terça-feira, 20 de dezembro de 2016

MENSAGEM DE NATAL-2016



Uma grande alegria para todos! 
1 - Irmãos e amigos:
Nos últimos dois séculos tornou-se moda, em alguns ambientes culturais, dizer que o Cristianismo é uma religião triste, que Jesus Cristo é o Deus do sofrimento, da resignação, da agonia e da cruz. E os eruditos citavam que, nos evangelhos, vemos Jesus chorar várias vezes, mas nunca rir, e alinhavam algumas sentenças do Senhor, descontextualizadas, como estas: felizes os que choram, ai de vós que rides agora porque haveis de chorar… Estarão os cristãos condenados a viver na tristeza para serem fiéis ao seu Mestre crucificado? E será uma fatalidade que o povo português, o povo do fado e da saudade, seja um povo triste? 
Como o Papa Francisco tem repetido, onde entra a luz do Evangelho, onde entra Jesus Cristo, entra a alegria. Na vida dos cristãos, tal como na dos outros homens, há certamente lugar para a tristeza, mas também, e sobretudo, para a alegria, para aquela alegria profunda à qual temos acesso, simbolicamente, pela porta minúscula e humilde da basílica e da gruta de Belém. Escutai a mensagem anunciada pelo anjo aos pastores no primeiro Natal, mensagem que hoje, neste contexto concreto em que vivemos, quero fazer ressoar para todos vós, sobretudo para aquelas e aqueles que viveis mergulhados na tristeza:



Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor! Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido envolto em panos e deitado numa manjedoura.
Esta é uma mensagem de alegria, de grande alegria para todo o povo, alegria provocada pelo nascimento de Deus no meio de nós. É uma mensagem necessária e atual como há dois mil anos, pois Aquele Menino nascido em Belém da Virgem Santa Maria cresceu, realizou a sua missão, morreu numa cruz por nós mas foi ressuscitado pelo Pai e vive no meio de nós, através dos tempos, continuando a formar-Se, a nascer, a crescer e a atuar, pelo Seu Espírito, no coração e na vida dos que n’Ele acreditam. Esta acessibilidade de Cristo que o Pai nos oferece é a expressão máxima do seu amor para connosco e a nascente da verdadeira alegria! Pelo Seu Espírito e com a tua colaboração, Deus quer realizar em ti, espiritualmente, a maravilha que realizou com Maria: o nascimento de Jesus que vem libertar-te da tristeza e oferecer-te a indescritível alegria de quem pode amar porque se reconhece amado. Ele conhece os teus sofrimentos e a necessidade que tens d’Ele para seres feliz, e vem ao teu encontro pedindo-te humildemente para Lhe abrires a porta do teu coração. Ele quer viver contigo porque deseja muito que tu vivas com Ele. Deus fez-Se homem para nos dar o Seu Espírito, para nos fazer participantes da sua natureza divina pela qual nos tornamos seus filhos adotivos e herdeiros. Para nós pecadores que fazíamos inferno para os outros e para nós próprios, Deus abriu as portas do Céu.
2 - Tendo escutado o anúncio do anjo, os pastores foram a Belém e encontraram Jesus recém-nascido, envolto em panos e deitado na manjedoura. Como escutaram, assim viram. E começaram a contar o que tinham ouvido e visto. Escutaram, caminharam, encontraram, anunciaram. Queres que a grande alegria do mistério do Natal inunde a tua vida? Como os pastores escuta, caminha, vê, fala! Deixa que o Senhor Jesus cure a tua surdez e a tua paralisia, a tua cegueira e a tua mudez espirituais! Escuta a boa notícia que o Senhor te faz chegar por este texto, caminha como discípulo, entra na Igreja onde a Sagrada Família te receberá e verás Jesus presente nos irmãos e nos acontecimentos da tua vida. Hoje, Belém, casa do pão, é a Igreja. É no seio da Igreja que se formam e nascem os filhos de Deus. A Igreja é, por isso, o lugar da grande alegria para todo o povoque acredita em Jesus: pobres e ricos, doutores e analfabetos, doentes e sãos. Poderás então, como os pastores de Belém, dar testemunho do que ouviste, do que viste, da vida nova que recebeste e cresce em ti. E assim poderás oferecer aos teus parentes, amigos e conhecidos, a melhor prenda de Natal.
3 - Porque teimas em defender como um tesouro a ferrugem da tristeza e da solidão que te devora a alma, e te sepultas vivo no lamaçal das tuas amarguras e angústias? Não tenhas medo do Deus Menino que bate à porta do teu coração, cheio de amor. Abre-Lhe, deixa que a alegria da salvação inunde o teu coração ressequido e o transforme num jardim! Não temais, vós que sofreis momentos difíceis ensombrados pela doença, pela morte e pela solidão, vós que vos sentis perdidos na vida, esmagados com problemas familiares, sem amor e carinho de ninguém, vós cuja vida parece reduzir-se a uma coleção de desilusões e de fracassos, que sofreis as consequências do egoísmo e carregais com o peso dos crimes e da corrupção desta sociedade desumanizada. Não temais porque o Senhor vos ama e vem para transformar as vossas vidas. Abri-Lhe, dai-Lhe espaço em vossos corações, celebrai e vivei o Natal com alegria!
4 - Celebrar o Natal é lutar contra a tristeza e o desânimo, contra o fatalismo e contra a degradação dentro de cada um de nós e à nossa volta, é celebrar a esperança e a alegria, é acolher o Único que tem poder para nos libertar do pessimismo e iluminar a nossa vida com a sua sabedoria. Vivamos o Natal, aprendamos com os anjos a dar glória a Deus para que floresça na terra uma paz verdadeira.
Queridos irmãos e irmãs: por obra do Espírito Santo, cumpra-se em vós aquilo que o Senhor vos promete por meio desta mensagem! Ele vos abençoe e vos dê a sua paz e a sua alegria e, por meio de vós, a muitos outros!



