terça-feira, 30 de junho de 2015

Missão sempre e em todas as frentes

A Igreja é missionária. É esta a sua identidade, é esta a sua matriz; em todas as ocasiões e situações, em todos os lugares e em todos os tempos; pela dignidade e compromisso baptismais, em todos os corações. Para a Missão, não há férias, não há interregnos, pausas ou tempos mortos. Faz-se Missão em casa, na família, com o grupo de vizinhos e amigos, nas comunidades, mas também, ao longe e ao perto. O envio é sempre “um ir em nome de Alguém”, testemunhar Aquele em quem acreditamos, fazer do concreto da vida uma entrega e uma partilha constantes.
Neste dar e receber, neste testemunho de vida e de amor, é preciso criar espaço para a oração, para a reflexão e para a aprendizagem. Por essa razão, no tempo de férias e em outros tempos, há cursos, semanas de estudos, retiros e experiências de vida que ajudam a perceber melhor o que é a Missão e como cada um pode fazer melhor para se deixar penetrar cada vez mais pela força do Espírito Santo, protagonista da Missão. Deste modo, o nosso testemunho será cada vez mais credível e anunciador d’ Aquele que nos envia em missão: Jesus Cristo.



Nos meses de Julho, Agosto e Setembro, a nível nacional ou internacional, há vários encontros de cariz missionário. Uns, são mais específicos, orientados para quem está na linha da frente; outros, porém, estão abertos a todos. Sim, a todos.

1 - Dimensão missionária das Igrejas Locais (Roma, de 6 a 16 de Julho)
Organizado pelas Obras Missionárias Pontifícias, no próximo mês de Julho, em Roma, realiza-se o Encontro Internacional para Directores Nacionais e para Directores dos Secretariados Missionários Diocesanos, de Língua portuguesa. O nosso país estará representado pelo Director Nacional, P. António Lopes e por alguns directores diocesanos.
Para conhecimento de todos e para permanecermos em comunhão com aqueles que vão participar, junta-se o vasto programa reflexão e de aprendizagem:
Segunda, 06 – Acolhimento/Apresentação, Eucaristia. Terça, 07 - Apresentação da Equipa de trabalho (P. Ant. Lopes)A missão Ad gentes – do Vaticano II à Evangelii Gaudium (P. Ant. Fernandes);Cooperação Missionária (P. Vito Del Prete). Quarta, 08 - Eucaristia-Basílica de S. Pedro; A Espiritualidade Missionária (P. G. Roncero)A Pontifícia Obra da Propagação da Fé (P. R. Szmydki). Quinta, 09 - Missão e Diálogo num mundo multicultural e plurirreligioso (P. J. A. da Silva)Cooperação Missionária (P. V. Del Prete)Sexta, 10 - Interpelações actuais da Missão (P. Ant. Leite); A Pontifícia Obra da Infância Missionária (dr. Ssa J. Baptistine). Sábado, 11 - Peregrinação a Assis. Domingo, 12 - Visita às Catacumbas de S. Priscila e Eucaristia nas Catacumbas. Segunda, 13 - Visita à Congregação para a Evangelização dos Povos e as quatro Obras Missionárias; Os territórios da Missão (P. V. Del Prete); A Pontifícia Obra de S. Pedro Apóstolo (P. F. Domingues). Terça, 14 - Fundamentos Bíblicos da Missão (D. Ant. Couto); A Pontifícia Obra de Animação e Formação Missionária (P. V. Del Prete). Quarta, 15 - Dimensão missionária das Igrejas Locais (D. Ant. Couto); A figura do Director Diocesano (P. Ant. Lopes). Quinta, 16 - As Obras Missionárias Pontifícias (P. V. Del Prete); A vocação Missionária (Mgr. P. Rugambwa).Encerramento.

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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Ecologia integral

1. Cuidar do mundo e dos outros

No dia da sua entrada solene como sucessor do apóstolo Pedro, a 19 de Março de 2013, o Papa Francisco convidava-nos a guardar Cristo nas nossas vidas, para guardar os outros, para guardar a criação, à semelhança de S. José. Isto significa ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos, aprendendo a descobrir nele a beleza de uma irmã e a ternura de uma mãe, como se exprimia S. Francisco de Assis. Não admira que dedique agora uma encíclica a este tema, com o título do conhecido cântico do Santo de Assis, Louvado sejas.



Há muito anunciada e esperada, tornou-se pública no dia 18 de Junho, convidando os cristãos e todos os homens de boa vontade a cuidar da casa comum, que não é apenas a natureza, mas todas as relações da pessoa humana consigo, com os outros e com Deus, o Criador de tudo e de todos.
A isto o Papa apelida de ecologia integral. Quando falha uma das relações, tudo e todos sofrem, pois estamos a amputar os seres existentes de alguns dos seus membros, sejam eles a terra, o ambiente, os animais, ou o ser humano.

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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Laudato si”

Igreja Católica na linha da frente por uma “ecologia integral"
O Papa Francisco lançou hoje, 18 de Junho, a primeira Encíclica dedicada ao tema da ecologia, ‘Laudato si’, na qual propões a valorização do ser humano, da natureza, da fé e da cultura para superar a atual crise ambiental. Francisco pede “um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade” que consigam resistir ao “avanço do paradigma tecnocrático”.



