8 de Dezembro: Dia Santo, dia Grande
1 – SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO
O dogma da Imaculada Conceição estabelece que Maria foi concebida sem mancha de pecado original e foi proclamado pelo Papa Pio IX, no dia 8 de Dezembro de 1854, na Bula Ineffabilis Deus, que diz: “Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, foi por singular graça e privilégio de Deus omnipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do género humano, preservada imune de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus, portanto, deve ser firme e constantemente crida por todos os fiéis” (DS 2803)
O título litúrgico da Imaculada Conceição que os católicos invocam, professa uma prerrogativa concedida unicamente a Nossa Senhora: Maria foi concebida sem a mancha do pecado original. O título expressa, portanto, que a mãe de Jesus é toda santa, a cheia de graça, desde o momento da sua concepção. A declaração dogmática não introduz, contudo, nenhuma novidade no património da fé da Igreja, mas ratifica de modo definitivo e solene uma verdade que estava presente na consciência da Igreja. O valor doutrinal desta festividade aparece na prece da celebração litúrgica, que sublinha o privilégio concedido à Mãe de Deus - “Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da Virgem preparaste ao teu Filho uma morada digna dele...”.
Em 1830 há registos da aparição de Nª Senhora a Sta Catarina Labouré, a quem mandou cunhar uma medalha com a efígie da Imaculada e as palavras: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós”. Esta medalha, difundida aos milhões em todo o mundo, suscitou grande devoção a Maria Imaculada, induzindo muitos bispos a solicitar ao Papa a definição do dogma, que já estava a ser vivido pelos fiéis desde há muitos séculos atrás. Quatro anos após a proclamação do dogma, tiveram lugar as aparições de Lourdes, consideradas pela Igreja como uma confirmação do mesmo. Maria ao falar no dialecto local, disse: “Que soy era Immaculada Councepciou” – “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Imaculada Conceição e Portugal: Em Portugal, o culto foi oficializado por D. João IV, primeiro rei da dinastia de Bragança, que foi aclamado quando se iniciava a festa de Imaculada Conceição. Nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646, declarou D. João IV que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal. Já no séc. XV o Rei D. Duarte fala desse título de Maria, desenvolvendo-se toda uma teologia que levou a que, no ano de 1646, D. João IV, depois da restauração de Portugal, deponha a coroa do Reino aos pés de Maria, em Vila Viçosa. (Ecclesia)
2 - O CONCÍLIO VATICANO II ENCERROU HÁ 50 ANOS
A Igreja Católica assinala hoje, dia 8 de Dezembro, os 50 anos do encerramento do II Concílio do Vaticano (1962-1965), acontecimento que marcou o catolicismo contemporâneo na sua identidade e na sua relação com a sociedade.
O professor José Eduardo Borges de Pinho, da UCP, no contexto dos 50 anos do Concílio Ecuménico Vaticano II assinala que há “dificuldade” em situar a Igreja face às suas orientações mas “indiscutivelmente” a vida eclesial tem presente esses “frutos”. “No dia-a-dia da nossa vida na Igreja estamos mergulhados em muitas coisas que são fruto do Concílio, nem damos propriamente conta disso”. Destacam-se a “celebração litúrgica”, a “importância fundamental” dos leigos ou a “colegialidade episcopal”.
Borges de Pinho frisa que “indiscutivelmente” há muitos aspetos da vida da Igreja que são concretizações desta assembleia, ainda que “muita gente não tenha uma consciência” disso. “Hoje a tarefa que temos não é mais fácil porque há problemas que se tornam mais percetíveis. Temos de ser criativos para nos perguntarmos o que é aquilo que Deus pede hoje como cristãos católicos na receção do concílio, na sua aplicabilidade prática”.
“Nem tudo o que na altura se sonhou já foi concretizado e sentimos que há limites, fragilidades da nossa própria vida eclesial que realmente poderiam e deveriam estar já superadas que não estão”. Neste contexto, o professor catedrático da Faculdade de Teologia recordou, por exemplo, a colegialidade episcopal que “foi um tema complicado”, a realidade dos cristãos leigos onde se deram passos “muito significativos, mas ainda muito pequenos” para o que pode e deve ser uma Igreja “verdadeiramente responsável no seu conjunto”. Destaca ainda que a palavra “diálogo” é um “elemento-chave” do Concílio Vaticano II, a começar pelo “acolhimento de Deus”. “Não há outra forma de anunciar o Evangelho senão numa atitude de diálogo”. (Ecclesia)
3 - JUBILEU DEDICADO À MISERICÓRDIA
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Em Março, o Papa Francisco decidiu proclamar um “jubileu extraordinário”, com início a 8 de Dezembro, centrado na “misericórdia de Deus”. “Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Senhor: ‘Sede misericordiosos como o Pai’.
Francisco explicou que a iniciativa nasceu da sua intenção de tornar “mais evidente” a missão da Igreja de ser “testemunha da misericórdia”. O Papa defendeu que “ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus” e que a Igreja “é a casa que acolhe todos e não recusa ninguém”. “As suas portas estão escancaradas para que todos os que são tocados pela graça possam encontrar a certeza do perdão. Quanto maior é o pecado, maior deve ser o amor que a Igreja manifesta aos que se convertem”.
É o 29.º jubileu na história da Igreja Católica, um Ano Santo extraordinário. “É um caminho que começa com uma conversão espiritual e temos de seguir por este caminho”.
A misericórdia é «a arquitrave que suporta a vida da Igreja». Por isso, deve ser reproposta «com novo entusiasmo e com renovada acção pastoral» à humanidade do nosso tempo. É desta consciência que nasce a iniciativa de celebrar o Ano santo da misericórdia: um «tempo extraordinário de graça» e de «regresso ao essencial», define-o Francisco na Bula de proclamaçãoMisericordiae vultus (Rosto de Misericórdia), entregue solenemente durante a celebração que teve lugar na tarde de 11 de Abril, na basílica de São Pedro.
«Chegou de novo para a Igreja o tempo de assumir o anúncio jubiloso do perdão», explica o bispo de Roma, reiterando que «a credibilidade da Igreja passa pela estrada do amor misericordioso e compassivo». A bula recorda que o jubileu terá início no dia 8 de Dezembro, dia em que se celebra a Solenidade da Imaculada Conceição e o 50º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, com a abertura da «porta da misericórdia» em São Pedro e, em seguida, nas basílicas papais e inclusive nas catedrais, santuários ou igrejas particulares espalhadas pelo mundo, como «sinal visível da comunhão da Igreja inteira».
O fio condutor e «lema» do Ano Santo - que termina a 20 de Novembro de 2016, dia da solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, “rosto vivo da misericórdia do Pai”- será a palavra do Senhor: «Misericordiosos como o Pai». Entre os sinais peculiares da experiência jubilar, a bula indica sobretudo a peregrinação, as obras de misericórdia corporais e espirituais, o sacramento da penitência e a indulgência. Além disso, serão enviados «missionários da misericórdia», chamados a pregar «missões ao povo». (Ecclesia)
“Neste Ano Jubilar, que a Igreja se faça eco da Palavra de Deus que ressoa, forte e convincente, como uma palavra e um gesto de perdão, apoio, ajuda, amor. Que ela nunca se canse de oferecer misericórdia e seja sempre paciente a confortar e a perdoar. Que a Igreja se faça voz de cada homem e mulher e repita com confiança e sem cessar ‘Lembra-te, Senhor, da tua misericórdia e do teu amor, pois eles existem desde sempre’ (Sl 25, 6) ” (n.º 25).
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