Rezai por mim.

+ J. Marcos,

Bispo da Diocese de Beja

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

IV DOMINGO DO ADVENTO

Um homem tramado

1 – Enquadrando o nascimento de Jesus na encenação do que era a vida quotidiana do povo, de acordo com a estética barroca e a espiritualidade inaciana, o presépio tradicional português afirma claramente que a vida das pessoas e da sociedade tem um centro e uma fonte que as ilumina e perspetiva: Jesus Cristo Salvador, o Emanuel, o Deus connosco. Mas essa mesma encenação tornou o presépio visualmente muito ruidoso: além dos anjos, dos magos com seus camelos e dos pastores com suas ovelhas, ali vemos representadas as diversas profissões, mulheres lavando a roupa no ribeiro e os patinhos a nadar junto da pequena ponte; mais além, os homens na taberna e o moleiro com o burro carregado de sacos de grão a caminho do moinho; do outro lado, num recanto, a mulher que vai à fonte e a matança do porco, enquanto desce ordeiramente pela rua a procissão com banda de música e foguetes. Os olhos passeiam-se em todas as direções, e naquela exuberante catadupa de imagens tudo respira e transpira alegria e festa. Contrastando com toda esta animação, a figura de Jesus na manjedoura está envolvida de silêncio pela presença muda da vaca e do burro e pela adoração e interioridade de Maria e de José.
 
Quem é José? Como o seu homónimo filho de Jacob, é o homem dos sonhos. Deus revela-lhe a Sua palavra durante o sono. O Evangelho deste quarto domingo do Advento coloca diante de nós o anúncio a José, ou seja, a evangelização deste homem discreto, justo e silencioso, pela qual lhe é revelado o desígnio de Deus que ele abraça com prontidão. Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu Maria sua esposa.

2 - Acolhendo a mensagem do anjo, José ficou tramado no desígnio de Deus. Escutou dormindo mas respondeu acordado, aceitando a eleição divina e obedecendo à Sua vontade. Não se revoltou, não discutiu, não protestou, não reivindicou o direito a viver a sua vida como tinha planeado, não negociou condições. José escuta e obedece. Recebe como ordem divina aquelas palavras do Anjo que não eram uma ordem mas um convite. Essas palavras do anúncio, ao iluminá-lo acerca da gravidez de Maria revelam-lhe também que Deus o escolhera para ser o pai adotivo do Seu Filho a Quem ele, José, poria o nome de Jesus. Era necessário que o Filho de Deus tivesse uma família onde pudesse crescer e tornar-se adulto, e José foi escolhido por Deus para ser o chefe dessa família única, a primeira família do Novo Testamento, imagem e modelo de todas as famílias cristãs e da própria Igreja.