“Uma ecologia integral requer abertura para categorias que transcendem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põem em contacto com a essência do ser humano”, escreve, no texto divulgado esta manhã pelo Vaticano. O Papa considera “inseparáveis” a preocupação com a natureza, a justiça para com os pobres, o compromisso social e a “paz interior”. “Uma ecologia integral é feita também de simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração, do egoísmo. Pelo contrário, o mundo do consumo exacerbado é, simultaneamente, o mundo que maltrata a vida em todas as suas formas”, desenvolve. O Papa Francisco descreve um mundo que vive em “pressa constante”, pelo que a ecologia integral exige tempo para “recuperar a harmonia serena com a criação” refletir sobre estilos de vida e “contemplar o Criador”.
Aos católicos, propõe uma espiritualidade ecológica e paixão pelo “cuidado do mundo”, assumindo a “vocação de guardiões da obra de Deus”. “Anualmente, desaparecem milhares de espécies vegetais e animais, que já não poderemos conhecer, que os nossos filhos não poderão ver, perdidas para sempre. A grande maioria delas extingue-se por razões que têm a ver com alguma atividade humana. (…) Não temos direito de o fazer”, avisa.

A Encíclica sai em defesa de todas as formas de vida, desde o ser humano aos “fungos, as algas, os vermes, os pequenos insetos, os répteis”, os micro-organismos ou o plâncton. Francisco realça a “complexidade da crise ecológica”, que exige o contributo das “diversas riquezas culturais dos povos, a arte e a poesia, a vida interior e a espiritualidade”. “Falta a consciência duma origem comum, duma recíproca pertença e dum futuro partilhado por todos”, analisa o Papa, para quem esta situação implica “longos processos de regeneração”.
O novo documento alerta que a cultura ecológica “não se pode reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais” para os problemas que vão surgindo à volta da “degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição”. A encíclica fala, por isso, em ecologia ambiental, económica, social e cultural, dando como modelo desta atitude São Francisco de Assis (1182-1226), o santo que inspirou o documento e a escolha do nome do Papa, após a eleição pontifícia.
“Se deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo, então as nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor ou de um mero explorador dos recursos naturais”, adverte. O pontífice propõe São Francisco como o “exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade”.


O Papa cita os seus predecessores, conferências episcopais (incluindo a portuguesa), bispos, teólogos da antiguidade e do presente, filósofos e escritores, incluindo Ali Al-Khawwas, figura do sufismo medieval no Egito que apresenta como “mestre espiritual”. Francisco dedica dois parágrafos à ação ecológica de Bartolomeu I, patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), e convida as religiões a “estabelecer diálogo entre si, visando o cuidado da natureza, a defesa dos pobres”.

Octávio do Carmo, Ecclesia

CARTA ENCÍCLICA

LAUDATO SI’

DO SANTO PADRE

FRANCISCO

SOBRE O CUIDADO 
DA CASA COMUM - AQUI - 


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Convivência na diversidade

1. Emigrantes e cidadania

No dia 7 de Junho realizou-se um referendo no Luxemburgo para saber a opinião dos luxemburgueses sobre vários assuntos, sendo um deles sobre os direitos políticos dos estrangeiros, que são cerca de 46% da população do Luxemburgo, sendo 16% portugueses. O resultado deste referendo exclui os estrangeiros do direito de voto, mesmo os provenientes de países da Comunidade Europeia. Tratando-se de um país da Comunidade Europeia, que tem como objetivo a livre circulação de pessoas e mercadorias, penso que foi um passo atrás na construção da Comunidade. A livre circulação, que se limite aos direitos de residência e trabalho, não é perfeita. Não pode haver cidadãos de primeira e de segunda.




Na última nota refletia sobre a língua como a nossa pátria. Mas não pode ser o único critério de cidadania, embora importante e fundamental. Os cidadãos comunitários, ao mudar do país de origem para outro da Comunidade, após um tempo de adaptação e integração, não devem continuar a ser considerados como estrangeiros, apenas como mão-de-obra, mas cidadãos de pleno direito, sendo um deles a escolha dos seus representantes no país onde trabalham e vivem. Em vários países da Comunidade já é possível exercer esse direito, desde que se esteja inscrito nos cadernos eleitorais desse país. Compreende-se a reação dos luxemburgueses, que estão na iminência de serem minoritários no seu próprio país, mas isso não justifica a decisão popular. Ainda bem que os seus governantes digam que irão respeitar esta decisão, mas tudo farão para, no futuro, tentarem mudá-la.

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quinta-feira, 4 de junho de 2015

A LÍNGUA É A NOSSA PÁTRIA

1. Português entre os emigrantes

Dentro de dias vamos celebrar mais um Dia de Portugal, das Comunidades e de Camões. Noutros tempos designava-se simplesmente Dia de Camões, o grande cantor da língua portuguesa. No contacto com os nossos emigrantes em países com idiomas muito diferentes do português compreendo bem o sentido e a força da expressão de outro nosso grande poeta, Fernando Pessoa: a língua é a nossa pátria.



Nos meus contactos com as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e com os seus agentes pastorais, padres, diáconos, catequistas e outros colaboradores noto a força da nossa língua para fomentar os laços da família e das comunidades. A transmissão dos afetos, da fé e dos valores familiares e cristãos é mais eficiente quando se faz na língua das origens da família. Embora as novas gerações já frequentem ou frequentaram as escolas dos países onde residem e para a conversação entre elas usem o idioma da escola, no entanto os valores e afetos têm uma expressão que não passa só por palavras nem por formulários, mesmo que sejam orações tradicionais. Quando nos zangamos ou exprimimos sentimentos de amizade, não é apenas a expressão do rosto que fala. Também surgem as palavras correspondentes que ouvimos e aprendemos no colo ou no berço. Daí a importância da aprendizagem da língua da nossa família, para crescermos e fortalecermos a nossa identidade. Quem não faz esta experiência pode acabar por viver inseguro, sem pátria.

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