A vila de Grândola, no passado sábado, tornou-se o centro da diocese de Beja ao tornar-se palco da 1ª Jornada Missionária Diocesana. “Todos, tudo e sempre em Missão” foi o lema que animou este encontro. O programa proposto estava orientado para todas as idades e a todas as pessoas. Oração, reflexão, encontro e descobertas foram os condimentos para a vivência desta Jornada.
Aos poucos, cedo começaram a chegar os primeiros participantes. O jardim central começou a ganhar mais vida, mais animação. Numa das extremidades, a Tuna Morenita dava as boas vindas e na outra, a azáfama dos escuteiros que montavam o ‘Acampamento da Missão’, davam sinais de um dia diferente. Até o ‘S. Pedro’ se associou a este acontecimento ao permitir um dia radiante depois de uma noite muito chuvosa.
A Igreja existe para evangelizar
À hora marcada, por grupos, e ao som de cânticos, encaminhamo-nos para os locais de trabalho e reflexão. Os adultos, no Cine-Teatro Granadeiro, após a apresentação por arciprestados e da palavra do Bispo, D. António Vitalino, acolheram a mensagem do Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias, P. António Lopes, SVD. Em linguagem simples e apoiada em imagem, este sacerdote começou por afirmar que, como baptizados, temos de estar “todos e sempre em Missão como Igreja missionária, terna, pobre e próxima das pessoas e que a Igreja existe para evangelizar, pois esta é a sua razão de ser, o seu horizonte e o seu objectivo”. Prosseguiu dizendo que “os destinatários do anúncio do Evangelho são todos os povos”, mas que há dificuldades de fora, mas também de dentro da Igreja “quando às vezes são fracos o fervor, a alegria, a coragem, a esperança no anunciar a todos a mensagem de Cristo e em ajudar os homens do nosso tempo a encontrá-lo”. O responsável pelas OMP disse ainda que “o decreto conciliar Ad gentes revela a missão como núcleo e identidade da própria Igreja, uma Igreja que existe para evangelizar (EN 14) e que deve identificar-se na e a partir da missão”.
“Colocar-se em estado de missão”
Apontou como horizonte “que cada comunidade assuma um novo estilo que a leve a colocar-se em estado de missão: tanto aqui como mais além, tanto nas saídas geográficas (regiões de missão) como nas saídas culturais e antropológicas (novos areópagos sociais e culturais)”, concluindo que a animação missionária tem de ser uma atitude viva e dinâmica na pastoral das Igrejas.
Á luz da Redemptor Missio de João Paulo II lembrou que “a missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade e dá-lhe novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece” (RM 2). A missão é sempre jovem e aposta na frescura, no vigor e no perfume do Evangelho. Depois, o P. Lopes apontou formas de fazer o caminho de descoberta desde o subir ao monte (transfigurar-se) e depois descer ao vale (para transfigurar). Passando o olhar pela mensagem para o Dia Mundial das Missões, disse que o santo Padre quer que “a dimensão missionária não fique esquecida ou marginalizada. Ela deve ficar inscrita no coração de cada homem e de cada mulher, mas também em todos os programas pastorais e formativos”. O Director da OMP terminou a sua reflexão lançando uma questão: “O que devemos fazer para que este desafio seja uma realidade na nossa diocese e nas nossas paróquias?”
Duas confissões de vida
Do programa para este grupo etário constava a partilha da experiência do jovem Isaías, voluntário missionário, durante 10 anos em Moçambique, bem como o testemunho do P. Zé Luzia, feito na primeira pessoa e também expresso no livro a que deu o título ‘Uma Igreja de todos e de Alguém’. O livro, apresentado num pequeno filme, não é apenas um relato ou descrição duma determinada realidade eclesial africana, mas vai mais longe: faz uma reflexão que pretende iluminar não só as suas virtualidades, como se transforma em convite a que outras Igreja locais, nomeadamente aquelas onde urge a nova evangelização, se deixem inspirar por tal realidade. Entre nós, esta obra constitui um oásis, num deserto onde praticamente não existem reflexões pastorais. Há um largo espaço de reflexão que vem ajudar a preencher.
Estas duas confissões de vida, feitas com alma e com paixão, tocaram a assembleia que aplaudiu longamente estes missionários, significando deste jeito o agradecimento pela partilha que fizeram e pelo dinamismo dão às suas vidas ao serviço da Missão.
Testemunho jovem
Os jovens, seguiram para o Salão Paroquial, e animados pelo Departamento da Pastoral Juvenil, com o P. Francisco Encarnação e a Irmã Natália, reflectiram sobre a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões e tiveram oportunidade de reviver as Jornadas Mundiais da Juventude, com o testemunho de quem participou neste evento. O jovem Isaías partilhou a sua experiência de missionário em Moçambique e ainda houve tempo para troca de vivências de férias missionárias.