Os evangelistas não registaram dele uma única palavra. O silêncio orante deste homem contemplativo, servidor diligente e humilde da Encarnação do Verbo de Deus juntamente com Maria, foi a moldura justa e necessária para que Jesus, a Palavra Encarnada, desabrochasse humanamente. Tal como Maria sua esposa, José aceitou livre e amorosamente ser tramado, quer dizer, ser integrado neste tecido que é o desígnio de Deus a realizar-se. Mas como facilmente se depreende de tudo o que nos é referido acerca dele, José não se tornou uma pessoa tramada, difícil, complicada, ressentida e azeda. Não viu Deus como seu adversário, não duvidou do Seu amor e pôs-se inteiramente ao Seu serviço comoservo fiel e prudente à frente da Sua casa. E o Senhor confiou a este homem justo os maiores tesouros: o Filho de Deus feito homem e a Virgem sua mãe. A nós, pastores da Igreja, também.

3– Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do profeta que diz: A Virgem conceberá e dará à luz um filho, chamado Emanuel, que quer dizer: Deus connosco.


A Virgem grávida! Eis o sinal de esperança que, do Génesis ao Apocalipse percorre a Sagrada Escritura, e a História da Humanidade. Quando tudo parece desaguar na morte, a miraculosa fecundidade da mulher, a Virgem grávida, é o sinal de que há futuro porque Deus está connosco. Há tanta gente que pede milagres e sinais e tenta a Deus, e não consegue decifrar os sinais que Deus generosamente coloca diante dos seus olhos. A Virgem grávida, hoje, é a Igreja, posta no mundo como sinal, como Sacramento de Salvação. Este é o grande sinal de esperança oferecido por Deus aos homens. Mas quem repara nele? Muitos rejeitam este sinal incómodo porque convida a mudar de vida. Defendem-se dele e hostilizam-no, mas não conseguem destruí-lo porque Deus o defende. Têm-no diante dos olhos e não o sabem interpretar. De facto, o sinal precisa da palavra que o explicite. José precisou de ser evangelizado, de receber o anúncio do anjo para compreender o sinal e aceitar, sem medo, o desígnio de Deus a seu respeito. Assim também nós.

4 – Nas representações mais antigas do nascimento de Jesus, José é representado, não na gruta, junto de Jesus e de Maria, mas numa extremidade da cena, sendo tentado pelo demónio na figura de um pastor que lhe diz: estás tramado! Tens de criar um filho que não é teu! Nada disto faz sentido: onde é que já se viu uma virgem dar à luz? Dá um pontapé nesta história e vive a tua vida como qualquer outro homem!

José vence a tentação arrancando do fundo do seu silêncio esta certeza: É verdade! Sou um homem livremente e por amor tramado para que Deus tenha lugar no mundo e assim possam despertar do sono e destramar-se do mal aqueles que se julgam livres e felizes no seu egoísmo, tramando os outros.Possamos dizer isto, com verdade, nós também.



Meus queridos irmãos e amigos: a todos vós, tramados pelo Espírito Santo com Jesus, Maria e José na vontade amorosa do Pai, desejo um santo Natal.                  
 + J. Marcos,
Bispo de Beja


sábado, 3 de dezembro de 2016

 S. Francisco Xavier – Padroeiro das Missões
Francisco Xavier nasce perto de Pamplona, Espanha, a 7 de Abril de 1506, quinto filho de D. João de Jassu, Senhor de Xavier e Ydocin, e de Dona Maria de Azpilcueta e Xavier. Aos 19 anos está em Paris, instalado no Colégio de Santa Bárbara, a estudar Humanidades. Forma-se depois em Filosofia e Teologia pela Sorbonne. Aí conhece Inácio de Loyola que viria a ser fundador da Companhia de Jesus. Torna-se seu amigo e seguidor.




A 15 de Agosto de 1534, na Capela de Montmartre, faz votos de pobreza e castidade perpétua. Recebe as Ordens Sacras em Veneza a 24 de Junho de 1537, seguindo depois para Roma onde se põe à disposição do Papa para o serviço da Igreja. A 15 de Março de 1540 parte de Roma com destino a Lisboa, onde chega três meses depois.

Enviado pelo Papa Paulo III, era a resposta de Roma aos apelos veementes do Rei de Portugal, D. João III, preocupado com a evangelização da Índia e a dilatação da Fé no Oriente.

