Fidelidade criativa para a missão
Começando a 24 e terminando a 27 de Setembro, dia de S. Vicente de Paulo, a Província Portuguesa da Congregação da Missão, esteve em Assembleia provincial, tratando o tema: “Fidelidade criativa para a missão”, no âmbito pessoal, comunitário e congregacional. Foram dias intensos de trabalho, reflexão, oração e encontro, nascendo daí as linhas programáticas para os próximos quatro anos. Eis alguns excertos do documento final: “Cada um de nós é animado pela voz que outrora nos fez deixar a terra para dar corpo a um projecto não meramente humano, mas divino. Como os apóstolos, sentimos o apelo para fazermos parte do grupo dos seguidores que, desprendidos de laços familiares e livres de outras ocupações, se dedicam em exclusivo ao anúncio do Reino de Deus”. “O chamamento a seguir Jesus faz-se através de intermediários. Alguém nos sugeriu o nome do apóstolo da caridade. E a semente vicentina cresceu em nós, reconfigurou a nossa forma de ser e de estar no mundo”. “Desde então, seguir Jesus consiste em contemplá-lo segundo o carisma de S. Vicente de Paulo, isto é, disponibilizar-se para O servir, especialmente, nos pobres”.
Em outro lugar, o texto afirma: “Seguir Jesus é um processo dinâmico. Nunca seremos discípulos perfeitos. Por isso, sentimos a necessidade contínua de repensar a nossa relação num marco de fidelidade criativa. Fidelidade criativa na oração (reavivar a dimensão espiritual), fidelidade criativa no estudo e na preparação dos trabalhos (formação permanente), fidelidade criativa à missão (sensibilidade aos mais pobres, assumindo uma atitude apaixonada pela evangelização à imagem do Divino Pastor).Daqui nasce o compromisso e o desafio de, na vida pessoal e comunitária para que, em decisões e acções concretas, os padres da missão (vicentinos) sejam capazes de responder aos apelos dos pobres e da Igreja na linha do fundador: “Em fidelidade ao carisma do fundador e em resposta ao chamamento de Deus, reconhecemos a nossa identidade como dom para a Igreja e para o mundo. Como tal, o que nos caracteriza como missionários vicentinos deve ser motivo de grande estima entre nós e, ao mesmo tempo, deve ser livremente testemunhado às pessoas que servimos. Neste sentido, a assembleia revê-se na necessidade de incentivar todos os confrades a aderir a uma mística mobilizadora, a mesma que outrora iluminou S. Vicente de Paulo na procura de soluções credíveis e adequadas às inquietações dos seus contemporâneos. Animados por esta mística – seguir Jesus regra da missão – poderemos continuar a ser, no nosso contexto, mensageiros de esperança numa sociedade mergulhada em profunda crise”.
Fé e Missão
No contexto do Dia Diocesano e da abertura do novo Ano Pastoral que gira à volta de dois eixos – Ano da Fé e Sínodo Diocesano –, o P. Manuel Nóbrega, vicentino, proferiu uma reflexão sobre o ano que vivemos e os desafios que se nos apresentam. A grande assembleia foi acompanhando a mensagem transmitida, descobrindo que a fé é um encontro e uma comunhão com Deus, encontro dinâmico e profundo, sempre peregrinação e busca; que é um encontro com O ressuscitado, que leva a uma amizade permanente com Jesus Cristo que leva a amar tudo o que Ele amou; que a fé é, ainda, um encontro com o irmão, que faz descobrir que toda a pessoa é oblatividade e receptividade.
Deste modo, os baptizados estão na Missão de Jesus Cristo, a única missão a viver e a testemunhar, em todos os tempos e, agora, com novo ardor, novos métodos e nova linguagem.
O conferente apontou várias pedagogias, formas de ser e de viver (pedagogia da Encarnação, do real – partir da vida das pessoas, contemplativa – visão positiva, da cruz – olhando de frente para as dificuldades, da opção clara pelos pobres, do serviço, comunitária e de comunhão – evangelizados e evangelizadores). Tais ensinamentos, vividos e partilhados, deixaram pistas e abriram caminhos.
O Ano da Fé, o Sínodo Diocesano, serão tempo propício para a reflexão e desafiam a um aprofundamento e a uma permanente formação cuja resposta poderá ser descoberta nos Encontros para Animadores promovidos pelo Centro Diocesano Missionário.
P. Agostinho Sousa, CDM/Beja