Evangelização e Família
Mais um Encontro de Formação para Animadores da Comunidade na Diocese de Beja, o 14º, que desta vez, se realizou em Alvalade, no contexto da “Revitalização da Missão” e promovido pelo Centro Diocesano Missionário. O tema do encontro “Evangelização e Família” foi apresentado pelo Padre Manuel Nóbrega, sacerdote vicentino.
Estiveram presentes cerca de 30 pessoas vindas de Alvalade, Ermidas, S. Domingos, Porto Covo e Colos. Predominavam as pessoas adultas leigas mas também estiveram algumas jovens, três religiosas, o pároco, Pe. Sales e o Pe. Agostinho.
O encontro iniciou com um momento de oração de Louvor a Deus, muito intenso e bem ilustrado que nos fez saborear o grande Amor de Deus em todas as suas criaturas.
“Não sabíeis que devo estar na Casa de Meu Pai?”
O tema foi de enorme interesse e actualidade em sintonia com a preocupação da Igreja universal que, para tal, convocou para este ano um sínodo sobre a família.
O trabalho iniciou com a leitura da passagem bíblica que relata uma cena bem familiar. O episódio retratado por Lucas, o conhecido texto designado pela “perda e encontro de Jesus no Templo de Jerusalém”.
Este episódio mostra a preocupação de uma família natural, pais de Jesus, Maria e José que se preocupam e, aflitos, procuram o seu filho. Mas mostra também o encontro de Jesus com o Seu, Deus Pai, a quem ele deveria obedecer e fazer a Sua vontade. Quando Maria questiona Jesus, mais do que manifestar a sua preocupação, ela pretendia saber, conhecer, o que significava a resposta dada por Jesus. Maria “conservava – muitas - coisas no seu coração”. Era chegada a hora de lhe irem sendo reveladas.
Com base em extractos do “Documento preparatório de Sínodo de 2014 sobre a Família” e do Congresso Diocesano da Família, do Porto, reflectimos sobre a crise da educação da fé na família, a missão evangelizadora da família no projecto criador e salvador de Deus e, depois, em trabalhos de grupo reflectimos sobre várias questões contidas no texto sobre educação cristã na família.
Benefícios de uma crise
No ponto crise da educação da fé na família, reflectimos sobre o significado e a importância de “uma crise”. De tanto se falar sob o ponto de vista negativo escapa-nos o aspecto benéfico das crises que trazem sempre, e se bem aproveitadas, um crescimento, uma mudança. É assim também no desenvolvimento normal de qualquer criatura.
Todas as grandes fases do crescimento são fases críticas, e está particularmente presente em momentos cruciais da vida tais como a crise da adolescência, no discernimento vocacional, na perda de um ente querido, etc. Após uma crise, tem de haver um novo reequilíbrio, muda-se para um novo patamar, sempre diferente. É preciso perceber o que Deus nos quer dizer neste momento com a chamada crise na educação da fé na família.
Rapidez das mudanças
Actualmente, as mudanças são tão intensas e tão rápidas que dificilmente conseguimos estabilização nos novos padrões culturais. Por outro lado, o que eram considerados valores aceites desde sempre, deixaram de o ser. Os “mass média” exercem uma pressão que ultrapassa os ensinamentos da família. O pluralismo cultural confronta-nos com valores opostos e são apresentados de tal forma que é difícil para muitos fazer o discernimento desses valores contraditórios.
A oração como elemento de excelência na vida do cristão
Para um cristão, é fundamental a sua formação e a oração. Não basta ir à missa ao domingo ou receber os sacramentos. Tem de existir uma vivência coerente e partilhada. Deste modo, o cristão necessita dos outros com quem caminhar na fé. É o outro, o objecto das suas obras, “tudo aquilo que fizeres… é a mim que o fazeis”. Aumenta a nossa fé na medida em que amamos Deus no próximo.
A linha do Evangelho não é aquela da competição mas sim a da graça. É o dom da gratuidade e da confiança que hoje falta mesmo naqueles que se dizem cristãos. Estes dons podem ser valorizados através da oração individual mas sobretudo comunitária, para que possam servir como modelos de referência para os jovens.
Não nos podemos comparar com ninguém mas sim, sermos agradecidos, identificar os dons que Deus nos deu e questionar-nos como estamos a utilizar esses dons para realizar o desígnio que Deus tem a nosso respeito. O único modelo de comparação que Jesus nos deu foi o próprio Deus, sede perfeitos como o meu Pai é perfeito.
Trabalho de grupo
Reunimo-nos em cinco grupos e debruçámo-nos sobre algumas questões propostas no texto sobre as dificuldades da oração em família. As conclusões deste trabalho foram depois apresentadas em plenário.
Assim, verificámos que para criar um ambiente de oração, além da disponibilidade interior seria também necessário desligar mais a TV, que ocupa demasiado espaço nas nossas vidas; é possível e necessário que os pais assumam a responsabilidade da educação cristã dos filhos, porém, actualmente, muitos destes pais não têm formação religiosa e não se pode dar o que se não tem. Hoje são muitas vezes os filhos que trazem os seus pais para a Igreja; a maioria dos pais, precisamente por falta de formação, não sentem a necessidade da educação da fé dos filhos e os que a sentem, manifestam falta de tempo, falta de preparação e também, por vezes, falta de acolhimento dentro da paróquia.
Conclusão
Mais um encontro de formação que nos alerta, nos desinstala, e motiva para o essencial da vida. Pena que estejamos poucos a usufruir da disponibilidade e competência dos formadores. Um agradecimento ao Pe. Manuel Nóbrega e a quantos contribuíram para mais este evento.
Marieta Costa
Paróquia de S. Domingos