas que participaram ficaram agradados com este momento histórico e que lançou um desafio a todos: “somos herdeiros de um património histórico rico e variado, escrito pela fé de muitos homens e mulheres que ao longo dos tempos deixaram marcos e sinais da sua espiritualidade e compromisso de fé. Hoje, estes homens e mulheres somos nós que, desafiados a viver a mesma fé, temos que continuar a escrever essa história, não tanto em edifícios ou sinais e expressões de arte, mas com uma vida cheia de valores que emprestam à sociedade actual o sabor do Evangelho. A Missão é um tempo forte para ajudar a construir esta comunidade nova”.
Como no livro do Génesis, poder-se-á dizer: “e este foi o primeiro dia!”. Foi um belo momento para começar e viver a Missão. A Missão está na rua e todos são convidados a deixar-se tocar por ela.
Os missionários
Desde o anúncio da Missão, em Abril passado, no domingo da Divina Misericórdia que a comunidade paroquial de Sines tem vindo a preparar-se para a Missão. A equipa responsável tentou pôr em andamento a parte logística da Missão, desde descobrir espaços ou casas para acolher as comunidades até à programação de momentos fortes e celebrativos para envolver toda a comunidade. A custo, conseguiu-se que vão funcionar treze comunidades. Não foi fácil este trabalho do porta a porta. Só a insistência e a boa vontade de alguns, conseguiram estes espaços para tornar realidade o esquema da primeira semana da Missão. Estes grupos, na maior parte deles, são orientados por dois ou três animadores, os missionários locais que dão corpo e visibilidade à Missão.
De fora, a equipa missionária, é composta pelo P. Agostinho Sousa, CM, director do Centro diocesano missionário, a Irmã Celina, Religiosa do Bom Pastor, de Colos, o Luís Marques, seminarista de Beja, o José Neves, leigo de Santiago do Cacém e a Arlete Vieira, Colaboradora da Missão Vicentina, de Lisboa. Integram também esta equipa, o pároco, P. José Pereira, os diáconos permanentes Joel e Simão e as respectivas esposas, Matilde e Joana. É uma equipa muito variada, mas que tem pela frente desafios muito grandes. Só a força do Espírito Santo e a oração poderão suprir as suas limitações e dificuldades.
A rectaguarda missionária e a força da oração
Um dos momentos fortes da Missão é o tempo de oração comunitária, todas as manhãs, na Igreja matriz, pelas 9h30. O ofício de Laudes aberto à comunidade e a exposição do Santíssimo Sacramento são a melhor forma de começar cada dia.
Em muitos lugares da diocese, pessoas e grupos, estão em sintonia de oração com os missionários e a paróquia de Sines. Em outras dioceses e em muitos movimentos ou casas de oração, a vivência orante é uma certeza. Chegam-nos ecos e testemunhos bem ilustrativos desta forma de ser missionário, de viver a Missão a partir da oração.
É bom saber da existência desta rectaguarda missionária. Contar com ela, é caminho aberto para seguir em frente, para chegar mais longe.
P. Agostinho Sousa,
CDM/Beja
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