sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

“Cuidar das pessoas» é o objetivo
do Refeitório das Filhas da Caridade”

2016 - Ano Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar

A irmã Celeste Lopes, das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, é desde maio de 2005 o rosto do serviço aos mais frágeis e menos favorecidos da sociedade no Refeitório Beata Rosália Rendu acolhendo todos os credos e culturas.


“A este refeitório chegam pessoas de todas a raças, todas as cores, todas as religiões e fazem a refeição em média 35 a 40 pessoas. Depois há um grupo de famílias que apoiamos, cerca de 25 agregados com 33 crianças até aos 19 anos”, explica a religiosa na entrevista pulicada na mais recente edição do Semanário digital ECCLESIA.

Este serviço social surgiu para apoiar refugiados e migrantes sem documentos quando “acabaram as grandes obras da construção civil”, em 2005, contextualiza a irmã Celeste Lopes.

Um alerta geral dado a todas as províncias da Companhia das Filhas da Caridade para que se “adaptassem às novas pobrezas”, mesmo estando na génese desta congregação a assistência aos pobres.


O refeitório Beata Rosália Rendu, no Campo Grande, em Lisboa, surgiu de um acordo com o Serviço dos Jesuítas aos Refugiados – Portugal (JRS) e o então ACIME (Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas) há 11 anos.

“Eles (JRS) tinham a missão de acompanhar a nível jurídico, médico e as religiosas ficaram com uma das partes principais, a humana, assinala a irmã Celeste Lopes. “Muitas vezes eles chegavam aqui e pareciam tudo menos pessoas humanas porque a rua é a mãe de todos os vícios e eles metem-se em muitos vícios. Muitos conseguiram recuperar”, conta.

10 anos após a sua fundação, o refeitório Beata Rosália Rendu, em 2015, serviu 49.116 refeições, mais ou menos 150 por dia. Para além das refeições quem procura o refeitório das Vicentinas pode também fazer a higiene pessoal e lavar a roupa: “Eles enchem a máquina, tiram a roupa, estendem e cuidam dela. Eu apenas coloco a máquina a lavar”.

Portugueses, migrantes e refugiados de “diferentes culturas e religiões” são os utentes do refeitório e, a irmã Celeste Lopes, “se não vierem referenciados” como muçulmanos ou hindus, por exemplo, informa-se sobre os cuidados a ter com cada um. “A partir daí respeito sempre e tenho comida feita à parte para lhes servir”, afirma, tirando a carne de porco e a de vaca da ementa de muçulmanos e hindus, respetivamente.

O regulamento está afixado na parede do refeitório e o primeiro “dever” é «zelar pela tranquilidade e não criar conflitos» mas há sempre conflitos entre raças, religiões mas ali existe uma “civilização de irmãos”.

A Assembleia da República declarou 2016 como o Ano Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, e recomendou ao Governo 15 medidas.


Para a irmã Celeste Lopes “devia existir” uma sensibilização “muito grande” nas escolas, colégios, restauração, e, mesmo instituições do Estado, contra o desperdício e crítica quem não dá comida a quem precisa preferindo coloca-la no lixo obrigando “as pessoas a irem lá busca-la”. “É uma forma desumana, acho que é provocar a baixeza do ser humano”,acrescenta a religiosa das irmãs de São Vicente de Paulo.


Lisboa, 15 jan 2016 (Ecclesia) – CB/OC

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