De Portugal para o Oriente
Chegado a Lisboa, o Pe. Francisco Xavier refugia-se no Hospital de Todos-os-Santos onde de imediato se dedica aos enfermos e ao ensino da doutrina cristã. Ganha em pouco tempo a percepção do universalismo dos portugueses e de Lisboa larga, a 7 de Abril de 1541, na armada das índias, para ser Apóstolo e Santo. Antes da partida, o Rei D. João III entrega-lhe o Breve Papal nomeando-o Núncio Apostólico nas Partes da índia, com amplos poderes para estabelecer e manter a Fé em todo o Oriente.


Depois de uma breve passagem em Moçambique, chega a Goa a 6 de Maio de 1542. Logo se apresta a ir oferecer os seus serviços a D. João de Albuquerque que pastoreia a Diocese de Goa, na altura a mais dilatada da Cristandade. Rapidamente se apercebe de uma vida religiosa local muito precária, e carenciada de assistência. Os pouco mais de dez anos que se seguem até à sua morte, vai vivê-los de forma febril, andando por terra e por mar, sem nunca parar, num frenesim constante a espalhar a palavra Divina, a levar a Boa Nova.

Logo em Outubro de 1542 parte para o Sul da índia a evangelizar os pescadores da Costa da Pescaria. Visita Comorim, Manapar e Tuticorim. Em Outubro de 1543 regressa a Goa. Fundada canonicamente a Companhia de Jesus, o Padre Francisco Xavier é nomeado Superior de toda a Missão da índia Oriental, desde o Cabo da Boa Esperança até à China. Volta à Costa da Pescaria. Visita depois Cochim, Malaca, as Molucas, Macassare, Ceilão. Ensina, baptiza, e concilia príncipes desavindos.

Morte em Sanchoão
A 15 de Agosto de 1549, via Cochim e Malaca e navegando pelos mares da China, chega a Kagochima, na costa meridional do Japão. De regresso a Cochim envia cartas ao Rei D. João III. Solicita-lhe reforços missionários. Tentando a missionação na China, para lá se dirige a bordo da nau Santa Cruz. Em Singapura volta a escrever a D. João III. Em Setembro de 1552 desembarca na Ilha de Sanchoão, a dez léguas da Ilha de Macau, na China.

Aí adoece gravemente. Sofrendo vertigens e convulsões, minado por febres devoradoras, cheio de privações, morre só e pobre na noite de 2 para 3 de Dezembro de 1552. Havia percorrido milhares de quilómetros, cruzado várias vezes os mares do Índico e do Pacífico, visitado mais de cinco dezenas de reinos, fundado Igrejas, reorganizado as missões.

Exemplo de humildade e de solidariedade cristã, de amor ao próximo e de evangélica pobreza, era venerado por milhões de pessoas de todas as condições sociais, de todas as idades, de todas as etnias. A fama de Santo, o "Santo de Goa", tinha chegado a toda a parte, as suas virtudes eram exaltadas.

Em 17 de Fevereiro de 1553 o seu corpo é removido e levado para Malaca e daqui para Goa, onde chega a 16 de Março de 1554. A recebê-lo, numa impressionante manifestação de Fé, estão o Vice-Rei, o Clero, a Nobreza e o imenso Povo.

A subida aos altares
A devoção de que já gozava em vida vai crescer extraordinariamente depois da morte. Os seus milagres tornam-se conhecidos. A 25 de Outubro de 1605 Francisco Xavier é beatificado por Paulo V e Gregório XV canoniza-o a 12 de Março de 1622. A 24 de Fevereiro de 1748 Bento XIV proclama-o Padroeiro do Oriente.

Em 1904 Pio X coloca sob a sua protecção a Sagrada Congregação da Propagação da Fé. Em 1927, Pio XI constitui-o, com Santa Teresa do Menino Jesus, protector de todas as obras missionárias.
O seu corpo repousa numa riquíssima urna de prata, na Basílica do Bom Jesus, na Velha Goa.

Para lá se dirigem todos os anos milhares de peregrinos, crentes e mesmo não crentes, venerando o "Homem Bom", o Apóstolo incansável. A Igreja festeja-o todos os anos no dia 3 de Dezembro.


