“São cada vez mais e predominam as mulheres entre os voluntários que partem em missão para outros países, revelam os estudos divulgados numa conferência sobre voluntariado que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa”, afirmou o jornal Público.
O mesmo periódico acrescenta: “Nas duas últimas décadas mais de quatro mil pessoas partiram em acções de voluntariado missionário de Portugal, revela um estudo da Fundação Fé e Cooperação (FEC), uma organização não-governamental (ONG) portuguesa, coordenadora nacional da Rede de Voluntariado Missionário que actua na área da cooperação especialmente com os países da África lusófona. A maior parte dos que partem são mulheres entre os 20 e os 30 anos, altamente qualificadas e integradas profissionalmente. O país mais escolhido é Moçambique”.
Segunda a investigação realizada pela FEC e pelo Centro de Investigação de Paula Frassinetti (CIPAF) a acção de voluntariado distinguiu-se, nos últimos cinco anos, em três áreas prioritárias: o desenvolvimento comunitário; a educação/alfabetização/formação e o apoio à saúde.
Um pouco da história
Tudo começou em 1988. Nove jovens decidiram partir para São Tomé e Príncipe e para a Guiné-Bissau, onde ficaram em pequenas comunidades durante dois anos. Terá sido este o início do voluntariado missionário em Portugal, segundo o referido estudo. Hoje, passados 20 anos, já há mais de 50 grupos organizados que se dedicam ao voluntariado por motivação cristã. Neste tipo de acção, os voluntários oferecem, de forma gratuita, o seu tempo e as suas competências a populações desfavorecidas dos países em desenvolvimento, em especial os da África lusófona.
As motivações que levam ao voluntariado classificam-se “de carácter exterior” em que o indivíduo “se sente impelido e comprometido a actuar num mundo desigual e assimétrico” e as de carácter interior, em que o voluntário “se propõe pôr, ao serviço do outro, as suas competências e saberes profissionais e humanos na promoção integral da pessoa humana de forma gratuita em nome de Deus”, salienta o estudo.
Entre 2000 e 2005 partiram 232 voluntários em missão e, entre os anos de 2005-2010, “foram 701 os que se voluntariaram, sendo que a área da educação, alfabetização e formação quase duplicou o número de enviados”.
Muitos são os grupos de Jovens que partem para esta ou aquela zona, para este ou aquele centro de acolhimento, para este ou aquele serviço e aí, em mais tempo ou menos, fazem voluntariado. Não há números, mas sabe-se que são muitos, aqueles que investem um pouco de si, nesta ocupação os tempos livres ou as férias. As áreas de acção são diversas e os tempos são variáveis. Mas é vê-los, cheios de energia e alegria, a ir ao encontro das populações. Muitos, durante o ano, vão fazendo o seu “pé-de-meia” para poderem partilhar; outros, preparam programas de acção e organizam a ocupação dos tempos; todos, fazem uma caminhada interior que os leva a partir, a servir, a entregar-se aos outros. Por detrás deles, há famílias, comunidades, grupos ou institutos que os lançam nesta aventura de descobrir o outro, de crescer na comunhão, de olhar para mais longe e de conhecer novas realidades e novas pessoas, enriquecendo-as e enriquecendo-se com novas experiências de vida.
Também há aqueles que, depois de gastar a sua vida no campo de trabalho e agora têm um tempo disponível e o podem usar no serviço dos outros, se tornam voluntários ou colaboradores nas mais diversas situações: nos hospitais, nas missões populares, nos centros de dia ou lares. Além de uma ocupação saudável, tais pessoas, prestam um relevante serviço gratuito em favor do próximo e da comunidade.
O calendário diocesano prevê uma Missão em Ficalho e Sobral da Adiça, de 13 a 20 de Agosto, promovida pela Pastoral Juvenil da diocese. Tanto quanto se sabe, há reuniões de preparação e estão abertas as inscrições para os participantes nesta experiência missionária.
Santiago do Cacém, Abela, S. Bartolomeu e Santa Cruz vão receber o Grupo ONDJOYETU, da Diocese de Leiria, de 4 a 12 de Agosto. Este grupo, cujo nome quer dizer “a nossa casa”, é responsável pela pastoral missionária da sua diocese e tem uma frente missionária no Sumbe-Angola. As dioceses de Leiria e do Sumbe estão geminadas e colaboram entre si. Este grupo, todos os anos, tem um tempo de missão no nosso país e envia vários dos seus membros para a missão do Sumbe, incluindo um sacerdote, bem como bens de primeira necessidade.
Vale de Água e S. Domingos, a exemplo dos dois últimos anos, vão receber de 7 a 21 de Agosto a EQUIPA D’ ÁFRICA, da diocese de Lisboa. A Equipa d’ África nasceu em 1998, proveniente das Equipas de Jovens de Nossa Senhora. Desde então desenvolve projectos de cooperação social e pedagógica em Moçambique e, desde 2008, retomou os seus projectos em Portugal, com o objectivo central de melhorar as condições de vida das populações locais. O projecto surge da necessidade de oferecer uma alternativa ocupacional para a comunidade, particularmente para os jovens e idosos. Dirige-se também para uma mudança a nível social, com o intuito de envolver todos os agentes por ele abrangidos, em agentes activos.
Certamente que estão programadas outras acções missionárias, nesta ou naquela paróquia, mas que ainda não são conhecidas. Para se descobrir e saber melhor a realidade missionária que vivemos na nossa Diocese, julgo ser muito útil, dar a conhecer o que se faz entre nós. O apelo fica feito. Mas o que importa, independentemente da forma e da ocasião, é a alma missionária, a resposta pronta, o testemunho feliz de alguém marcado pela fé em Cristo Ressuscitado!
P. Agostinho Sousa – CDM/Beja