Os Escuteiros e as crianças da catequese, com seus chefes e catequistas, fizeram a ocupação do Acampamento da Missão. Durante toda a manhã, e a partir da cruz, onde se podiam ler as palavras ‘Missão’-‘Todos’-‘Sempre’, deram a conhecer a quem passava, através da disposição das 4 tendas, dos sinais e das mensagens, dos jogos e dos contactos de rua que Deus ama a todos e quer salvar a todos.
Alimentar o corpo e o espírito
A hora do almoço chegou e abriram-se os farnéis. A Santa Casa ofereceu uma sopa quente e todos puderam saborear a variedade das ementas partilhadas. O jardim foi o espaço escolhido e, à volta da mesma mesa, deu-se um momento de convívio e de encontro de gerações.
O tempo corria e entrava-se num dos momentos fortes da Jornada. A Tenda da Oração/Adoração, aberta desde a manhã e com o Santíssimo Sacramento, foi lugar de encontro pessoal com a Eucaristia. Agora, por grupos etários, todos foram convidados a “estar com Ele, ao menos, meia hora”. O silêncio, a oração interior ou comunitária, o canto, ajudaram a que acontecesse o encontro com Ele.
Ao longo do dia, mais três Tendas, falaram da Missão: a da Caridade e da Partilha, a do Testemunho e Carisma (deram-se a conhecer 4 Congregações masculinas e 7 Institutos femininos) e a da Missão Popular e Infância Missionária. O Museu de Arte Sacra de Grândola, pela arte e pela história, também foi testemunho de vivência de fé e de missão, ao longo de séculos, nas gentes da Vila morena.
Caminhada missionária e Eucaristia
A caminhada missionária do jardim municipal até à Igreja matriz foi mais um acto de testemunho público de que a Missão está na rua e pode tocar todos os ambientes. À cruz do acampamento, ao terço missionário ao vivo (formado por escuteiros, vestidos com as cores que representam os 5 continentes), aos cartazes com os nomes dos 6 arciprestados, juntou-se a imagem da Senhora das Missões. Presidida pelo Bispo diocesano, esta manifestação missionária atravessou as ruas do coração da vila e, ao som de cânticos interpelativos, dirigiu-se para o lugar do grande Encontro, a Eucaristia.
A Igreja encheu-se e a celebração começou. Os cânticos, animados pelo coro paroquial, a Palavra proclamada e posteriormente partilhada na homilia do Presidente, os sinais levados no ofertório e o envio (uma pequena pedra com a frase ‘Jesus eu amo-te’, tornaram bem presente e visível o lema da diocese para este ano pastoral. A ‘Iluminados pela Palavra e alimentados com a Eucaristia’, poder-se-á acrescentar, para viver a Missão.
A Eucaristia foi o ponto alto da 1ª Jornada Missionária Diocesana. Tudo convergiu para ela e dela todos partiram em Missão.
Agradecimentos
Valeu a pena a aposta e o desafio. Responderam à proposta feita algumas centenas de pessoas, de vários pontos da diocese. Poderiam ser mais. Esta constatação quer dizer que ainda há muito a fazer, a trabalhar, a ir em Missão. Quem participou não ficou indiferente ao que se viveu em Grândola. ‘Todos e sempre’ em Missão, pois há muito caminho a fazer!
Sendo um dia cheio e em cheio, envolveu muita gente. Por isso, são merecedores de uma palavra de agradecimento os Padres Manuel António e José Manuel Valente, os Departamentos, Secretariados, Movimentos e Grupos diocesanos, os Religiosos e as Religiosas, os Agrupamentos 670 de Grândola e 722 de Santiago do Cacém, a Santa Casa da Misericórdia, a Câmara Municipal e toda a Comunidade Paroquial de Grândola.
Esta palavra estende-se aos que vieram de longe para partilharem connosco as suas vivências e experiências missionárias (P. António Lopes, P. Zé Luzia e Isaías), ao senhor Bispo, sacerdotes, diácono e religiosas e a todos os que, com a sua presença, alegria e espírito de missão tornaram possível e visível este momento de testemunho e de festa.
A Jornada acabou, mas a Missão continua. ‘Todos, tudo e sempre em Missão’ era o lema deste dia. Agora, para os participantes na Jornada como para toda a diocese tem que se tornar vida, testemunho, disponibilidade, serviço.
P. Agostinho Sousa,
CDM/Beja
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