In “Paróquia de S. Francisco Xavier – Lisboa”

terça-feira, 29 de novembro de 2016

PRESÉPIOS NA PARÓQUIA DE ABELA
A Comunidade Paroquial de Abela e o Grupo de Catequese vão organizar pelo terceiro ano consecutivo a Exposição de Presépios pelas ruas da Abela (Santiago do Cacém). As duas edições anteriores foram um êxito: envolveram quase todas as famílias, centraram a vivência do Natal no Nascimento do Salvador, deram azo à criatividade e à arte e trouxeram à Abela muita gente de longe e de perto, para visitar a Exposição.
A iniciativa “A’ Bella, uma família - um presépio” será inaugurada no domingo, dia 4 de Dezembro pelas 15 horas com a celebração da Eucaristia, a visualização de um presépio ao vivo e venda de artesanato religioso e bolos.
Jú Gamito, Evinha e Maria Teresa são 3 das catequistas que têm assumido a liderança desta iniciativa. Falamos com elas sobre o evento, a sua dinamização e os “ganhos” que surgiram com este desafio.

1 – “Uma Família – Um Presépio”, nasceu há 3 anos. Como nasceu a ideia?
Catequistas - A ideia surgiu de um jovem adolescente da catequese, que propôs ao restante grupo realizarem um projecto que dinamizasse a terra e mostrasse a dinâmica do grupo. E assim nasceram os presépios de rua.
2 – Sabe-se que é uma iniciativa da Catequese Paroquial. Como passou a mensagem das crianças às famílias?
Catequistas – As crianças contaram aos pais que desde logo acolheram muito bem a ideia. A iniciativa mobilizou toda a aldeia que pôs mãos-à-obra e deram largas à sua imaginação utilizando os mais diversos materiais.
3 – Esta iniciativa é abrangente, pois mobiliza todas as famílias. Quantas famílias aderiram ao projecto (2014 e 2015).
Catequistas – Em 2014 foram 56 presépios, Em 2015 foram 93 presépios.
4 – Materiais diversos emprestam beleza e diversidade ao projecto. Em média, quantos dias e quantas pessoas estão envolvidas na preparação dos presépios?
Catequistas – Toda a aldeia está envolvida no projecto, em grupo ou individual. Não sabemos ao certo os dias, uns começam mais cedo, outros só em cima da hora. Tudo tem a ver com a disponibilidade e os materiais utilizados.
5 – A exposição começa no início do Advento e prolonga-se até à Epifania. Neste mês natalício, há muita gente que vem à Abela visitar a exposição dos presépios?
Catequistas – Sim, entre o dia 4 de Dezembro e o dia 6 de Janeiro, muitas pessoas irão passar por Abela, se for igual aos anos anteriores…Não conseguimos contabilizar o número de pessoas visto não termos um programa com horários, mas durante este período há movimentos diferentes do habitual, tanto de dia como de noite.
6 – Qual o balanço dos 2 últimos anos? Com esta iniciativa, será que a mensagem do Deus Menino chega a todos os que promovem, apoiam, preparam e visitam a Exposição “Uma Família – Um Presépio”.
Catequistas – O balanço é positivo, pois houve mais presépios e visitantes. Pensamos que com esta ideia conseguimos mostrar que “Natal” é o nascimento de Jesus e não o pai natal e os presentes.
7 – Que Mensagem ou Desafio querem lançar para quem visita, por estes dias a Abela?
Catequistas - Desafiamos todos os leitores a visitarem esta pequena localidade, que com união e amor mostram o verdadeiro sentido do Natal “JESUS”. Desejamos que neste Natal a luz do Menino Jesus ilumine os seus caminhos. Sempre é Natal onde nasce e renasce a PAZ, a ESPERANÇA e o AMOR. FELIZ NATAL!...

P. Agostinho Sousa, CM

sexta-feira, 25 de novembro de 2016



Espaço, tempo, eternidade.

1 - Com o tempo do Advento, iniciamos um novo Ano Litúrgico. Como é sabido, advento significa vinda. Esperamos a vinda do Senhor que veio, que virá …e que vem! As quatro semanas do Advento servem também para nos prepararmos para a celebração do Natal do Senhor mas visam sobretudo relançar e sustentar a nossa esperança na sua segunda vinda acolhendo-O agora, no tempo da nossa vida terrena.




