quinta-feira, 16 de abril de 2015

Ano Santo da Misericórdia

 "Somos chamados a viver a misericórdia,
porque, primeiro, foi usada misericórdia para connosco"

Durante a celebração das Primeiras Vésperas do Domingo da Misericórdia, II Domingo de Páscoa, o Papa Francisco convocou oficialmente o Jubileu extraordinário da Misericórdia, a iniciar-se no próximo dia 8 de Dezembro, festa da Imaculada Conceição. Na bula Misericordiae Vultus ("O rosto da misericórdia"), o Santo Padre explica por que decidiu proclamar este Ano Santo e indica os passos para vivê-lo com fruto.


A data escolhida por Francisco para iniciar o Jubileu é significativa. Em primeiro lugar, aponta para a experiência de misericórdia vivida por Maria Santíssima. "Depois do pecado de Adão e Eva, Deus não quis deixar a humanidade sozinha e à mercê do mal. Por isso, pensou e quis Maria santa e imaculada no amor, para que Se tornasse a Mãe do Redentor do homem", disse o Papa. "Perante a gravidade do pecado, Deus responde com a plenitude do perdão. A misericórdia será sempre maior do que qualquer pecado, e ninguém pode colocar um limite ao amor de Deus que perdoa."

O dia 8 de Dezembro de 2015 também marca os 50 anos de encerramento do Concílio Vaticano II. O Papa Francisco assinalou este evento como "uma nova etapa na evangelização de sempre" e, citando São João XXIII e o Beato Paulo VI, ressaltou o primado da misericórdia na vida da Igreja.

"Olhar cheio de misericórdia"


Francisco também citou a doutrina perene de S. Tomás de Aquino, para quem "é próprio de Deus usar de misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a sua omnipotência" . Em seguida, expôs o significado do seu lema episcopal: Miserando atque eligendo.

Da autoria de São Beda, o Venerável, a frase faz referência à vocação do apóstolo São Mateus. "Ao passar diante do posto de cobrança de impostos, os olhos de Jesus fixaram-se nos de Mateus". Ao mesmo tempo em que penetrou o coração do discípulo com aquele "olhar cheio de misericórdia" (miserando), o Senhor "escolheu-o (eligendo), a ele pecador e publicano, para se tornar um dos Doze".

"Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso"
O Santo Padre estabeleceu como lema do Ano Santo a exortação de Jesus: "Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso" (Lc 6, 36), assinalando a virtude da misericórdia como um "critério para individuar quem são os seus verdadeiros filhos". "Somos chamados a viver a misericórdia, porque, primeiro, foi usada misericórdia para connosco", ensinou.

Ao indicar o caminho para praticar essa virtude, o Papa pediu aos fiéis que ficassem atentos à voz de Deus."O imperativo de Jesus é dirigido a quantos ouvem a sua voz. Portanto, para sermos capazes de misericórdia, devemos primeiro pôr-nos à escuta da Palavra de Deus. Isso significa recuperar o valor do silêncio, para meditar a Palavra que nos é dirigida".

Sua Santidade também pediu que se redescubram as obras de misericórdia. "É meu vivo desejo que o povo cristão reflicta, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporais e espirituais".

Obras de misericórdia
Comuns na catequese tradicional da Igreja, as obras de misericórdia corporais são seteDar de comer a quem tem fome; Dar de beber a quem tem sede; Vestir os nus; Dar pousada aos peregrinos; Assistir aos enfermos; Visitar os presos e Enterrar os mortos.

As obras de misericórdia espirituais também são sete:Dar bom conselho; Ensinar os ignorantes; Corrigir os que erram; Consolar os aflitos; Perdoar as injúrias; Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo e Rogar a Deus por vivos e defuntos.


O Papa Francisco também pediu que, no Ano Santo, se dê atenção especial ao sacramento da Confissão."Ponhamos novamente no centro o sacramento da Reconciliação, porque permite tocar sensivelmente a grandeza da misericórdia". Ele destacou a experiência daqueles que se aproximam do Sacramento da Penitência e "reencontram o caminho para voltar ao Senhor, viver um momento de intensa oração e redescobrir o sentido da sua vida".

Ao fim da sua carta apostólica, o Papa Francisco chamou à conversão todos os que se encontram afastados da Igreja. "O meu convite à conversão dirige-se, com insistência ainda maior, àquelas pessoas que estão longe da graça de Deus pela sua conduta de vida", disse. "A todos, crentes e afastados, possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do Reino de Deus já presente no meio de nós".


P. Agostinho Sousa, CM

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