De facto, o mesmo Filho de Deus que, incarnando no seio da Virgem Maria assumiu a natureza humana para nos resgatar do poder da morte morrendo na cruz por nosso amor e ressuscitando, há-de vir no fim dos tempos para nos ressuscitar e para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim. Mas o tempo em que podemos recebê-l’O é hoje. É hoje que Ele quer habitar pela fé em nossos corações. Como o próprio Jesus nos lembra no evangelho deste domingo, precisamos de estar despertos e vigilantes, e muito atentos aos sinais que anunciam a sua vinda. A certeza da sua vinda é o motivo maior de alegria e de esperança para nós que O amamos e desejamos estar com Ele.

- Perpassa nas leituras deste domingo um entusiasmo festivo que nos convida a despertar do sono, a levantar-nos, a estar despertos e vigilantes, a andar dignamente, a caminhar à luz do Senhor, a subir ao monte do Senhor, a ir com alegria para a casa do Senhor. Cristo Jesus vem ao nosso encontro! Vamos esperá-lo! Vamos nós também ao seu encontro! Mas onde e como O encontraremos realmente?


A segunda leitura começa com estas palavras de S. Paulo: vós sabeis em que tempo estamos. Será que sabemos? Que tempo é o nosso? Que é o tempo? Como escreveu Santo Agostinho, se ninguém me pergunta, sei o que é o tempo. Mas se quiser responder a quem me pergunta, não sei (Conf. XI 14,17). Mil e quinhentos anos passados, continua a ser verdade esta sua afirmação. Não sabemos o que é o tempo e damo-nos mal com o tempo.

A nossa é a civilização do espaço, dos lugares e das coisas, a civilização da matéria. Somos especialistas em dominar o espaço pela ciência, pela velocidade, pela informação. Dominar o espaço inspira-nos segurança. No espaço, cada um de nós vê-se a si mesmo como o centro da paisagem. Mas a dimensão do tempo escapa-nos, assusta-nos e deixa-nos inseguros porque aí não somos o centro; aí vemo-nos como que levados por um rio de que desconhecemos a nascente e a foz e cuja corrente não podemos estancar. Há muita gente que não suporta o tic-tac do relógio. O passar das horas e dos dias lembra-nos que a morte se aproxima. E se a morte é apenas o fim em que tudo acaba e o nosso regresso ao pó de que fomos tirados, quem pode enfrentá-la com serenidade?

Como posso viver lucidamente o escoar do tempo da minha vida sabendo que a minha pessoa, tudo o que sou, vai ser destruído e reduzido a nada? Por isso se inventam passatempos e divertimentos para nos alhearmos da dimensão do tempo e esquecermos a nossa condição efémera. E tiramos a conclusão:comamos e bebamos, que amanhã morreremos! E assim, adormecidos ou anestesiados, não damos pela maravilha que é o tesouro da nossa existência e desbaratamo-lo vivendo sem sabedoria, como irracionais, entretidos a comer e a beber, a trabalhar e a dormir, a sofrer e a gozar sem darmos por nada! A nossa vida é uma série imensa de prodígios, um mistério sublime de amor que tantas vezes nos passa ao lado, e não damos por nada!

- Chegou a hora de nos levantarmos do sono! Morrendo na cruz por nosso amor e ressuscitando, Jesus Nosso Senhor destruiu a morte e fez brilhar a vida e a imortalidade. Quem n’Ele acredita e recebe o seu Espírito, torna-se participante da sua vitória e toda a sua vida fica iluminada por uma nova luz. De acordo com a promessa do Senhor, sabemos que, ao morrer, nos encontraremos com Ele. Que alegria e que felicidade vermos face a face o rosto glorioso d’Aquele que nos ama! E que maravilha vivermos, desde agora, libertos da angústia e do medo da morte!

Toca-nos viver os últimos tempos inaugurados pela morte e ressurreição de Jesus, o tempo da paciência de Deus, o tempo de fazer chegar o anúncio do evangelho a toda a criatura, o tempo de nos convertermos, de nos voltarmos para o Senhor, de caminharmos à luz do Senhor na fé, na esperança e na caridade.

Criados por Ele e para Ele, vivemos à luz do primeiro dia. Redimidos por Ele, iluminados pelo seu triunfo sobre a morte e participantes da nova criação, vivemos também à luz do oitavo dia, à luz da vida eterna. A luz da criação situa-nos no espaço deste mundo; a luz do oitavo dia ilumina, a partir do fim, o tempo que nos é dado viver aqui na terra. Cristo é a luz do primeiro e a do oitavo dia, a luz deste mundo e a luz do mundo que há-de vir. Por isso, só Ele pode dizer com toda a verdade: Eu sou a luz do mundo. Quem Me segue, não anda nas trevas (Jo. 8,12).

4 - Seguir Jesus Cristo é passar do espaço ao tempo e do tempo à eternidade. É transferir para Ele as nossas seguranças tornando-nos livres da escravidão do dinheiro, dos bens materiais e dos afetos. É desencalhar da materialidade do espaço e das coisas a frágil barca da nossa vida para vivermos, com o Senhor, a fluidez e os sobressaltos da dimensão do tempo, experimentando que Deus Se manifesta nos acontecimentos da nossa vida e da história do mundo. Assim aprendemos a santificar o tempo com a Liturgia das Horas e a celebrar o Dia do Senhor e as festas, edificando no tempo o templo espiritual, o corpo de Cristo Ressuscitado, para nos tornarmos praticantes do culto espiritual inaugurado por Ele na cruz. Vai sendo tempo!
+ J. Marcos,
Bispo de Beja

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Diocese disse «obrigado» a D. António Vitalino

Celebração de despedida reuniu colaboradores das várias paróquias

O bispo emérito de Beja, D. António Vitalino, teve uma despedida “calorosa”, este domingo, naquela cidade do Alentejo, com a presença de colaboradores das várias paróquias daquele território. Na festa, que coincidiu com o encerramento da porta jubilar da misericórdia, D. António Vitalino confessou-se emocionado à Agência ECCLESIA com o “carinho dispensado” e, “embora vá residir para a comunidade carmelita, em Fátima” deixou uma certeza: “Sempre que precisarem de mim, estarei disponível”.


Durante a sessão, pincelada com testemunhos e obras musicais, o povo alentejano agradeceu o trabalho realizado pelo antecessor de D. João Marcos. Para o vigário-geral da Diocese de Beja, padre António Domingos Pereira, o bispo emérito de Beja foi, essencialmente, “um organizador” e, atualmente, “a diocese pode construir coisas muito interessantes”.

A preocupação “grande com aqueles que estão mais distantes” é outra característica apontada pelo vigário geral, sem esquecer os “mais desfavorecidos e pobres no conhecimento das coisas de Deus”. A “persistência” do bispo emérito de Beja é outra faceta divulgada pelo padre António Domingos Pereira, que é vigário-geral desta diocese desde o ano 2000.

 

O sacerdote falou de um “pastor simples”, que se sentia bem “no meio do povo”, algo que cativou “muita gente”. Uma “presença amiga, discreta e simples” é a imagem que D. António Vitalino deixa na Diocese de Beja, frisou o vigário-geral.

D. João Marcos sucedeu no último dia 3 de novembro a D. António Vitalino como bispo da Diocese de Beja, após o Papa ter aceitado a renúncia deste último, que completou 75 anos de idade. O novo bispo de Beja tinha sido nomeado por Francisco como coadjutor da diocese alentejana a 10 de outubro de 2014, com direito de sucessão.


Novo bispo já se sente «alentejano»

D. João Marcos presidiu ao encerramento da porta jubilar da misericórdia

D. João Marcos disse à Agência ECCLESIA que se sentiu “acolhido de forma calorosa” na primeira celebração, como bispo diocesano de Beja, este domingo, na Sé, que coincidiu com o encerramento da porta jubilar da misericórdia e com a despedida de D. António Vitalino. Os praticantes no Alentejo “não são muitos, mas são calorosos” e são “pessoas provadas” porque o “meio é adverso”, sublinhou D. João Marcos. O bispo atual sente-se “bem acolhido” naquilo que diz e “nos gestos” que tem, e considera que os cristãos de Beja o “fortalecem” e sustentam”.

Em relação ao legado que seu antecessor deixa, D. João Marcos sublinha que D. António Vitalino era “muito acarinhado” na diocese e, na homenagem de despedida, este domingo, “não houve nenhuma paróquia que não quisesse participar na prenda oferecida”.


“Ele deixa a fasquia muito alta” porque “teve uma dedicação sem limites” e “uma capacidade de trabalho impressionante”, afirmou D. João Marcos. O bispo de Beja trabalhou, durante dois anos, como coadjutor de D. António Vitalino e considera que este período “foi uma escola ótima”.

Nascido na região da Beira, D. João Marcos já se “sente alentejano com os alentejanos” porque “as pessoas quando se sentem amadas correspondem”. O responsável adianta que não tem problemas em “entrar num café ou numa taberna” para falar com as pessoas e recorda que, quando “estava no Milharado [Diocese de Lisboa, ndr]”, batizou “dezenas e dezenas de jovens” e “que os encontrava nos bailes”. As pessoas “não iam à Igreja”, mas “a Igreja ia ao encontro deles até eles”, disse.

A experiência que teve “com os saloios [região de Lisboa, ndr]” vai ajudá-lo e “preparou-o para dialogar com os alentejanos que, tradicionalmente, defendem muito a sua intimidade”, salientou D. João Marcos. “Já deu para ver que os alentejanos quando se abrem é para sempre”, refere. Ao falar das linhas de força ou diretivas para a Diocese de Beja, D. João Marcos sublinha que, no tempo atual, “mais do que remedar a Igreja é necessário refundar a Igreja”. “É necessário pegar nos restos que temos e anunciar o Evangelho”, realçou.


Beja, 14 nov 2016 (Ecclesia)

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Fórum Ecuménico Jovem

Atacar e matar todas as fomes

‘Dai-lhes vós de comer’ (Mt 14,16) foi a ordem de Jesus que se transformou em lema da XVIII edição do Fórum Ecuménico Jovem (FEJ 2016), realizado a 12 de Novembro no Seminário de S. Joana Princesa.

D. António Moiteiro, Bispo de Aveiro, cumpriu bem o seu papel de anfitrião dando as boas vindas e participando neste FEJ. D. Sifredo Teixeira, Presidente do Conselho Português das Igrejas Cristãs, também saudou os cerca de 300 jovens idos de muitos pontos do país.

O aprofundamento do tema coube ao P. João Gonçalves, responsável pela coordenação da pastoral prisional católica e por diversas obras sociais em Aveiro. Chamou a atenção para a tentação de ‘mandar a malta embora’ quando o que se exige é convidar a sentar e repartir o pão, como fez Jesus. É preciso ver a multidão com problemas, senti-los, ter compaixão e tentar resolver. O tema do FEJ surgiu do Ano Europeu contra o Desperdício Alimentar, proposto pela União Europeia.  Por isso, o P. João lembrou números da FAO /ONU que dizem que cada pessoa da Europa desperdiça 132 kgs de comida por ano! Evocou ainda outras fomes como a de escuta, de afectos e de valores. Concluiu que temos que ter olhos no coração e ser a voz e a vez dos sem vez e sem voz.

O tempo de reflexão em grupos (20) permitiu aprofundar o tema e reflectir a partir de questões e de objectos escolhidos pela organização.

Mantendo uma tradição que vem do I FEJ (1999), o almoço foi partilhado, sendo um tempo e  um espaço de  confraternização entre os jovens vindos de várias partes de Portugal e pertencentes a diversas Igrejas.

A tarde deveria ser de saída às ruas de Aveiro para descobrir muros e pontes construídas para unir ou separar as pessoas. Mas a chuva obrigou a alterar planos e os 20 grupos partilharam as reflexões, com o P. João comentar e complementar. Também houve tempo para se escutar a história dos XVII FEJs já realizados, bem como de outras iniciativas promovidas pela Equipa Ecuménica Jovem.

Momento alto foi o da Celebração Final com a participação das três centenas de jovens e de uma quinzena de hierarcas das Igrejas. Simbólica foi a partilha de um grande pão pelos jovens e a colocação, junto ao altar da Capela do Seminário, de numerosos produtos de higiene que os jovens ofereceram às Florinhas do Vouga, uma das Obras Sociais da Diocese de Aveiro.

Na hora da despedida era grande a cumplicidade que já se sentia entre os jovens e a gratidão especial aos departamentos de Aveiro da Pastoral Juvenil das Igrejas Católica e Metodista, anfitriões. As Igrejas organizadoras (Católica, Metodista, Lusitana e Presbiteriana) prometem já a edição do XIX FEJ em Novembro de 2017.
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